In Control

17°

Isabella Santos

Odiei essa mulher! Chata, arrogante, grossa e nem um pouco delicada. Ficou o tempo inteiro falando o quanto meu "marido" é lindo, que ele poderia ter escolhido uma mulher melhor e mais bonita, que ele logo se enjoaria de mim e arrumaria uma outra mulher, "bonita assim como ela". Sem contar a delicadeza qual ela estava retocando a minha maquiagem, toda bruta e fazendo tudo de qualquer jeito.

Eu me segurei muito para não falar nada, não quero arrumar mais problemas com Filippo e não quero arruinar ainda mais a minha relação com ele. Preciso que ele pegue confiança em mim.

- Finalmente! - diz ele assim que me vê.

Ele vem até mim e segura a minha mão me guiando até o carro que nos esperava, abre a porta para mim e a fecha assim que eu entro, logo dá a volta no carro e entra do outro lado. Acho estranho, mas não questiono. Ele deve estar querendo dar uma de bom moço depois do casamento, então deixarei ele ser o que quiser!

Observo todo o caminho calada, só vendo a rua sabendo que não a verei por um bom tempo.

Sinto Filippo me observar em alguns momentos, mas ignoro e continuo dando total atenção à rua.

- Decorando as ruas para no final tentar fugir?! - Suas palavras tem um tom de raiva, porém ainda está sendo uma raiva contida.

- O que? - Pergunto voltando meu olhar para ele.

- Não se faça de sonsa, Isabella. Eu sei que pretende fugir! Mas saiba que você nunca vai conseguir. A nossa casa é extremamente vigiada, e eu estarei ao seu lado sempre que eu puder, evitando que faça qualquer besteira! - Ele falou tudo tão confiante, que tirou 90% das minha chances de fugir me deixando muito para baixo.

Tento não transparecer muito o quanto fiquei desapontada, mas não acho que deu muito certo.

Eu sei que a casa é muito vigiada, mas pensei que ele ainda ficaria o dia distante! Com ele próximo fica tudo ainda mais difícil, sem contar, que as agressões serão ainda mais frequentes. Isso me deixa preucupada e com ainda mais medo me fazendo extremesser.

Decidi continuar calada, voltando minha atenção para a estrada, até enfim, chegarmos à festa.

Estava tudo tão bonito quanto a cerimônia. Filippo realmente sabe como montar uma festa!

As pessoas comiam e conversavam. A maioria com um sorriso falso, já outros, nem faziam questão de sorrir, mostrando o quando esse casamento não os agradavam.

Filippo me guia até uma mesa, qual foi reservada pra gente. Vamos andando até lá enquanto seis pessoas nos esperam conversando entre si, acredito eu que sejam casais, porém, as mulheres estavam sentadas em um lado e os homens em outro, falando de assuntos completamente diferentes.

Filippo me leva até as mulheres me apresentando para as mesmas, elas se levantam em sinal de respeito, porém, não sinto respeito vindo delas. Só vejo desprezo em seus olhos.

Me sento à mesa ao lado delas e Filippo segue rumo aos homens. As mulheres já tiraram suas atenção de mim e voltaram as suas conversas. E seriamente, acho que nunca fiquei tão intediada em uma conversa! Bem, eu não estou participando dela, mas só de escutar me dá sono.

- O Mendes me deu mais uma bolsa essa semana, dessa vez foi mais uma prada, fui olhar o preço e ela custou 33.500,00! - Fala Marcela. Ela é loira, muito bonita, porém tem um caráter que só Jesus. E Mendes, é o marido dela, ele tem cara de que trai ela mais do que o Neymar traia a Bruna, e ela sabe!

Não julgo ela, acredito que ela também está sendo presa assim como eu, porém, ela não quer se mostrar interior as outras. Mas eu tenho certeza, que todas nós estamos na mesma situação. 

As outras, Julia e Priscila somente deram aquele pequeno levantar de canto de boca, claramente com inveja.

- E você, Isabella? Conte-nos algo que Filippo te deu. - Fala Priscila.- Ele é um dos mais ricos daqui, se não o mais rico, acredito que tenha sido um presente e tanto. - Elas me olham com expectativa e curiosidade, somente suspiro antes de responde-las.

- Bom, eu não conheço Filippo a tanto tempo, então, não deu tempo dele me dar algo. - Digo simples.

Elas me olham surpresas, mas logo disfarçam.

- Estranho. - Diz julia por fim.

Elas voltaram a conversar entre si e eu voltei as ignorar completamente, conversa chata que só, misericórdia!

Isso durou por um bom tempo, até enfim Filippo me chamar para a valsa dos noivos.

Ele estava impaciente, mas fez esse esforço para abrir a pista de dança. Seriamente, tudo que eu menos queria era dançar, meus pés estão me matando e eu não aguento mais forçar sorriso. Meu rosto dói só de falar de tanto que eu forcei.

Começa a tocar uma música suave e lenta, fazendo as pessoas abrirem um círculo à nossa volta. Filippo coloca seus braços em volta da minha cintura delicadamente, ele me puxa para si com calma e logo começa a guiar os passos.

Por incrível que pareça, está sendo extremamente confortável dançar com ele. Ele sabe como me guiar perfeitamente, e mesmo que seus olhos não desviam dos meus, pela a primeira vez, eu não me sinto incomodada com isso! Neles não tem raiva e também não vejo a vontade de me machucar neles, não agora...

Filippo encerra a valsa com um beijo calmo e vagaroso em minha boca e logo começa a tocar uma música agitada fazendo todos em volta preenchem a pista novamente.

Filippo me olha uma última vez antes de puxar a minha mão para a saída.

- Achei que ficaríamos mais! - Afirmo.

- Você quer ficar mais? - Pergunta já sabendo a resposta.

Eu não quero ficar mais nem um segundo aqui dentro, mas tenho medo do que vai acontecer depois daqui! Em que a minha vida vai se tornar depois de me casar, se a forma como ele me trata vai mudar, se vai ficar mais rigorosa e violenta, se ele vai ficar mais tempo ao meu lado... Enfim, tem tantas coisas que eu tenho medo que aconteça depois daqui. Mas não vou deixar abalar meu psicológico! Eu tenho que conseguir fugir, custe o que custar.

- Então, a gente vai pra casa? - Falar a palavra casa me trouxe um grande desconforto, mas tentei não demonstrar muito.

- Espere e verá Isabella!

Isso foi a última coisa que ele disse antes de entrarmos no carro. Seguimos calados por todo o caminho, até enfim, nos chegarmos à uma grande área aberta que de longe se via o Jato.

- Pra onde vamos? - Pergunto assim que saio do carro o acompanhando.

- Para de ser curiosa Isabella! Quando a gente chegar, você vê.