† ℭ𝔞𝔭𝔦𝔱𝔲𝔩𝔬 𝔱𝔯𝔢𝔰 †

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As vozes e o barulho dos tambores se tornaram mais altos. Ele suspirou relutante em deixar sua curiosidade  vencer dessa vez, não adiantaria de nada se torturar. Pensou ele. Desde que veio morar nesse lugar cercado de mistérios e pessoas fanáticas por suas crenças, sua vida se tornou muito pior. Ele mesmo não sabia se acreditava em algum deus, sua vida era um inferno.

Toda fé em qualquer coisa se foi a cada súplica e pedidos de ajuda negado. Sempre esteve sozinho desde que se entendia por gente, a única vez que ouviu sobre sua mãe foi através de Sora. Ainda assim, ela disse apenas o básico, de que ela era muito bonita assim como ele. Mas morreu logo depois do parto, ele não tinha certeza se essa era a verdade. Mas como sempre não perguntou, ninguém nunca respondia suas perguntas. Nem mesmo Sora.

A reverência de sua ex-cuidadora e sua tentativa de torná-lo submisso aos credos de Jabez se tornaram em vão com sua partida abrupta, ele nunca conseguiu se perdoar por ter fugido naquele dia. Perdeu a única pessoa que talvez se importasse com ele. Desde então vivia sob os cuidados de uma mulher insensível e cheia de regras estúpidas. Jimin odiava como era obrigado a se vestir depois que se tornou adolescente, ele vivia recluso mas não era um idiota. Sem falar na maquiagem que agora era constantemente obrigado a fazer. Sem falar nos adornos e jóias, ele não era estúpido. Nenhum homem que ele viu se vestia como ele.

Foi fácil perceber o quão diferente ele era das outras mulheres. Seus cabelos longos, pele delicada e feições suaves não faziam dele uma garota. Já tinha passado dessa fase de observar seu corpo e comparar com as das garotas que as vezes levavam comida e cuidavam de sua higiene.

Foi constrangedor perceber que suas anatomias eram diferentes. Ele era um garoto e não garota. Foi difícil aceitar o que estavam fazendo com ele.

Ele desprezava seu cativeiro e mais ainda seu pai. Odiava esse lugar e as pessoas nele, sabia que muito provavelmente estava em uma espécie de seita ou religiosos malucos. Por isso evitava ao máximo ter curiosidade sobre o que eles faziam durante as luas cheias.

Mas conforme as horas avançavam e a escuridão tomou o lugar da luz, ele se sentiu rendido à necessidade de  pelo menos espiar por entre as frestas da janela. Como prisioneiro ele não tinha qualquer regalia ou direitos. Nem mesmo olhar pela janela de seu cativeiro.

Ele era apenas uma coisa delicada que eles não podiam quebrar. Como se ele fosse jogar daquela altura toda ou como se fosse criar asas e sair voando. Ele se acostumou com os olhares, mas a hesitação das pessoas ainda o deixava desconfortável. Mas não existia nada que ele pudesse fazer em relação a isso. Cresceu sabendo que ele era apenas uma oferenda e nada mais.

Mesmo sem ele saber ao certo o que isso queria dizer. Eles não ousaram  contar a ele nada, ele podia ver o medo nos olhos de todos ao seu redor e talvez até um pouco de pena. Ele se  acostumou com a solidão e as palavras sussurradas quando pensavam que ele não estava ouvindo. Mas o mais cruel de todos, era ele. Jabez.

☬✞ PORCELANA  ✞☬Onde histórias criam vida. Descubra agora