Capítulo 6 Inácio

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Estou deitado na minha cama, fitando o telhado hoje faz exatamente 1 mês que fui aplaudido sendo o melhor, recebendo elogios e prêmios terrenos que eu achei ser o suficiente para mim.
Olho para o troféu encima da cômoda marrom de 5 gavetas que tenho no meu quarto ao lado do pequeno guarda roupa da mesma cor.
Vasculhando com os olhos, vejo ela do lado da minha cama, não posso esquecer que também a um mês essa cadeira passou a ser minhas pernas, aperto os olhos ao pensar nisso a um mês não sei oque é sair de casa não sei o que é dormi no estábulo cavalgar por aí... Estou lutando comigo mesmo para acreditar que é só uma fase e logo tudo esse pesadelo vai acabar.

Faço esforço com os braços e consigo alcançar a mesinha do lado da cama, abro a primeira gaveta e pego um porta retrato branco é de um rodeio mas não tenho ela por isso, mas sim porque a moça que tá sorridente abraçada comigo foi quem me deu de presente na época do natal a uns cinco anos atrás. Marta está radiante e seus cabelos longos estão soltos, ela usa meu chapéu como eu tinha ciúmes dele, ela foi lutando até conseguir me convenceu a dar pra ela, sempre foi assim, ela sempre consegue de mim tudo que ela quer, lembro que quando dei o chapéu a ela soltou gritinhos e fez uma dancinha como uma criança travessa, ali eu soube, era ela. Meu sorriso denuncia oque eu tava sentindo naquele dia, tinha ficado em segundo lugar e tinha sido uma importante competição, eu tava feliz demais, mas a felicidade se resumia porque quando recebi o troféu ela tava lá sorrindo e gritando meu nome, aquele dia algumas garotas viraram as costas querendo o meu companheiro que ganhou em primeiro, mas ela não, ela veio correndo e saltou em meus braços colocando sua pernas ao redor da minha cintura, eu sorrir e sair carregando ela no colo tendo a certeza que o maior prêmio tava comigo. Viemos embora juntos e a comemoração foi no estábulo assistindo filme e comendo brigadeiro e claro ela cuidando de alguns arranhões que ganhei mais cedo.
Acaricio a foto tocando a face dela, engulo seco e coloco de volta a gaveta, ali não é o lugar dela, mas desde o acidente não consigo vê-la, mas como antes.

Faz exatamente um mês que cortei minha relação com Marta, eu sei que ninguém me entende e talvez nem mesmo ela, mas meu coração me traiu e não consigo vê ela não quero que ela fique enfurnada dentro desse quarto comigo, conheço ela  e sei que é isso que quer fazer, achando que tem obrigação de cuidar de mim eu quero que ela continue sua vida normalmente alegre como sempre foi.

Ensaio às palavras todos os dias para quando for conversar com ela sobre essa decisão Jean falou que é uma pequena lesão na coluna não vou ficar paraplégico é só questão de me recuperar por inteiro. Talvez leve uns três meses que depende de mim, seu Carlos está me ajudando e conseguiu os melhores médicos fisioterapeutas para me ajudarem as vezes fico constrangido por ele estar gastando tanto dinheiro comigo, desde que meu pai faleceu ele  não tem deixado nus faltar nada, mas tamanha bondade dele comigo me constrange.

Ele me contou que Marta deseja cancelar sua festa de aniversário e sei que é por minha causa, eu não posso permitir isso mas eu não quero estar presente e vendo todos os olhares de pena para mim ou os julgamentos do pessoal da igreja dizendo que  estou pagando preço porque me afastei de Deus.

Encaro mais uma vez o teto e fecho os olhos lembrando do dia do hospital.

Jean acabaram de me dá a notícia que vou ficar sem sentir minhas pernas por alguns dias mas que aos poucos os movimentos vai retomando que é questão de duas a três semanas para sentir lás normalmente no entanto teve uma lesão na coluna e isso me impedirá de andar por um tempo ele jura ser passageiro mas não sei até que ponto posso confiar. Fico revoltado e desesperado, minha mãe tenta me acalmar mas tô irritado demais  só de pensar que posso ficar sem andar pra sempre se não fizer os tratamentos de forma adequada meu sangue ferve. Jogado naquela cama choro com raiva oque adianta ser campeão se não posso mais andar? Um grito fica preso em minha garganta.
Levarei esse troféu e o prêmio pra casa, mas não poderei comemorar, não era isso que planejava para esse dia.
Pra começar havia brigado com minha melhor amiga e não nus falamos antes do rodeio e isso foi uma tortura quando enfim vejo que ela veio e que torcia por mim, sofri esse maldito acidente, achei que não conseguiria mais falar com ela. Mas ela tava lá, ah, Marta. Não pensei duas vezes quando fui questionado sobre quem receberia o chapéu, lógico que era ela e se ela não tivesse ido não entregaria a ninguém. Dei a ela não só o chapéu, mas também meu coração. E quando nossos lábios se tocaram e ela retribuiu, eu tive certeza, deveria lutar por ela, tava disposto a conversar com meu patrão, enfrentaria o que fosse, eu preciso dela. Ela se afasta tímida e evita me olhar, vejo sua respiração ofegante, tá nervosa, toco sua mão para que ela se acalme e saiba que estou aqui com ela. Por ela.

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