eleven.

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📍Los Angeles, 22 de outubro de 2023.

Laura

Resolvo interromper o beijo com Gabriel ao perceber a agitação crescente dentro de mim. Decido encerrar o momento, consciente do ambiente do restaurante e da presença de crianças em algumas mesas. Olho para Gabriel e, com formalidade, tento esconder a empolgação, sabendo que minha ação provavelmente irritou Vincent, e que isso é um copo de suco fresco para mim.

Finalizo a refeição com uma última colherada no prato digno de um desafio gastronômico. Meu paladar, claramente em modo de emergência, clama por ajuda.

Sob a mesa, Gabriel suavemente envolve minhas mãos nas suas, iniciando um carinho reconfortante. Aparentemente, o "bad boy" revela seu lado mais suave, deixando-me surpresa com esse lado menos rebelde.

Gabriel sempre teve a fama de bad boy durão nas rachas, meio no estilo do Vincent Hacker, aquele cara sem coração. Costumava pegar as garotas só pela diversão, sem nenhum envolvimento emocional. Só que ultimamente, o jeito como ele me trata é totalmente diferente, sabe? Como se algo tivesse mudado no manual do bad boy. Que mistério.

Meu telefone vibra, e dou de cara com um post no Instagram anunciando que a banda RBD vai fazer um show em Los Angeles amanhã.Uma onda de nostalgia me atinge, recordando-me da novela em que me identificava profundamente como a própria Roberta Pardo. O desejo de reviver esses momentos, após quase 15 anos longe dos palcos, é genuíno. Porém, lamentavelmente, ainda aguardo o recebimento do meu último salário de quando eu trabalhava com Hacker. Provavelmente esse imbecil não irá colaborar, e com certeza não irá me pagar.

— o que aconteceu? — Gabriel me pergunta. Claramente deve ter percebido a minha frustração.

— a minha banda favorita vai fazer um show amanhã aqui — digo com um sorriso de orelha a orelha — porém não vou conseguir ir — digo com meu sorriso de orelha a orelha se desfazendo.

— motivos? — pergunta ainda fazendo carinho na minha mão com o seu polegar.

— primeiro motivo: os ingressos esgotaram — digo fazendo o número um na mão em que ele não está acariciando — segundo motivo: não tenho nem onde cair morta.

— entendo — diz soltando a minha mão — já que acabamos de comer, acho que já podemos ir.

Assenti em concordância com sua decisão. Ele assume o pagamento da conta, e confesso que me inquieta o valor, 125 dólares por uma refeição que mal merece ser chamada de comida. Realmente, os gostos dos ricos podem ser intrigantes. Deixamos o restaurante, dirigindo-nos ao carro, e ele dá a partida, iniciando nosso próximo destino.

Então, no meio do caminho, o Gabriel solta a notícia de que estamos indo direto pro shopping pra eu comprar tudo que eu preciso pra me mudar pra casa dele. Tipo, sério mesmo? A minha mente já começa a listar todas as coisas legais que eu quero pra deixar meu novo cantinho com a minha cara. Tô meio tipo "isso é real?" mas já tô toda animada planejando meu lar doce lar na casa do Gabriel.

Não tô afim de dar uma de abusada, então vou pegar leve e pegar só algumas roupas, uns sapatos, e claro, umas peças íntimas. Não quero parecer que tô indo pras compras do ano, né? Vamos manter a vibe equilibrada e o cartão de crédito de Gabriel no controle, por mais que ela seja rico, não quero que ele tenha uma má impressão de mim.

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