Capítulo 15

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Yeji parou em frente ao espelho, retirando cuidadosamente a maquiagem de seu rosto. Ela nem sequer queria ir àquela festa idiota, mas as meninas do time de líder de torcida a convenceram a ir. Assim que elas chegaram lá, Yeji ficou completamente abandonada. Não tendo ninguém para conversar, ela voltou para casa. Na chuva.

Ela bufou, passando seus pequenos dedos nas extremidades do balcão e baixando a cabeça para respirar fundo. Como se seu dia não pudesse ficar pior, ela ouviu passos pesados subindo as escadas. Yeji apagou a luz e pressionou as costas contra a porta do banheiro. Assim que os passos ficaram mais perto, ela praticamente pôde ouvir seu coração batendo contra o peito. Agora não. Não esta noite.

Os passos tinham parado do outro lado da porta e momentos depois a voz de seu tio surgiu a centímetros de distância de sua orelha.

- Onde você esteve?

Yeji estremeceu, fechando os olhos com força. Basta ficar quieta. Ele acabaria desistindo e iria descer. Infelizmente, ela não pôde evitar de fazer um ruído quando seu tio bateu a mão na porta.

- Yeji, onde você esteve? - Sua voz era baixa e intimidante. - Saia daqui. Agora.

Yeji apertou a mandíbula e virou-se lentamente para abrir a porta. Imediatamente, ela sentiu o cheiro de álcool na respiração do mais velho. Isso a fez sentir doente.

- Eu só estava-

- Não! - Ele a cortou, dando um passo para frente. Yeji recuou, mordendo o lábio quando suas costas ficaram contra a parede. Seus olhos corriam pelo corredor vazio, desesperados por algum tipo de escape.

- Você estava fugindo de novo? - Ele zombou, inclinando a cabeça para o lado. Yeji apenas permaneceu em silêncio. O silêncio era melhor do que qualquer coisa que ela poderia dizer. - Eu pensei que você tinha aprendido a lição na última vez. - Ele rosnou.

- Fala, menina! - Ele cutucou o ombro de Yeji com o dedo indicador. A menina respirou fundo e mordeu o lábio, evitando fazer contato visual. O ar cheirava álcool, auxiliando as lágrimas que já estavam começando a cair.

- O time queria que eu fosse a uma festa...- Yeji disse suavemente, mantendo a cabeça baixa. Ela fechou os olhos, desejando que pudesse fazer tudo isso desaparecer magicamente. Mas não era um filme. Esta era a vida real. Muito real, em sua opinião.

- Grande merda! - Ele cuspiu. Yeji respirou fundo quando o mais velho segurou seu queixo com a mão, forçando-a olhar em seus olhos.

Após alguns segundos de silêncio tenso, Yeji olhou para pequena mesa no corredor. Seus olhos pousaram em uma foto de sua tia Jinnah e ela, em uma de suas festas de aniversário. Por alguma razão, um pequeno sorriso se formou em seu rosto.

Ele diminuiu rapidamente, embora. No segundo que seu tio viu o que ela estava olhando, ele a empurrou de volta e jogou o porta retrato do outro lado do corredor, que colidiu com a parede, voando vidro para todo lado.

Sem pensar, Yeji correu para frente, ficando de joelhos e pegando a foto debaixo dos cacos. Ela gritou quando uma mão agarrou as costas de seu casaco, praticamente a puxando para ficar em pé. Yeji olhou suplicante pare seu tio.

- Me dá isso! - Ele cuspiu, tomando a foto das mãos da menina. Yeji choramingou, obrigando-se a ficar parada ao invés de brigar com ele por isso. Só iria acabar mal.

O mais velho virou a imagem, deixando o casaco de Yeji de lado. Ela rapidamente deu um passo para trás, sentindo o vidro triturar sob seu tênis desgastado.

- Você não merece ser comparada com ela. - Ele riu amargamente. Yeji lutou contra suas lágrimas ao vê-lo rasgar a foto ao meio, jogando o papel no chão e dando um passo em sua direção. - Deveria ter sido você! - Ele praticamente rosnou. Yeji sentiu a primeira lágrima escalar de sua linha d'água. Merda. Se ele a pegasse chorando, apenas iria prolongar o inevitável. Em pânico, ela rapidamente tentou fugir para seu quarto. Má ideia.

- 𝐁𝐋𝐔𝐄 : RYEJIOnde histórias criam vida. Descubra agora