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Ele ergueu a cabeça a tempo de sentir suas asas ganhando vida por conta própria. Todo o seu sangue se acendeu e sua magia parecia correr por todo o seu corpo.
“ Venha me salvar”
A voz ecoou como um trovão em sua mente e ele desejou correr com todas as suas forças. Ele sabia de quem vinha o pedido de ajuda, por todos esses anos ele cumpriu o pacto e se manteve distante dos humanos e permaneceu em Tenebris. Esperando.
Mas agora o prazo havia se esgotado e o humano que portava sua marca estava em pura agonia. Ele sabia que algo estava errado e portanto ele teria que intervir, antes que pudesse soltar a mobília que havia terminado de esculpir para a cozinha de sua noiva, ele voou por entre as árvores e a peça de madeira caiu no chão se partindo ao meio.
Ele poderia muito bem fazer outra mesa assim que descobrisse o que estava errado com sua noiva. Ele podia sentir que algo muito ruim estava acontecendo, desejou poder chegar até lá o mais rápido possível.
“Acalme-se. Não vá assustá-la. Apenas mantenha sua voz baixa e a toque somente com sua permissão”
Ele repetia para si mesmo enquanto se aproximava cada vez mais da fonte de sua agonia. Entrar no reino mortal era algo que ele vinha evitando desde que fez o pacto com o rei ambicioso e covarde. Ele cumpria suas promessas e por todos esses anos ele manteve sua palavra, apenas para que se cumprisse o prazo combinado.
Mas agora ele pôde sentir que a hora chegou. Só não conseguia controlar a raiva que cegou seus olhos e o fez enfiar as garras no humano que parecia estar fazendo mal a mulher com lindos cabelos prateados caída no chão.
O cheiro de seu sangue subia até suas narinas e exigia punição por suas dores. Ele não teve dúvidas. Era sua prometida.
Evitar que sua voz assumisse um tom ameaçador foi inevitável. Ele quase rugiu em pura ira, quando viu o corpo frágil cheio de feridas. Machucaram sua companheira, ele puxou o rei até estar diante de sua face.
" — Seu tempo acabou, humano. Vim buscar o que me foi prometido. ”
O sangue que escorria por suas garras e os gritos aumentavam sua raiva. Os humanos tinham um cheiro doce e tentador quando estavam com medo, era como se estivessem prontos para serem devorados. Ele era um devorador de almas afinal de contas, foi criado para absorver e consumir.
O rosto do homem que carregava sua marca se contorceu enquanto balbuciava coisas indecifráveis, mas seus olhos estavam fixos em uma imensidão azul.
Olhos arregalados e lábios rosados se moviam no belo rosto da criatura mais linda que ele já tinha visto. O cheiro doce que marcava sua noiva flutuou e o fez grunhir animadamente, era sua noiva.
— Tu és minha noiva?
Ele perguntou esperançoso e cheio de expectativa. Ele esperou ansiosamente até que a criatura assustada pudesse dizer alguma coisa. Ele achou adorável a forma que os olhos cristalinos piscavam rapidamente atordoados, o biquinho que se formava toda vez que os lábios carnudos abriam e fechavam também eram encantadores.
