Todos os chefes de clãs estavam reunidos no mesmo lugar, tanto vampiros, quanto licans se reuniram com um único propósito, evitar que Marcus destruísse tudo. Aquilo não era mais uma questão de poder, qual a raça mais poderosa, mas uma questão de autopreservação.
Cada criatura tinha seu lugar dentro da sociedade e não era matando os humanos que seríamos os mais poderosos, pois nossa sobrevivência dependia da existência deles. Meu papel ali era de suma importância, pois sendo eu o legado da minha espécie, todos dependiam da minha decisão e vamos dizer que só conseguia pensar em Mel lá presa.
Eu sei, era puro egoísmo pensar apenas na minha mulher nas garras de Marcus, no entanto, o que passamos todo aquele tempo para ficarmos juntos e no fim das contas deixá-la com o supremo, aquilo foi como uma estaca no peito. Claro que meu povo dependia do que eu decidisse, porém era impossível não pensar nela em perigo.
Ganhei um lugar na mesa, de frente ao grande líder lican, Lucius, o primeiro da espécie transmorfo. Ele me odiava com todas as forças, pois eu estava lá quando os vampiros lhe colocaram uma coleira de prata e nada fiz para mudar isso. Não posso dizer que me sentia culpado — ainda era um recém nascido, então o que nos sobrou fora uma inimizade de séculos.
— Filho de Caim, por que deveríamos cooperar com você? — ele me encarou com seus grandes olhos.
Nunca entendi de fato o motivo dos licans nos chamarem de filhos de Caim, pois sim, havia algo meio bíblico na nossa existência, porém a explicação era Alexander o Imortal, ele foi o começo de tudo. Talvez se não fosse por ele, eu já tivesse morrido séculos antes, mas foi por conta de sua a maldição que estávamos todos ali.
— Temos um problema em comum, Lucius. — Respondi sucinto, ainda encarando os olhos amarelos do lican chefe.
— E os vampiros têm Marcus como problema? Não é seu pai? — escarneceu, fazendo seus companheiros rirem.
— Se torna, se for um problema para nossa preservação. — Lhe respondi novamente.
— Não tem o que questionar, Lucius — de repente uma voz aveludada chamou atenção e todos olhamos para a entrada da casa e um homem bem jovem adentrou o recinto. — Perdemos o Kyung e ainda está botando banca com algo sério? — o visitante entrou recebendo uma reverência dos demais licans e um deles levantou-se para que ele sentasse à mesa conosco.
— Xiao, o que faz aqui? — Lucius questionou.
— Vão precisar de um Helsing, então... — apontou para si, me fazendo franzir o cenho o encarando.
— Você... — ele me encarou lançando um sorriso.
— Xiao LuHan, muito prazer! — estendeu a mão a qual peguei.
— Você é um Helsing?
— Meio Helsing — Lucius respondeu no lugar. — A mãe desse desgraçado se envolveu com um caçador maldito. — Lucius rosnou, recebendo um sorriso ladino do mais novo.
— Não seja melodramático! Se Marcus decidir fazer da Terra seu parquinho, chamando nosso pai também para brincar, todos nós vamos morrer! Quando ele nos matar, os próximos serão os vampiros. — Xiao continuou.
— Quando? — um dos licans perguntou assustado. — Não é 'se'? — o outro sorriu mostrando seus dentes.
— Não existe um se, apenas um quando.
Finalmente Lucius havia compreendido que tínhamos que unir forças contra Marcus, não apenas por bem da nossa espécie, mas de todo o mundo. Ele havia despertado, muitos vampiros ficaram ao seu lado por ser o pai de todos nós, no entanto, eles não compreendiam que havia muito a se perder ficando ao seu lado.
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Príncipe das Trevas_ Série: Novas Espécies Livro 2
RomanceDurante milênios sua espécie foi perseguida e escravizada, servindo aos grandes lordes da noite, mas tudo aquilo mudaria com o nascimento daquela que quebraria o ciclo de extinção. Mel era linda, irresistível e sedutora, mas pertencia a uma espécie...