* Não vá... *

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     Não sei quanto tempo se passou, mas nós dormimos e Alice estava no outro sofá com sua coberta dormindo.

      Olhei o relógio e eram meia noite e meia.

       Tentei me espreguiçar  com cuidado para ele não acordar, mas não adiantou.

    Ele levou um susto e voltou a fechar os olhos.

- São quantas horas?

- Meia noite e meia.

    Ele se sentou no sofá de vagar.

- Eu preciso ir embora.

- Você tem que ficar, você não pode ir. - Implorei.

      Ele sorriu.

- Desculpe-me desobedecer a sua ordem, vossa alteza - Ele abusava da ironia. - , mas meu pai está me esperando. - Ele voltou a falar sério.

- Esperando para te bater? Por favor, fique.

    Ele segurou a minha mão.

- Prometo que volto amanhã assim que o meu pai for trabalhar.

-  Deixe-me adivinhar, ir quando ele sair e voltar antes dele chegar?

     Ele balançou a cabeça olhando para baixo.

- Você não pode ficar em casa com um bêbado!

      Ele beijou a minha testa.

- Ele já deve está dormindo.

        Eu sabia que não conseguiria fazer ele mudar de ideia, então seria melhor ajudar ele.

- Então deixe eu ajudar. Quanto você precisa para as compras? Uns seiscentos? Mais, talvez?

    Ele me olhou espantado.

- Anda fazendo o que de errado para ter todo esse dinheiro?

      Nós rimos.

- Não precisa meu amor. Eu vou dar um jeito, eu prometo. - Ele segurou a minha mão.

- Não. Me deixe ajudar. Se não for com dinheiro, que seja com comida.


- Eu já disse que não precisa. - Ele acariciou meu cabelo. - Você já me ajuda muito sendo você. As vezes penso que você nem é real.

    Eu beijei seu lábios cortados e ele tremeu novamente.

- Desculpa.

- Pare de pedir desculpas. Eu adoro o seu toque. Adoro tudo em você. Relaxe. - Ele deitou a cabeça no meu ombro.

         Uma luz vermelha piscou na sala muito rápido.

- Você conseguiu ver isso? - Perguntei em desespero.

      Ele  olhou para trás.

- Vi. Parece que não estamos sozinhos. -  Ele voltou a atenção para mim. - Acho que é melhor você não ficar aqui sozinha.

- Eu não tenho para onde ir.

- Mas você não pode ficar aqui. Eu duvido que nada tenha acontecido enquanto eu  estava fora daqui.

    Uma tensão percorreu nossos corpos.

- Não deve ser nada.

      Ele parecia irritado.

- Como nada? Não dê sorte ao azar!

- É exatamente o que você está fazendo voltando para casa.

Livro 1: Os Desejos Mais Sombrios De Uma Alma Onde histórias criam vida. Descubra agora