𝗗𝗘𝗭𝗢𝗜𝗧𝗢: Promessas

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- Você não me falou como foi a detenção - disse Louis, enquanto tomavam café da manhã no dia seguinte. - O que ela mandou vocês fazerem?

S/n sentiu o dorso da mão latejar, revivendo os cortes da noite anterior.

- Ela nos mandou escrever algumas coisas.

A torta de abóbora em seu prato estava menos atrativa do que costumava ser, a garota fez uma careta e brincou com a comida.

- Então não deve ter sido tão ruim - concluiu Louis.

O vermelho em sua mão dizia o contrário, mas ela resolveu manter segredo.

- Os professores deram algum dever de casa?

- Só ler algumas páginas do livro, as quais eu certamente não li e nem anotei, eles ficaram muito ocupados falando sobre os N.O.M.s.

- Certo, obrigada.

Seu olhar desviou para o prato novamente, em que ela cortava a torta em pequenos pedaços, porém sem comer nenhum.

- Você precisa comer - lembrou o garoto à sua frente.

- Estou sem fome.

- S/a.

- Hum?

- Onde você esteve anteontem?

Subitamente, a garota parou de brincar com a comida.

- Não quero falar sobre isso.

Apesar de querer insistir, Louis não o fez, optou por não teimar temendo que as coisas piorassem.

- Coma pelo menos um pouco, por mim.

S/n revirou os olhos e enfiou um pedaço da torta na boca. Parecia ter perdido o gosto, a torta que tanto comera por anos de repente parecia estar sem sabor, como um desenho em preto e branco.

- Está bom assim?

- Mais um pouco.

Era como se algo estivesse em sua garganta obstruindo a passagem da comida e dificultando sua transição. Seu limite foi mais dois pedaços.

- Já chega - falou levantando-se e conferindo o relógio de pulso. - Vou passar na biblioteca antes da primeira aula, vai ser o que mesmo?

Dando-se por vencido de que não conseguiria fazer a amiga comer mais, Louis respondeu à pergunta:

- Feitiços - um tédio envolvia sua voz ao pronunciar determinada palavra.

- Certo, te encontrarei lá.

Não deu tempo nem de Louis respondê-la por conta de tamanha velocidade a qual S/n saiu do Salão Principal. Apressando o passo a cada movimento, ainda faltava quinze minutos para aula começar, daria tempo de pegar seu livro.

Há um tempo já estava de olho naquele livro em específico e temia que outra pessoa o pegasse.

Quase não havia alunos pelos corredores, provavelmente porque a maioria estaria lanchando, o que se tornara uma dificuldade para a garota realizar diariamente.

Agradeceu mentalmente pela biblioteca já estar aberta, e assim que entrou, uma sensação de conforto inundou seu corpo, relaxando sua mente. De fato, o psicológico é tão complexo que um simples estabelecimentos pode fazê-lo sentir-se no céu ou no inferno.

Navegando pelas estantes em busca da prateleira certa, S/n chocou seu corpo contra o de outra pessoa, fazendo livros caírem de seus braços.

Ambas exclamaram um pedido de perdão enquanto se agachavam para juntar os livros caídos, no mesmo instante, notou a presença do livro que tanto queria ali.

𝘾𝙀𝘿𝙍𝙄𝘾'𝙎 𝙎𝙄𝙎𝙏𝙀𝙍 - 𝐻𝑎𝑟𝑟𝑦 𝑃𝑜𝑡𝑡𝑒𝑟  Onde histórias criam vida. Descubra agora