Tempo

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Eu ganhei a bolada... Mas quem se importa sinceramente...

Eu tô em pânico, o Rohan tá aqui e ele parece ter um trunfo...

Rohan Nanase é meu primo... E ex noivo, eu desfiz o nosso compromisso com dezoito anos por achar muito nojento quando ele tentou me agarrar.
Era um casamento puramente de interesse.

— Eu sinto muito, meus queridos... Mas como pais da Rikari, sentimos em dizer que você não tem a nossa benção pra se casar com esse homem — minha mãe diz com uma expressão puramente fúnebre.

Ele tem um trunfo.

— Filho da... — a mão de Toji alcança a minha perna por baixo da mesa.

🔪 - aqui não é lugar.

APRENDE RÁPIDO NÉ?

— Eu fui alertado sobre o passado do seu noivo... — Rohan começa a falar e eu já sinto o arrepio, sabia o que viria pela frente — Fui verificar e... Céus, nunca pensei que você iria tão baixo.

Ele sorri, o rosto contorcido de triunfo, como se tivesse descoberto grande coisa.

Mas nesse momento, eu peço que você visualize um fio, como a linha translúcida de uma aranha, esse fio estava folgado antes... E agora está começando a ficar tenso.

— O que você tem a ver com isso? — a minha voz prossegue firme, eu não conseguia desfocar meus olhos âmbar dourados da cara dele.

Esse homem magricela, sem poder ou capacidade especial, duas pessoas que sempre me trataram como uma boneca descerebrada, ambos sorrindo como se tivessem encontrado algo pra me encurralar.

O fio só tá mais tenso... Ninguém quer ver ele arrebentando...

— A minha preocupação é que, recentemente, você modificou seu testamento, minha querida — a voz dele era como se eu fosse uma incapaz

Meu olhar correu pra expressão de Toji, ele pareceu genuinamente confuso.

Faz um pouco de tempo que eu alterei o meu testamento, e realmente foi por culpa do Toji... Eu tornei o Megumi o meu beneficiário direto, excluindo parentes de qualquer grau incluindo meus pais.

Na época eu nem sabia do problema do Toji com apostas, e ainda assim era claro que ele gostava muito do filho mas tinha um descontrole financeiro... Além de um trabalho problemático.
Eu me afeiçoei com o menino, eu queria que ele tivesse uma boa vida independente que eu não estivesse aqui pra garantir isso. Inclusive deixei uma aluna querida minha pra supervisionar tudo.

— Este homem tem caráter questionável, ficamos sabendo que ele não é nada confiável, minha filha! — a minha digníssima mãe se indigna, balançando suas mãos — ele está te manipulando.

Depois disso eu ouvi mais ofensas... Não pra mim, mas pro Toji...

Esses eram mesmo os meus pais? Quem se importa... Eles queriam um neto antes que eu morresse... Mas eles aceitam tão fácil a minha morte né... Era como se esperassem por isso, me fazendo deixar um neto para que eles criem do jeito deles depois, fazendo uma versão acertada minha.

Mas os olhos do Toji quando meu ex noivo citou os Zenin... Eu nunca tinha visto os lábios de Toji tremerem assim... Ele fez força pra não chorar...

Quem eles pensam que são?

O fio se rompeu, chegou ao limite. Nessa merda eu perdi a paciência. Os meus olhos ficaram iluminados por um brilho dourado perigoso que fez com que ficassem calados e a temperatura do lugar subiu, era como se o sol estivesse mais perto daqui.

— Eu não sou mais obrigada a ouvir isso, está bem... Acho que sou uma adulta... A bastante tempo inclusive — Dei um murro na mesa... Sangue pingando na toalha branca... Merda de restrição terrena, xinguei baixinho, ficando de pé.

Fui até Toji e o olhei, ele parecia tão congelado que levou segundos para levantar, mas ele agarrou meu braço e me tirou dali... Ele percebeu que eu estava quase cega de raiva. Meu corpo tremia e a minha pele estava muito mais quente do que deveria.
A minha mente era uma espiral de calor infernal e brilho cegante, a minha respiração era rasa e o chão parecia um  lamaçal, agarrando meus passos, me fazendo afundar...

— Kari — a voz áspera dele me chamou de volta, tão grosseira quanto suas mãos... A textura me trouxe de volta ao mundo.

Sentia seus dedos limpando o suor e o sangue do meu réu rosto, o rosto de Toji estava pálido, suado e os olhos pareciam aterrorizados... Como alguém que revive um momento horrível.

— Me desculpa — Foi só o que eu consegui dizer antes de abraçar ele. A temperatura desceu tão repentinamente quanto subiu.

Ele me apertou, tanto que poderia quebrar meus ossos, mas ele foi tão cuidadoso que parou nesse limiar entre o dolorido e apenas me fazer sentir a pura segurança.

— Tá tudo bem, garota — ele parecia aliviado.

— Vamos... Pra casa... Eu posso ligar pra Nana e dizer que não vamos aparecer na escola hoje — digo isso enquanto Toji afaga meus cabelos.

— Pode ser — sou erguida por seus braços.

No carro a gente não demorou pra chegar na estrada, porém... Tinha um carro seguindo a gente, buzinando, meu celular estava ardendo de tantas mensagens que chegavam... Todas dos meus pais e do estorvo.

—Senhorita? — meu motorista perguntou desesperado sobre o que fazer.

— Eu resolvo isso, Kari —Toji diz, mas eu seguro sua mão, apertando delicadamente seus dedos grandes.

— Pode acelerar... — minha voz era suave... Muito mais perigosa do que qualquer grito.

Aquele fio não estava mais inteiro, ele agora pendia, balançando com o vento.

Meus olhos ficaram dourados novamente, enquanto o carro acelerava em seu máximo, eu concentrava a minha energias amaldiçoada em um crime...

Dizem que todo feiticeiro de nível especial é mais parecido com uma maldição do que ele mesmo imagina.

— Taiyō no henkō — a deflexão solar, foi o suficiente... Bem diante de uma câmera de monitoramento... O carro capotou...

E explodiu.

— Por favor, Toji — Digo me virando pra ele, fria — Ligue para a emergência... Mas vamos voltar pra casa...

Isso foi o suficiente, eu tive um mal súbito... Desmaiando, era como estar de repente submersa em água muito gelada.

Para alguém como eu... Isso é um verdadeiro pesadelo.

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⏰ Última atualização: Nov 27, 2023 ⏰

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A Princesa e o Assassino - Toji Fushiguro Onde histórias criam vida. Descubra agora