Eu acordei por volta das sete e meia da manhã. Esther ainda dormia embaixo de mim.
Me levantei e beijei sua testa. Ela dormia pesado, pelo menos é o que parecia, ou ela estava tendo outro pesadelo.Eu não acordei ela. Fui até a cozinha e peguei uma maçã para comer.
Depois eu fui lá para cima e peguei as minhas coisas fazendo o mínimo de barulho o possível e beijei a cabecinha de Alice.
Troquei de roupa no banheiro e desci.
Passei pela porta deixando ela apenas encostada, sem deixar bilhetes.
Eu amarrei as malas na moto. O clima era frio, mas não chovia, o céu estava apenas escuro.
Eu não queria enfrentar aquilo tão rápido, mas não podia me lamentar ao lado dela fazendo ela sofrer com a minha dor.
Eu não fui direto para casa, fiquei rondando a estrada sem rumo, indo e voltando para a entrada da floresta.
Depois de uma hora, decidi acelerar e ir para casa. Continuar andando sem rumo e chorando não a traria de volta, me lamentar infelizmente não a traria de volta.
A casa ainda estava igual. Era pequena, tinha apenas dois quartos, um banheiro, uma cozinha pequena e a sala minúscula, se você ficasse nela, conseguiria ver a casa toda.
Respirei fundo e bati na porta.
- Oi..filho. - Ele estava tonto. Ele tinha bebido, de novo.
- Pai, o senhor bebeu de novo?
- E o que tem? - Ele cambaleava para dentro.
Meus olhos encheram de lágrimas.
- Você prometeu para mim e para a mãe que nunca mais faria isso...
- Mais ela não está mais aqui! - Ele me interrompeu.
Eu não aguentei e comecei a chorar. Tentei enxugar os olhos e comecei a pegar as garrafas fazias da mesa da sala.
Ele tinha bebido muito!
Ele disse que nunca mais teríamos problemas com bebida quando a minha mãe ficou doente. Ele disse que nunca mais chegaria tarde e tonto em casa. Ele prometeu para nós. A sua promessa era só para ela, então?Eu peguei uma garrafa cheia e despejei na pia.
A casa era tão pequena que dava para ver a cozinha da sala, dava para chegar nela em menos de seis passos.- Tira a mão daí, garoto! - Ele gritou e apertou o meu braço forte de mais.
- Pai, me solta. - Eu tentava manter a minha voz firme.
A quanto tempo ele não me batia! A quanto tempo ele estava bem com esse vício!
- Você acha que dinheiro é brincadeira, garoto? - Ele cuspia na minha cara, gritando.
- Pai, me solta. Eu não quero machucar o senhor. - Eu tentei fazer ele me ouvir.
Eu não queria machucar ele. Eu nunca tive tamanho e nem idade para enfrentar ele, então só engolia o choro e esperava ele descontar os jogos que ele apostava bêbado em mim enquanto a minha mãe brigava com ele, até batia nele, me defendendo até ele parar.
- O que você veio fazer aqui depois desse tempo todo? Você ficou namorando enquanto a sua mãe morria na cama! Você foi um inútil! Eu cuidei dela esse tempo todo! - Ele apertava ainda mais forte.
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Livro 1: Os Desejos Mais Sombrios De Uma Alma
Misterio / SuspensoEsther, uma garota de 16 anos mora com a sua irmã mais nova, Alice de 8 anos e a sua mãe, Fernanda. Após sete anos da morte de seu pai, sua mãe decide mudar para uma cidadezinha para conseguir trabalhar um pouco menos e passar tempo com as filha...