Boa tarde a todos! Infelizmente não pude postar capítulos novos durante esse tempo por conta do período de provas, mas agora que estou de férias, podem ter certeza que os capítulos vão se manter firmes e fortes. Me desculpem mesmo! Espero que gostem do capítulo!
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- Cássia, eu já te falei mil vezes para você parar de ficar de perna aberta! Tá me imprensando toda!
Ok, eu tenho que admitir que irritar a Carla era muito foda! Ela se irritava muito fácil e era muito bom ver as caras e bocas que ela fazia enquanto pedia para eu parar de fazer minhas bobeiras.
- Não é minha culpa se esse carro é muito pequeno! - Me escaralho de rir da cara dela.
- Meninas, teriam como vocês pararem um pouco de se matarem aí atrás? Estamos quase chegando já!
- Fala pra Cássia parar de encher meu saco, mamãe! - ela cruza os braços e vira para janela, tentando fingir que eu não existo.
Eu resolvi parar de encher o saco dela. Não porque a minha mãe mandou nem nada do tipo, mas sim porque a vista na janela do meu lado era de arrepiar o cabelo do cu! Dava para ver o pão de açúcar e o Cristo Redentor direitinho! Ele lá, com aqueles braços enormes abertos, pronto para abraçar alguém!Mas aí me toquei. Tínhamos chegado no Rio, mas a Conceição não estava com a
gente. E provavelmente, não estaria nunca mais. Bateu um sentimento ruim e eu fiquei encolhida na minha, tentando me distrair com a música que saía do rádio do meu pai.
- Filha, já estamos quase chegando e você sabe como é. O Sol do Rio é de matar! Toma o seu remédio logo para não ficar parecendo um tomate depois!
Mesmo sendo uma doença séria, eu e o meu pai sempre fazíamos piadas sobre como o meu rosto vermelho ficava e eu tinha que admitir que depois que passava a dor, era realmente muito engraçado!
Tomei o meu remédio que eu tinha que tomar todo dia e passei uma pomada para não correr o risco de nada. Nós íamos morar na zona central do Rio, no bairro do Centro, onde ficava também a nova escola minha e dos meus irmãos. Mal tinha saído de uma escola e teria que ir pra outra, puta que pariu.
Contava nos dedos quantos anos faltavam para acabar a escola. Como sou desembestada, tive que refazer a conta umas cinco vezes. Nunca fui de exatas. Para a minha tristeza, faltavam cinco anos ainda. CINCO ANOS! Eu não tava aguentando mais ter que levantar praticamente junto com o galo, bater a cara na parede do quarto porque ainda estava meio dormindo, colocar aquele uniforme que já tava uns três dias
sem lavar, ir para a escola com a minha doença atacando e ficar durante horas ouvindo uma pessoa que nem ela mesmo sabe o que tá falando tentando explicar mitose e meiose para um bando de jovens que só querem ou fugir dali ou comer o colega que tá do lado. É foda!
- Meninas, olha a escola nova de vocês!
Tá, aquele lugar parecia um convento. Menos pior que parecer um manicômio.
Mamãe falava com uma alegria tão grande que nem parecia que já tinha frequentado a escola uma vez na vida. Eu sabia que ela não tinha concluído os estudos porque ela tinha casado cedo demais. Mas mesmo sem escola, ela tinha um conhecimento muito mais legal que nenhuma escola ensina: o conhecimento musical. Quem dera tivesse alguma matéria relacionada a música tanto quanto tem português e matemática? O máximo que temos é uma aulinha ou outra de flauta.
No Rio, tinha uma escola de teatro muito famosa, o Tablado. Meu sonho era fazer aulas lá, mas o preço das aulas não cabia no bolso dos meus pais que tinham cinco filhos para criar. Papai tentava me incentivar a começar aulas de outras coisas, como francês, piano ou balé, até porque eu estaria fazendo alguma coisa. E depois de tanto tempo de conversa, eu decidi começar que iria começar a fazer balé no meio da nossa
ida para o Rio. Meu pai, sabendo que a sua filhinha ovelhinha negra artista da família não nasceu para o meio militar, concordou sem pensar duas vezes.
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Um anjo caído: a história de Cássia Eller - volume 1
ФанфикEm uma épica reeleitura da vida de uma das maiores vozes do rock brasileiro, "Um anjo caído" busca retratar a vida de Cássia Eller desde sua simples infância até seu trágico falecimento. Mesmo baseado em fatos reais, o livro busca trazer a imagem d...