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Dᴏɪs ᴀɴᴏs ᴀᴛʀᴀ́s

Abaixada diante da lápide de Jack, o vento sussurrando suavemente pelas árvores, eu sentia o peso do meu coração. As flores frescas que trouxe eram um contraste doloroso com a frieza da pedra.

— Eu sinto tanto a sua falta. — Minha voz tremia enquanto lágrimas se misturavam com as palavras. — Às vezes, eu acho que deveria ter ficado, deveria ter trazido você para casa. Talvez as coisas teriam sido diferentes.

O silêncio do cemitério parecia ecoar minha própria dor. Eu continuava, incapaz de segurar a enxurrada de emoções que me inundavam.

— Eu sei que você me diria para seguir em frente, que não foi minha culpa. Mas, é impossível evitar. Às vezes, me sinto culpada por estar aqui, por ter deixado você lá.

Uma brisa mais forte agitou as folhas das árvores, como se o próprio ambiente compartilhasse da minha tristeza.

— A única coisa boa disso tudo é que te trouxemos para casa. Eu quis te dar um lugar digno, uma despedida que você como um fuzileiro incrível merecia.

Minha mão tocava suavemente a lápide, como se eu pudesse sentir a presença dele ali.

— O sofrimento da Lana partiu meu coração. E pensar que Liza não pôde te conhecer — Minha voz vacilou — Ela adoraria te ter como pai. Eu te prometo que vou estar lá por elas, eu vou fazer com que a nossa pequena saiba o fuzileiro incrível que você foi. Eu nunca vou deixá-las sozinhas, mesmo que eu esteja a alguns quilômetros de distância.

As lágrimas continuavam a cair, uma mistura de tristeza e alívio. Era um lamento silencioso, uma conversa que eu tinha comigo mesma, com ele, com o universo que parecia ter roubado alguém tão especial.

—Eu nunca vou esquecer o que fez por mim - seguro a dog tag que ele me deu

Me levantei, olhando mais uma vez para a lápide antes de me afastar.

Uᴍ ᴀɴᴏ ᴅᴇᴘᴏɪs

Faz três anos desde que eu me afastei da Lioness e da CIA. Durante esse período, eu me tornei uma sombra, uma presença silenciosa que vagava pelos corredores vazios da minha própria existência. O isolamento se tornou meu refúgio, e o mundo exterior, um território inexplorado que eu preferia evitar. A única ponte que me ligava à realidade era Lana. Quando contei a ela sobre a morte de Jake, testemunhei seu mundo desabar. A notícia era uma tempestade que ela não estava preparada para enfrentar, especialmente considerando a descoberta de que eles seriam pais. Meu coração se partiu mais uma vez ao saber que Jake não estaria lá para testemunhar o sonho que tanto desejava: ter uma filha.

O tempo, implacável, continuou seu curso. A descoberta de que seria uma menina trouxe uma luz tênue a esse túnel escuro de luto. Lana, em um gesto de amor e amizade, decidiu nomear a filha em homenagem a mim. Ser a madrinha da pequena Liza era uma honra que aceitei de coração aberto, um laço que transcendia os limites da tragédia. No entanto, minha própria jornada estava entrelaçada com o pesar. Durante esses anos, cuidei de Lana e da pequena Liza, cumprindo a promessa de ser a presença constante que Jake não poderia ser. Eu testemunhei os primeiros passos, as primeiras palavras e as noites sem dormir de uma mãe dedicada.

No entanto, o ciclo desse capítulo da minha vida se fechou quando Liza completou três anos. Me sentia compelida a recomeçar, deixar o luto para trás e enfrentar o mundo que deixei para trás.

𝐒𝐂𝐀𝐑𝐒 - Aɴᴛᴏ̂ɴɪᴏ DᴀᴡsᴏɴOnde histórias criam vida. Descubra agora