...esperando o ônibus da escola...

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Olá a todos! Antes de iniciar, gostaria de agradecer a todos que puderam ler o primeiro capítulo! Fiquei extremamente feliz com o rápido crescimento do livro! Muito, muito obrigada! E como agradecimento, decidi adiantar um pouquinho o capítulo seguinte, então esperem que aproveitem. Ah, e não esqueçam de comentar o que estão achando da história até agora!
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Logo quando chegamos em Belo Horizonte, nossa rotina mudou completamente. Talvez tenha sido por causa do nascimento do meu irmão mais novo, César Ronaldo, até porque quanto mais gente dentro de casa, mais comida para pôr na mesa.

Não sei ao certo se era tudo minha impressão de moleca ou se realmente papai começou a trabalhar por mais tempo do que antes. Se eram cinco dias trabalhando no Rio, agora são seis trabalhando em Belo Horizonte. Me entristecia muito o fato de tê-lo durante apenas um dia da semana.


Mesmo assim, não deixei de receber atenção. A família da minha mãe já era velha conhecida do povo belo-horizontino. Minha mãe, quando garota, jogava charmes e encantos por onde passasse nas ruas do bairro. Minha avó vivia contando histórias de sua época enquanto costurava mais algum vestido para mim ou para as minhas irmãs.

Quando papai estava em casa, reuníamos a família toda para aquele belo almoço de domingo. Minha vózinha, com suas mãos abençoadas por todos os santos de quem ela tinha imagens na sala, fazia comidas deliciosas, que arracavam elogios até mesmo do meu tio, que sempre ficava tribêbado.


Foi também em Belo Horizonte que eu comecei a frequentar a escola. Lá sempre foi um lugar muito estranho para mim. Nunca tive disciplina com as matérias e nem com o espaço em si. Achava que era muita regra, que me limitava demais. Chorava muito toda vez que mamãe dizia que era para eu me arrumar para ir para escola.

Nesses primeiros anos escolares, meus pais sempre recebiam bilhetinhos dos
professores dizendo que eu não parava quieta nas aulas, que eu não queria usar o uniforme ou até mesmo que eu tentava fugir para o pátio para brincar de futebol.

Minha mãe sempre tentou me advertir por causa desses comportamentos, mas toda vez que ela comentava com o meu pai sobre isso, ele achava muito engraçado uma pirralhinha como eu já sendo rebelde daquele jeito e querendo quebrar regras. Acho que dá para ver porque sempre fui desse jeito.

Como toda família católica tradicional, todos os domingos frequentávamos a igreja. Praticamente todos eram responsáveis por alguma coisa naquele lugar, menos eu e os meus irmãos já que éramos muito pirralhos. Até uma certa idade, a igreja era um local que eu amava frequentar. Achava muito foda as meninas que iam com aquele véuzinho toda missa. Pareciam princesas das histórias que a minha avó inventava para mim e para as minhas irmãs dormirem.

Uma vez, perguntei para minha vózinha do porquê aquelas meninas estarem com aquele pano na cabeça e ela me respondeu que era para mostrar que elas tinham respeito ao Senhor e mantinham a modéstia dentro da igreja. Minha cabeçinha de moleca que só entendia de futebol e samba antigo fritou a cabeça tentando entender o que caralhos significava modéstia. O que importava é que eu achava interessante e diferente o paninho das meninas.

Outra coisa que eu brisava muito na igreja, era o povo do coral. Puta que pariu. Como a voz daquelas crianças entravam na minha mente e me enfeitiçavam. Eu ficava chocada e impressionada em como eles conseguiam transmitir tantos sentimentos e tanta verdade em algumas notas musicais. Mesmo sendo mais nova do que eles, eu queria ser como eles e fazer parte do coral.

Um anjo caído: a história de Cássia Eller - volume 1Onde histórias criam vida. Descubra agora