2- 𝐆𝐢𝐟𝐭𝐬

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𝐶𝑂𝑁𝑇𝐸́𝑀 𝐺𝐴𝑇𝐼𝐿𝐻𝑂𝑆
𝑐𝑜𝑛𝑡𝑒𝑢́𝑑𝑜 𝑠𝑒𝑛𝑠𝑖́𝑣𝑒𝑙

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06 de fevereiro de 2004

10:00 Am

Olho para o relogio de parede, um silêncio profundo toma conta desse maldito quarto branco, o cheiro de hospital me enjoa, nunca gostei de hospitais, meio irônico já que meu pai trabalhava aqui, levando em conta que toda a minha infância se passou aqui, quase sempre na ala de crianças com câncer, onde conheci uma das minhas melhores amigas, Marianne, doce, gentil, meiga e muito bonita.

Na época eu não entendia o porque ela estava ali, nos brincávamos todas as quintas, sábados e segundas, quando papai ia examina-la, ela mesmo naquelas situações sempre exibia um belo sorriso, quando recebi a notícia de sua morte chorei muito, não tive coragem de ir no seu enterro, era demais para mim, papai me trouxe a carta que Mary tinha escrito para mim, a qual guardo até hoje.

Meu pai...já era o quinto enfermeiro que entra nesse quarto para me lembrar da trágica morte do me amado pai, estou tão medicada que não sento os meus machucados, estou tão vazia, já chorei tanto que não existem mais lágrimas, estou consada fisicamente tanto quanto emocionante, abaixo de meus olhos estão profundas olheiras, um estado deplorável.

Mamãe foi cuidar dos preparativos para o funeral, mesmo tendo uma noite mal dormida, pois passou a noite na poltrona ao meu lado, ela está tão diferente, carinhosa diria, não consigo acreditar, a fixa ainda não caiu, mais cedo Lívia veio até o hospital, chorando me deu um abraço apertado, junto com minha avó materna Elisa, uma simpática senhora de cabelos curtos e grisalhos, e muito estilosa, sempre bem vestida, ela está cuidando de mim como fazia quando era menor.

Não consegui pregar os olhos a noite toda, pois passei chorando baixo, vovó trouxe café na cama para mim, omelete, pão fatiado, um mix de frutas com morango, abacaxi e kiwi, para beber um suco natural de laranja.

- Bom dia vovó, como a senhora está? - falo assim que a vejo com a bandeja em mãos -.

- Bom dia querida, estou bem e como está a minha netinha favorita? Gostou do café?. - diz a senhora com entusiasmo, sei que ela está triste, tentando amenizar a situação, atitude que me arranca um sorriso -.

- Parece delicioso vó, obrigada - disse assim que a mais velha colocou a bandeja em cima da cama -.

- Agora que a senhora está aqui me sinto melhor - falo antes de começar a comer o delicioso café que minha avó me preparou com carinho -.

- Sua mãe me ligou mais cedo contando do ocorrido, vim correndo quando soube que estava aqui - com os olhos marejados e a voz baixa, era palpável sua preocupação - me passou inúmeras possibilidades em mente, tive medo de te perder meu bem.

- Sinto muito pelo seu pai cicy. - então levantou-se e deixou um singelo beijo na testa, uma lágrima solitária escorreu pelo meu rosto conta minha vontade, mas segurei o choro, não queria que ela me visse nesse estado -.

- Eu fiquei com tanto medo vovó. - confesso assim que termino de comer, um bolo se forma em minha garganta, a sensação de enjoo e tontura retornam com brutalidade -.

Sem dizer mais nada, Elisa vem até mim e me abraçar, não me consegui me conter e desabei em seus braços, ficamos assim por longos minutos até alguém bater na porta, ou melhor, o Dr. Mark, um dos colegas de trabalho do papai.

Minha Cura | Jasper HaleOnde histórias criam vida. Descubra agora