☬✞ PORCELANA ✞☬

† 𝔓𝔯𝔬𝔩𝔬𝔤𝔬 †

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O vento frio e os uivos das árvores não eram capazes de abafar os gemidos dolorosos da mulher sobre a cama.

A velha cabana parecia balançar a cada rajada de vento.

Até mesmo a natureza parecia enfurecida com aquela blasfêmia.

" O próprio diabo veio reclamá-la. "

A velha parteira fez o sinal da cruz três vezes tamanho o medo o que assolou seu velho coração.

" Por favor, tenha piedade"

A voz da mulher saiu entre soluços e ofegos dolorosos.
O medo de ser deixada sozinha era demais para seu coração devastado, não queria morrer sozinha.

Mesmo que a morte fosse o seu fim iminente.

" Coitadinha, sua ambição selou seu destino"

A velha parteira comovida, molhou o pano outra vez na água e levou para a testa suada da jovem outra vez.

" Eu não aguento mais"

A voz da jovem foi um sussurro sofrido.

" Estamos quase lá, querida."

A velha parteira levantou o lençol para examiná-la uma última vez. Estava quase na hora, a criança estava quase pronta para nascer.

A tempestade se intensificou e as contrações da jovem amante do rei, pareciam seguir a tormenta. Logo a menina estaria nesse mundo para cumprir seu destino cruel.

" Ele me enganou, senhora."

A jovem lamentou entre seus delírios.

" Ele disse que me amava, que me queria "

Ela chorou quando uma contração a fez gritar a plenos pulmões.

A velha senhora se colocou de pé e correu até a porta, no momento em que ela abriu uma espada estava diante de seus olhos.

" Nem pense em fugir, velha maldita. Nosso rei ordenou que você fique até que a menina nasça. "

A velha recuou e suspirou desgostosa. Ela sabia que seu destino estava atrelado ao da criança, seus últimos dias de vida seriam gastos obedecendo às ordens de seu rei tirano.

" Não vou fugir seu idiota, preciso de água quente e mais panos limpos. Chegou a hora, a menina vai nascer"

O guarda olhou por sobre os ombros da parteira e viu o corpo da jovem se contorcer em dor, um lampejo de piedade atravessou suas íris.

A pobre garota era a mais linda de todo o reino.
Sua beleza foi sua sentença de morte, ela era exatamente o que o rei precisava para cumprir o acordo com o diabo.

Seu rei devia algo para o demônio, e muito em breve ele virá buscar o que lhe foi prometido.

" Vá e busque o que precisa, sem gracinhas velha bruxa"

O jovem guarda advertiu a velha anciã que todos chamavam de parteira.

Durante a madrugada daquela noite de inverno e em meio a tormenta. Nasceu o bebê mais lindo de todo aquele reino.
Com a pele pálida, lindos olhos azuis e cabelos prateados como a lua. Seria perfeito se ele não tivesse nascido um menino.

A jovem mãe segurou seu bebê contra o peito e chorou até soluçar. Mas ainda não sabia se as lágrimas eram de medo ou alívio.

A espada do rei estava atravessada no coração da velha parteira e o olhos escuros da mesma ainda olhava para o bebê, que chorava desconsolado como se soubesse o que o destino tinha lhe reservado.

Um rei furioso observava a mais bela jovem de seu reino embalar o bebê que deveria ser uma menina.
Aquela criança era um lembrete de sua dívida.

Como um aviso de seus pecados, sua cicatriz começou a queimar e a dor só desapareceu quando o bebê parou de chorar.

" Ele irá servir"

Ele disse ainda olhando para o menino que agora dormia calmamente.

" Não! Ele não serve."

A jovem estremeceu com o pensamento de seu pobre filho ser entregue ao diabo alado.

" Meu rei, ele é um menino.
A criatura não aceitará. Matará nosso filho com certeza."

Ela tentou apelar para a bondade do homem que pensou amá-la, mesmo sabendo que não existia nenhuma bondade nele.

" Tola! Essa criança já tem o destino selado, como sangue do meu sangue ele irá pagar minha dívida. Nasceu para ser o sacrifício ao portador da morte"

Um grito histérico acordou o bebê que chorou assustado.

Naquela manhã fria o corpo de Irina foi encontrado na floresta sem vida.

Foi dito que a jovem amante do rei perdeu a vida logo após dar à luz a um menino.
Um menino que deveria ser a oferenda a um deus sem nome, cujo o maior poder é destruir tudo o que toca.

O destino da criança foi traçado no dia em que seu pai fez um pacto com um ser misterioso, o único que ouviu sua súplica no campo de batalha enquanto perdia a guerra.

Dizem que diante da derrota iminente ele clamou por ajuda mas somente um ser o ouviu.

Aquele que não deve ter o nome mencionado.

Jeon Jungkook.

O Duskwalker.