ᵖʳᵒ́ˡᵒᵍᵒ

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𝙻𝚒𝚣𝚊 𝙼𝚎𝚢𝚎𝚛

Os ventos gélidos cortavam o meu rosto enquanto me movia com precisão militar ao lado de Bobby e da equipe Lioness. Meu olhar, usualmente impassível, carregava um fardo invisível naquele momento. A luz pálida da lua refletia nos óculos escuros que escondiam as marcas de experiências passadas. As lembranças da operação anterior pesavam sobre mim, uma sombra silenciosa que dançava entre a determinação e a insegurança.

Joe explicara os detalhes da operação, cada palavra uma instrução cortante no ar gélido. Suas palavras eram como um mapa, delineando o terreno perigoso à frente.

— Estamos lidando com um esconderijo bem fortificado — ela explicou mostrando o esconderijo no televisor — Os reféns são americanos, possíveis vítimas de tráfico humano. A missão é resgatá-los. Evitem confrontos diretos, mas estejam prontos para qualquer reviravolta. Liza, você lidera a entrada.

Minhas mãos, apesar de treinadas para lidar com armas e situações extremas, ainda buscavam calor nas luvas. Estava determinada, mas também havia um nó de incerteza apertando meu estômago.

— Ei, relaxa, estou com você — ele apertou minha mão delicadamente me passando confiança — Vai dar tudo certo, vamos sair dessa juntos, como sempre. E você vai pagar uma bebida para mim quando voltarmos — disse e eu não contive a risada

Seguimos o ranger metálico do helicóptero ecoando nossos pensamentos. A Sibéria, uma paisagem de gelo e segredos, aguardava nossa chegada como uma página em branco esperando para ser escrita pela tinta da ação.

O terreno gélido se tornou um campo de batalha quando a rampa do helicóptero baixou, revelando a paisagem congelada que escondia o esconderijo fortificado. A escuridão era rasgada pelos lampejos dos tiros e os gritos distantes dos reféns.

As instruções de Joe ecoaram enquanto eu avançava, a adrenalina entrelaçada com a determinação. Jack, Tex, Copos, Wendy e Bobby se moviam com precisão, cada um uma engrenagem afiada.

O tiroteio começou, a cacofonia de balas cortando o ar. Nosso avanço era uma dança entre o perigo e a estratégia. Meus passos eram calculados, cada movimento sincronizado com Jake, que seguia ao meu lado.

— À esquerda, Liza! — avisou e atiramos em sincronia

Nossa comunicação era quase telepática. Avançamos, nos protegendo atrás de destroços enquanto trocávamos tiros com os hostis. A neve sob nossos pés se tingia de vermelho enquanto a batalha se desdobrava.

Os reféns eram a nossa prioridade, suas vidas penduradas em um fio tênue. Nossos olhos se encontraram, um entendimento mútuo entre Jake e eu. Sem palavras, apenas a confiança que anos de parceria haviam forjado. Avançamos pelo fogo inimigo, cada passo nos aproximando dos reféns. A névoa da guerra obscurecia o caminho, mas a confiança entre nós era uma luz na escuridão. Jake e eu éramos uma dupla afiada, cortando através da adversidade com a precisão de uma lâmina. O destino dos reféns estava agora nas nossas mãos, e, acima de tudo, na aliança inquebrável entre Jake e eu.

O cenário congelado se transformou em um campo de caos quando, sem aviso, siberianos surgiram de todos os lados. O tiroteio era incessante, uma sinfonia de balas cortando o ar, e o terreno que antes parecia seguro tornou-se hostil.

— De onde surgiram esse tanto de gente de uma vez só? — disse Wendy pelo rádio

— Que ótimo, nós vamos morrer e para piorar estamos sozinhos, acho que a Joe foi tirar descanso — alertou a Bobby

— Oque? — gritei sem acreditar

Joe não havia previsto o número avassalador de oponentes. No meio do pandemônio, conseguimos extrair os reféns, mas a vitória era agridoce.

Jake, ao dar cobertura, foi atingido, e eu consegui atirar no miserável que caiu morto no chão. O corpo de Jake tombou uma sombra silenciosa em meio ao tumulto.

— Jake! —  Corri em sua direção, o coração martelando no peito.

— Liza, vai! Eu seguro eles aqui! — disse e eu olhei para ele sem acreditar

Uma disputa entre nós se desenrolou. Ele insistia para que eu fosse, para que a missão não fosse em vão. Hesitei, meus olhos encontrando os dele, cada segundo uma eternidade.

— Tá de brincadeira? Eu não posso deixar você! E eu não vou — disse autoritária, mas isso não convenceu nem um pouco

— Sai daqui, Eu cubro você

— Eu não posso ir sem você Jake, eu nunca me perdoria — meus olhos estão completamente marejados

— Sai daqui, por favor, Diga a Lana que eu a amo muito, você é muito especial para mim Liz e eu não posso permitir você morrer aqui. Vai embora, some daqui — ele gritou me fazendo assustar

Relutantemente, deixei Jake para trás, olhando para trás enquanto ele, com coragem inabalável, lutava contra a maré de inimigos. A explosão de um tiro cortou o ar, e meu coração congelou.

Perdemos contato com Joe, a comunicação rompida pela tempestade de balas. Fui puxada para o helicóptero, mas meu coração permaneceu com Jake, que se tornou um sacrifício em meio à batalha.

O corredor da base estava carregado com a atmosfera pesada da perda e do desespero. Cada passo ecoava como uma batida sombria enquanto eu, envolta em uma cortina de lágrimas, tentava compreender o incompreensível. A chegada de Joe e Kaitlyn foi como a entrada de uma tempestade.

— Parabéns a todos. A operação foi um sucesso. Todos os reféns estão seguros.
— A declaração de Kaitlyn parecia uma nota desafinada em meio ao lamento silencioso.

Meus olhos que antes eram janelas para o vazio, se inflamaram com uma raiva incontrolável. Olhei para Joe com um ódio profundo, minhas palavras cortando o ar como navalhas.

— Sucesso? Você chama isso de sucesso? — Joe, silenciosa, baixou os olhos, incapaz de encarar o fardo que carregava — Você abandonou metade da equipe lá, Joe. Nos deixou sozinhos

Kaitlyn tentou interromper, mas suas palavras eram como folhas levadas pelo vento diante da tempestade feita por mim

— Nós não podíamos saber... Não poderíamos fazer mais nada — Kaitlyn explicava, mas o ódio me consumia ainda mais — A informante da Joe, a enganou, ela avisou para os siberianos sobre nossa invasão

— Você confiou em uma informante qualquer para uma missão dessas? — olhei para minha chefe incrédula e gritei — Jake morreu por isso! Por sua causa — O silêncio na sala foi ensurdecedor, um eco de tragédia.

— Joe foi enganada, Liza, ela não tem culpa. Não poderíamos prever... Em uma guerra uns voltam e outros não, achei que já tinha aprendido isso fuzileira

— E porque não nos alertou de uma vez? Poderíamos ter saído e metade da sua equipe estaria aqui, vocês são responsáveis por cada vida naquela equipe — meu  desespero se transformou em raiva.

— Eu sinto muito, Liza — foi a única coisa que a Joe conseguiu dizer

— Eu não posso mais ficar aqui

A minha decisão , como um trovão, ressoou na sala. Os outros membros da Lioness assistiam, espantados, enquanto ela se afastava.

— Fuzileira, eu ainda não permiti que saíssem dessa sala — Kaitlyn diz com voz autoritária

— Para mim já deu, eu tô fora — respondi cheia de rancor em minhas  palavras antes de sair

Kaitlyn ordenou que eu ficasse, mas eu  simplesmente ignorei e partir, uma tormenta de emoções e dor. Suas últimas palavras ecoaram como um epitáfio para uma era que chegara ao fim.

𝐒𝐂𝐀𝐑𝐒 - Aɴᴛᴏ̂ɴɪᴏ DᴀᴡsᴏɴOnde histórias criam vida. Descubra agora