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Isabella Santos

É, chegou a hora!

Estou em frente aos portões da igreja segurando um lindo buquê de rosas brancas. Estou "sozinha", Cida me deixou nos portões e logo entrou e eu não tenho ninguém que me acompanhe até o altar.

Tudo que eu quero é dar meia volta para fugir, mas estou rodeada pelos seguranças de Filippo. E se eu der um passo em falso é capaz de levar um belo de um tiro das armas enormes que carregam ao lado do corpo.

Escuto o instrumental de uma música começar a tocar e logo em seguida os portões da Igreja se abrem revelando a grande quantidade de pessoas presente no casamento. E eu não conheço ninguém além de Cida.

Começo a caminhar lentamente em direção ao altar. Filippo estava lá, vestido em seu belo smoking preto e seus cabelos bem penteados me vendo aproximar. Seu olhar não sai de mim, me sinto tensa por toda a situação. Todos olham para mim, uns com um sorriso, outros com cara de nojo e outros com um sorriso extremamente falso, finjo não me importar e continuo caminhando vagarosamente ao altar até finalmente chegar próximo a ele.

Filippo estende uma das suas mãos a mim e logo eu a pego, mesmo só querendo virar as costas e fugir. Ele me puxa levemente até ele, me fazendo enfim subir no altar.

Logo o homem qual eu julgo ser um padre começa a falar. Todos os dão atenção, inclusive Filippo mas eu fico muito perdida. O homem começa a falar em seu idioma, sem se importa se eu estava ou não entendendo o que estava acontecendo e isso se estende por alguns minutos, até ele mudar repentinamente para o inglês.

- Para darmos continuidade a este casamento, tragam as meninas! - A ordem foi rapidamente atendida! Logo dois homens entram pelos fundos trazendo consigo mais duas meninas amarradas e amordaçadas.

Meu coração se acelera vendo o desespero das duas. Elas são muito jovens, não devem passar nem dos treze anos!

- Filippo! - o chamo para que faça alguma coisa, mas ele nem me olha. - Filippo, por favor faça alguma coisa! - digo puxando sua mão para que ele me dê atenção.

- O que eu faria, Isabella? Elas serão o pivô para o nosso casamento! Casamentos na máfia precisam de sacrifícios, e o nosso não será diferente.

- E para nos casarmos precisamos matar duas meninas?! - falo mais alto do que eu queria. - Qual é o problema de vocês? São duas crianças Filippo, são crianças!

Filippo rapidamente puxa meu braço pra si, me fazendo ficar cara a cara com ele. Ele me fuzila com os olhos, mas não ouso desviar o olhar, ele não pode fazer isso com elas!

- Você vai ficar quietinha enquanto matam elas! - ele fala me olhando nos olhos.

- Não! - Mas é claro que não! Como eu poderia deixar isso acontecer sem ao menos tentar impedir?

- Mas é claro que vai! - ele sorri. - Caso contrário eu mato os filhos da Cida, faço ela assistir a cada tortura e depois, eu faço ela comer cada pedacinho que sobraram deles.

- Você não faria isso com ela. - digo convencida, mesmo sabendo que ele faria sim.

- Ah, pode ter certeza que eu faria, sem ao menos pensar duas vezes!

Olho para trás, vendo Cida ao lado do altar. Ela me olhava com os olhos um pouco marejados, ela sabia do que Filippo e eu estávamos falando e sabia que só dependia de mim para que seus filhos continuassem vivos.

- Por favor, Filippo. Por favor.

- Sem por favor, Isabella! - Filippo me vira para as meninas, as duas estão joelhadas à nossa frente e os dois homens estão atrás das mesmas segurando uma faca em seus pescoços.

Lágrimas escorrem pelo meu rosto, eu odeio não poder fazer nada! Sei que se tentar algo, Cida e seus filhos estão condenados e mesmo condenando-os á morte, o casamento continuaria e elas ainda sim iriam acabar mortas!

- Eu entrego aos nossos antepassados, a alma dessas duas jovens virgens que darão continuidade a este casamento.

Os homens apertaram a faca em seus pescoços e as deslizou pela jugular das meninas, seus sangues começaram a escorrer e logo o corpo das duas meninas estão no chão sem vida.

- Que as almas cheguem em segurança aos nossos Senhores. - O " pastor " volta a falar. A minha vontade é esmurrar a cara dele. Maldito!

Ele continua a falar um monte de baboseira enquanto eu só penso nas meninas, que agora já foram levadas. Não consegui parar de chorar depois disso tudo, a cerimônia continuou e eu fiquei quieta somente esperando que isso tudo acabe logo, eu não aguento mais escutar a voz desse miserável e ele não para de falar nunca.

- Para finalmente ligarmos a suas carnes, vamos para a junção dos sangues! - Ele pega uma pequena bandeja prata e a coloca em nossa frente, pega uma pequena faca e entrega para Filippo que agarra minha mão e rapidamente faz um pequeno corte em minha palma. O olho assustada, o corte não foi fundo, mas foi grande o bastante para que sangrasse. Logo em seguida, Filippo faz o mesmo em sua mão. Ele puxa a minha até aquela bandeja e espera uma gosta do meu sangue pingar nela, logo leva a sua mão para a bandeja também, e ele aperta a mesma para que o sangue caísse mais rápido. Seu sangue pingou bem em cima do meu, se misturando logo em seguida.

- Eu os declaro, marido e mulher.

As palmas preenchem a igreja, seus sorrisos falsos também.

Filippo me puxa para ele, ele enlaça minha cintura com um de seus braços e segura meu rosto com a mão livre. Seus olhos me fitam satisfeitos por ter enfim conseguido o que queria e então, Filippo me beija. Um beijo bruto cheio de desejo...

- Felicidade aos noivos! - a minha maquiadora nos parabeniza, fazendo Filippo parar de me beijar. - Mas ainda teremos a festa e você querida não pode aparecer com a maquiagem desse jeito! - ela fala me olhando com desdém. - Se me permite senhor. - Ela pede estendendo sua mão para mim.

- Vá, mas não demore!

Desculpe os erros!

In ControlOnde histórias criam vida. Descubra agora