É fim de tarde, a noite já dá sinais que está chegando e trazendo um friozinho gostoso, calço minhas botas cano alto estou de vestido rosa florido e um sobre tudo por cima quase não uso vestido, mas esse, era da minha mãe. Coloco meu chapéu e vou ao estábulo, temos uma vaca, mimosa, que vai parir a qualquer momento e é importante ficar observando.
-Oi mimosa, como se sente? Tá com frio, tá um pouco gelado não é mesmo? E seu bebê, aposto que será uma bezerra que será tão forte como você. - Liso sua cabeça e me acomodo do seu lado. -Não tenha medo eu tô aqui com você. Calma, calma querida não se agite hum? Tudo vai ficar bem. -Acendo uma fogueira e fico ali por mais um tempo ela tá estranha deve tá sentindo dores.
- Tá um pouco frio pra passar a noite em um lugar gelado como um estábulo, não?- Levanto as vista, Inácio se aproxima com um cobertor e coloca sobre minhas costas cobrindo meus braços, ele sorrir e se senta ao meu lado.
-Como nus velhos tempos ham? Nós dois aqui esperando uma vaca parir porque não conseguimos dormir sem antes ter certeza que tudo ficou bem.- Eu não pretendia demorar, só vim dar uma olhada, mas ela tá estranha.- Respondo sem lhe encarar.
- Acho que a hora tá chegando.
- É tão linda não é?
- É.... Sim, é muito linda. - Percebo pelo canto do olho que ele fala olhando em minha direção.Viro em sua direção e o pego no flagra me observando, mas ele não desfaça. Sinto minha pele queimar, devo estar vermelha como um tomate.
- Acho... Acho melhor eu ir. - Gaguejo.
- Fica. - Ele toca minha mão. - Por favor, eu durmo do outro lado se você quiser.
- Não é isso.... É que....Bom...-Engulo seco tirando uma mecha de cabelo da frente do rosto e coloco atrás da orelha. Inácio não para de me encarar com, com aqueles olhos que tanto me atrai.
- Qual é Marta? Não precisa fugir, eu não quero esse clima estranho entre nós, além do mais....
- Jaqueline tá lá em casa. - Disparo de uma vez.Ele arregala os olhos assustados.- Ela disse que queria um tempo para conversar com você e bom, acabou ficando tarde e eu acomodei no quarto de hóspedes.
- Uau. Bom... Por essa eu não esperava mas, eu não tenho nada para falar com ela eu só queria....
- Quer saber o que eu penso, Inácio?- Ele arregala os olhos e entendo que devo prosseguir. - Penso que vocês devem conversar, por que não é certo sair se beijando por aí sem assumir um compromisso, e pelo jeito ela realmente gosta de você e se você diz que mudou não deve sair beijando todo mundo por aí. - Não queria, mas minha voz saiu mais alta do que pretendia.
- Oquê? Não Marta, calma aí assim você me ofende. Primeiro eu não tô beijando todo mundo por aí, e segundo você viu que foi ela quem me beijou, e não eu, e terceiro eu não sinto nada por ela para assumir nada...
- Então esclareça a situação, Inácio, ela e nem ninguém merecem ser enganda e...
- Você tá com ciúmes? - Ele ergue uma sobrancelha.
- Oquê? Cla... Claro que não. - Sinto o coração errar as batidas e meu rosto corar. - Penso que ninguém deve ser enganado e ficar criando falsas esperanças, se não sente o mesmo que ela, deve conversar com ela.
- Marta. - Ele se aproxima segurando meu braço ,aperta os olhos e seus lábios formam uma linha. - Eu não engano ninguém, mas você tem razão se ela nutri sentimentos por mim eu devo conversar com ela e esclarecer que entre nós não existe e nunca existirá nada, você tem a minha palavra.- Ele solta um riso baixo e toca meu queixo e fala quase que como um sussurro.- Não precisa ficar corada.- Tiro sua mão de mim com um impulso desnecessário.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Filha Do Patrão
General FictionMarta está prestes a completar 18 anos, desde pequena mora na fazenda Araguaia no sul do país, perdeu a mãe quando ainda era criança e desde então vive ela, seu pai Carlos e muitos empregados e claro, seus queridos cavalos. Luiz, seu irmão mais velh...