𝗖𝗔𝗧𝗢𝗥𝗭𝗘: Vazio

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⚠️: Conteúdo sensível, pode haver gatilho para algumas pessoas.

# ◊ ღ ⑅ 彡 ༻ ~

Não era possível identificar quando era dia e quando era noite, pois as janelas ficavam fechadas o dia inteiro, parecia que um vampiro habitava o local. Talvez fosse nisso que S/n tivesse se transformado. Havia grandes olheiras embaixo de seu olhos, a palidez tomava conta de si e era raro vê-la comendo algo. Seus pais estavam ocupados demais lamentando a perda do falecido filho, o que deixou S/n aliviada no início, assim não entrariam em seu quarto toda hora perguntando se ela estava bem e lembrando-a que ainda tem uma vida, e que ela certamente não seria em seu quarto.

Ainda em junho, houve um velório para Cedric, apenas os familiares mais próximos foram convidados. Entretanto, S/n não conseguiu ficar por muito tempo no local, as pessoas pareciam lhe incomodar com os seus "sinto muito" ou quando se referiam ao irmão no passado, como: "ele era uma pessoa tão boa", sem contar que vê-lo num caixão, totalmente branco pela falta de sangue circulando em seu corpo e pelo fato dele não respirar mais, a deixavam mais desconfortável. A garota sabia que devia homenagear o irmão, mas era algo extremamente difícil de se encarar. De acordo com a cultura bruxa, o velório ocorria dentro da casa do falecido, no maior aposento, sendo a sala o mais comum, e durante aquela longa noite, a sala foi o lugar em que S/n menos esteve.

Durante as férias, cartas foi o que a garota mais recebeu, grande maioria se resumia a consolos de amigos e amigos de Cedric. Ela chorou em cada uma, mas não respondeu quase nenhuma. Cada palavra de cada carta parecia outra faca perfurando seu coração, causando uma dor forte e profunda, sendo incomparável com qualquer outra que a garota já sentira.

S/n não se recordava da última vez em que suas roupas de cama foram trocadas, o colchão já se tornara seu cantinho do dia inteiro e poucas vezes saía dele, sentia-se extremamente cansada só de ter que levantar para receber uma coruja com mais uma carta a qual ela não responderia. Simba era seu companheiro, raramente deixava sua dona sozinha, gostava de dormir com ela e distraí-la pedindo por carinho ou querendo brincar com um fio de linha qualquer. Simba era esperto.

Ela já perdera a conta de quantas vezes passara noites devorando histórias, muitas vezes trocava o dia pela noite sem nem perceber, excluindo seus momentos de sono, tal rotina que ela reconhecia não ser saudável, porém muito melhor do que dormir e ter pesadelos. Pesadelos do dia vinte e quatro. Pesadelos com a Morte.

A lufana também não trancava a porta do quarto, seria inútil quando seus pais também eram bruxos e poderiam muito bem realizar um feitiço para abrir a porta, ao contrário dela, que não poderia por ser menor de idade. Entretanto, eles eram muito respeitosos, sempre batiam na porta e esperavam a autorização da filha, a qual não via muita escolha, apesar de gostar de ficar sozinha.

- Simba vai passar fome desse jeito - a mãe preferiu não dizer que morreria de fome, com medo de existir algum gatilho entrelinhas.

A ração do gato ficava guardada no quarto da garota, assim como as tigelas para pôr a mesma.

- Me desculpe, eu esqueci - explicou a garota, acariciando o gato que dormia tranquilamente ao seu lado.

- Você ao menos tem lembrado de alimentar a si mesma? - perguntou, pensando na irregularidade alimentar da filha, que frequentemente vem negado participar das refeições.

- Aham.

Não dando por convencida, a mãe sentou na ponta da cama.

- Eu sei o quanto tudo isso tem sido difícil para você, minha filha, e compreendo certas atitudes que tem tomado ultimamente, eu e o seu pai também estamos tristes - mas S/n não queria encará-la, pois veria os olhos de Cedric na mãe. - Mas teremos de enfrentar isso de cabeça erguida e você não pode esquecer de se cuidar, como pode dar conta de cuidar de Simba se nem de você mesma tu lembrares?

𝘾𝙀𝘿𝙍𝙄𝘾'𝙎 𝙎𝙄𝙎𝙏𝙀𝙍 - 𝐻𝑎𝑟𝑟𝑦 𝑃𝑜𝑡𝑡𝑒𝑟  Onde histórias criam vida. Descubra agora