parte.

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não quero ser a parte que te falta.

não quero ser o seu primeiro pensamento ao acordar, não quero ter que imaginar a minha vida sem a sua presença e não quero me arrepender de ter esquecido uma data importante.

não quero interromper meus sonhos, aliás... que sonhos?

não tem mais nada que me afete mais do que ser tarde demais.

tarde demais pra mim que desistiu de si, que não acorda de madrugada procurando uma ligação que nunca vai chegar.

não quero sentir amor, não quero sentir remorso ou qualquer sentimento que um dia pensei ser incapaz de sentir.

os deuses estão de plantão pela minha existência, apostando alto no meu retorno. em que a esperança é a necessidade e a necessidade é o tormento e o tormento é o entorno e o entorno é onde você está.

não quero!

não admito.

não pelejo.

pelejei.

maldita foi a hora em que me vi diante somente do meu próprio reflexo que desaparece a cada dia um pouco e de pouco em pouco se torna tão pouco que se não fosse nada ainda seria alguma coisa.

talvez um tratado, um pacto, uma promessa, um resguardo, um martírio, um atraso ou um relapso.

não quero!

não admito.

não fraquejo.

fraquejei.

lutei com a força que tinha e mais ainda com a que não tinha, encarei os trilhos do trem que carrega a minha história. abarrotado de tantos medos e tanta descrença que nem percebi que ele não saía mais do lugar há algum tempo.

não quero!

não admito.

não acredito.

acreditei.

como uma farsa, como um percalço, como um atalho de momentos importunos que se tornaram inesquecíveis dentro de um ser carente da própria vitalidade, com sabor amargo de um cigarro apagado eternamente tentado

a ser acendido novamente.

de mim, para ti.Onde histórias criam vida. Descubra agora