Capítulo Seis

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Alison Reed:

De madrugada, fui despertado pelo incessante toque do meu celular. Soltei um suspiro profundo ao pegar o aparelho. Naquele momento, lembrava-me vividamente de um sonho tão agradável, onde eu e o Miguel saíamos para um encontro romântico, seguido de uma noite encantadora de dança.

O som estridente do despertador contrastava com a suavidade do sonho. Ao segurar o celular, as lembranças do encontro fictício com Miguel ainda ecoavam em minha mente, despertando uma sensação de nostalgia. No devaneio, podia sentir a atmosfera romântica, a troca de olhares e a cumplicidade durante a dança.

Enquanto enfrentava a realidade da madrugada, as imagens do sonho persistiam, deixando-me com uma vontade sutil de prolongar aqueles momentos oníricos. A transição abrupta entre o mundo onírico e o despertar matutino era como uma dança delicada entre a fantasia e a realidade.

— Alô — murmurei ao atender a ligação.

— Me desculpe por ligar nessa hora, senhor Alison — reconheci a voz de um homem. — Estou ligando para falar sobre sua irmã.

Ao ouvir essas palavras, meu coração gelou. Vânia havia afirmado categoricamente que não queria mais saber de mim após sua prisão, chegando ao ponto de ameaçar minha vida na frente dos policiais que a haviam liberado. A lembrança dessas palavras ecoavam dolorosamente, revelando como ela havia se transformado em alguém que eu mal reconheci.

Com um nó na garganta, respirei fundo antes de responder:

— O que aconteceu com minha irmã? — minha voz traiu a ansiedade contida.

O homem do outro lado da linha explicou a situação delicada em que Vânia se encontrava. Cada palavra era como um soco, fazendo-me confrontar a realidade sombria que ela havia escolhido. Enquanto ouvia, um turbilhão de emoções se misturava, desde a preocupação genuína até a dor causada pelas lembranças de uma relação agora marcada pela tragédia.

— — Eu sou um dos funcionários responsáveis por sua irmã — disse ele do outro lado. — Ela conseguiu esconder muito bem a gravidez dela. Só descobri agora quando investigaram o médico responsável pelo caso dela e de várias outras pacientes que ele tratava, e o mesmo estava envolvido em casos de tráfico de bebês recém-nascidos. — Suspiro. — Ela demorou para me contar sobre isso, assim como os outros funcionários que não eram muito ligados a esse médico e à equipe dele. Só descobrimos agora, quando essa equipe está sob investigação, e parece que esconderam muito bem nesses meses todos, assim como ela fez. Ela já está com quase nove meses.

Meu coração acelerou novamente; não consegui ignorar que esse assunto era o karma de Vânia por tudo que ela fez nos últimos tempos, até quase complicando a vida de uma pessoa.

— Ela não quis dizer quem é o pai do bebê, mas falou para jogarmos em qualquer lugar da cidade, pois não dá a mínima — o homem do outro lado continuou. — Eu sei que isso não te envolve, pois ela disse que vocês se odeiam profundamente, mas é a vida de uma pessoa inocente.

O impacto das palavras reverberou em minha mente enquanto processava a notícia sobre Vânia e sua gravidez oculta. A revelação sinistra sobre o médico envolvido em tráfico de bebês acrescentou uma dimensão ainda mais sombria à situação.

— Ela demorou para contar, e agora está há quase nove meses de gravidez? — murmurei, tentando absorver a complexidade da situação.

A revelação de que Vânia se recusava a revelar o pai do bebê deixou-me perplexo, enquanto o homem do outro lado continuava a descrever a situação delicada que envolvia uma vida inocente prestes a nascer, mas marcada por circunstâncias sombrias e perigosas. Mas tinha uma pessoa que me veio à mente, meu ex-amigo cujo virou o último cúmplice dela em um plano louco.

Memórias Do seu Coração (MPreg) | Livro 1.5 - de amores perdidos e encontradosOnde histórias criam vida. Descubra agora