Capítulo Sete

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Miguel Martins:

Ao permanecer na sala de café durante toda a manhã, ouvindo os elogios sobre minha culinária, a situação se torna ainda mais constrangedora, especialmente quando Rosângela destaca o quão bem ela me ensinou. Isso cria um ambiente onde a gratidão se mistura com certo desconforto.

Alison me lançou alguns olhares divertidos, mas em alguns momentos, ele comeu em silêncio, auxiliando as crianças a se alimentarem. Isso me proporcionou uma sensação positiva ao observar os gêmeos gostando da companhia dele.

Ao perceber a interação dele com as crianças, experimentou uma mescla de sentimentos. Uma onda de gratidão surgiu, ao testemunhar a habilidade de Alison em ajudar as crianças durante a refeição, enquanto uma sutil sensação de conforto se instalou ao notar que os gêmeos apreciavam a presença dele. Surgiu também um toque de curiosidade, me levando a ponderar sobre a conexão que pode vir a surgir entre Alison e a minha família.

Balancei a cabeça terminando meu café em silêncio.

— Tio Eduardo, você poderia me ajudar com uma coisa? — Stefano perguntou para o meu pai.

Eu aguardei a resposta do meu pai, com o coração subindo pela garganta. Todas as vezes que Stefano vinha visitar, meu pai o auxiliava em diversos projetos desde o início, abrangendo uma variedade de temas. Desde o início, projetos que poderiam variar entre reparos na casa até empreendimentos mais complexos. Observando essa dinâmica, percebia a amizade sólida que se desenvolvia entre eles, fundamentada na disposição de ajudar e compartilhar habilidades.

A relação entre Stefano e meu pai não era apenas de parentesco; era uma conexão marcada pela colaboração mútua e pelo companheirismo, algo que ia além dos simples laços familiares. Cada visita de Stefano se tornava uma oportunidade para aprofundar essa parceria, criando memórias que fortaleciam ainda mais os vínculos familiares.

Naquele momento, enquanto Stefano aguardava a resposta de meu pai, pude perceber a expectativa pairando no ar. A sala estava impregnada com a história compartilhada por esses dois, marcada por projetos concluídos, desafios superados e, acima de tudo, uma camaradagem que transcendia as formalidades familiares.

— Eu iria adorar ajudar — meu pai disse.

O nó na minha garganta se desfez, levando-me a suspirar um pouco mais aliviado, um sentimento compartilhado pelos outros presentes. A disposição de meu pai para auxiliar trouxe um alívio palpável, criando uma atmosfera de colaboração e apoio entre eles. Mesmo sem recordar completamente quem era Stefano, meu pai ainda se prontificou a ajudar no que fosse preciso. Essa generosidade, apesar da falta de memória, destacava a natureza altruística e solidária dele, reforçando a ideia de que a disposição para ajudar transcendia as barreiras da lembrança.

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Depois do café, fui conferir algumas questões da empresa com Mark. Da janela do escritório, pude observar as crianças do lado de fora, se divertindo com Luigi. Em poucos minutos, Stefano se juntou a elas, entrando na brincadeira ao lado do meu pai. Essa cena despertou lembranças da minha própria infância, reavivando memórias nostálgicas que estavam adormecidas. A visão daquela cena tão familiar trouxe uma onda de nostalgia, e eu não pude deixar de sorrir ao ver as gerações se entrelaçando nas mesmas brincadeiras que um dia foram minhas.

— Seu pai parece estar se divertindo bastante com as crianças. Quero dizer, está diferente do que aconteceu ontem — disse Mark, enquanto me estendia alguns papéis.

A observação de Mark, acompanhada da entrega dos documentos, destacou a mudança de comportamento de meu pai em relação ao dia anterior. A cena atual, repleta de alegria e interação com as crianças, contrastava com o que aconteceu recentemente, suscitando uma reflexão sobre os altos e baixos da jornada familiar.

Memórias Do seu Coração (MPreg) | Livro 1.5 - de amores perdidos e encontradosOnde histórias criam vida. Descubra agora