Capítulo 23: Uma sexta-feira.

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Espero que gostem!
Boa leitura! 🦇🤍
O capítulo está repleto de metáforas!
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Um café com leite, uma vista impecável do Lago Negro e o único som que posso escutar são os ventos soprando em minha direção. É isso que tenho neste exato momento. Em uma sexta-feira em que me sinto sozinha, mas não posso reclamar. Sempre gostei da minha própria companhia, aprendi a gostar muito cedo, nem sempre tive o Diggory. Mas afinal de contas, posso reclamar de me sentir sozinha? Ou seria muita hipocrisia preferir ficar sozinha em vez de não querer estar ao lado de certas pessoas?

- O'Brian!?

Ainda era bem cedo, acordei antes de amanhecer e estava tão pensativa que não dei muita importância para Severo. Se ele quisesse brigar, ia brigar sozinho. Tomei um gole do meu café e continuei olhando para o lago. Não demorou muito para eu começar a escutar os passos dele. Estávamos na Ponte de Pedra.

A voz dele estava calma, talvez tenha percebido que não quero desavenças, pelo menos hoje.

- Você não ouviu quando te chamei?

Minha voz também estava calma e baixa.
- Ouvi, só não respondi.

Ele ficou ao meu lado, parecia me olhar um pouco e depois olhou para o lago.

- É interessante pensar que aqui pode ser tão calmo e silencioso.
Pensei alto sem perceber muito, mas não esperava que ele fosse responder. E ele não respondeu mesmo.

- Você não se sente sozinho, Snape?
Acabei de assinar minha carta de morte com essa pergunta.
Mordi meu lábio inferior por dentro da boca depois disso.

- Por mais que não pareça... eu me sinto sozinha.

- A solidão, por vezes, revela-se uma aliada poderosa na busca por reflexão e respostas internas. Não é preciso estar constantemente rodeada de pessoas para se sentir completa. Às vezes, é necessário se afastar do tumulto do mundo e permitir-se desfrutar do silêncio e da paz que somente a própria companhia pode proporcionar. Não é hipocrisia.

Não vou mentir, ele me surpreendeu com o que disse. Acho que ele leu meus pensamentos, porque isso que ele acabou de falar parecia mais uma resposta para o que eu estava pensando. E ao mesmo tempo parecia estar se confortando. Mas eu o entendi. Foi confuso entender.

- Talvez apenas estejamos ficando loucos.
Sorri fraco.

- Estou completamente ciente de minhas ações e pensamentos.
Por que ele não ficou calado?

- Não estragar...
Estragar o quê, doida?

Ele olhou para mim em questionamento.

- Muitas vezes não parece estar ciente de suas ações.
Mudei de assunto.

Ele arqueou uma sobrancelha.
- Não comece com suas infantilidades.

- Não estou e nem irei começar nada. É tão difícil para você conversar comigo de igual para igual?
O olhei. E ele fez o mesmo.

- Para isso, primeiro teríamos de ser iguais.
Ele estava querendo dizer que sou inferior a ele?

- Não dói ser gentil ou amigável uma vez ou outra. Aliás, não disse que somos iguais, apenas perguntei se é difícil ter uma conversa normal com você. Sinceramente, não deveria nem ter tentado.
Minha voz saiu um pouco irritada e voltei a olhar para o lago.

Ele ficou parado por alguns segundos enquanto eu repensava se deveria ter falado daquela forma, porque o tom de voz dele não demonstrou o que eu disse. Ele se virou e começou a andar em passos largos. Ele estava na metade do corredor e decidi chamá-lo.

O Voto Perpétuo (Severo Snape)Onde histórias criam vida. Descubra agora