Príncipe das Trevas_ Capítulo 24

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Marcus me encarava como se fosse me devorar a qualquer momento e daquele homem, eu não duvidava de mais nada. Olhar para ele me causava um asco que não conseguia controlar, pois minhas feições mostravam aquilo. Ser a donzela indefesa não estava me agradando em nada e quanto mais pensava naquilo, mais tinha desejo de matar todos aqueles vampiros.

Desde o dia que aquele maldito fez o que fez comigo, senti que havia sido quebrada em mil pedaços sem conseguir me consertar; licans se regeneravam de qualquer tipo de ferimento, até se forem fatiados literalmente, menos por prata, claro. No entanto, o que eu estava sentindo não era físico e sempre achei que conseguiria me regenerar, mas daquela vez não tinha como.

O ódio crescia como uma planta dentro de mim e sempre que Marcus entrava naquele quarto para violar meu corpo em todas as formas, me sentia impotente. O poder lupino havia me abandonado, pois me tornei a escrava de um vampiro poderoso, pior, o vampiro primordial e aquilo era um grande pesadelo.

Marcus estava sentado em seu trono como um rei, quando seu herdeiro adentrou o grande salão do castelo de Smith, fazendo meu coração bater acelerado. Eu era a única criatura viva ali, capaz de sentir tudo ao meu redor e reencontrar JunMyeon foi como se uma chama acedesse em meu peito, assim como eu sabia que ele sentia o mesmo.

Quando nossos olhos se encontraram, minha única vontade era de correr direto aos seus braços e nunca mais sair, porém Marcus me mantinha em uma coleira de prata, que impedia minha transformação. Lembro quando Lucius citou que aquela coleira havia sido usada por nossos irmãos e irmãs quando eram escravos dos vampiros.

Pude ver o ódio de JunMyeon estampado em seu rosto por me ver daquela maneira e ao perceber que ele avançaria, neguei com a cabeça, pois não venceríamos assim. Tudo que eu queria era destroçar Marcus, entretanto, fazer aquilo por emoção, nos causaria uma derrota sem precedentes. A melhor maneira de derrotar aquele demônio, era ter paciência e planejar com calma.

Os dois vampiros conversaram e em algum momento fui puxada contra o colo de Marcus apenas para provocar JunMyeon. Uma vontade de vomitar se apossou do meu corpo, mas me mantive firme até o fim, então assenti quando vi JunMyeon indo conforme as vontades de seu pai, ou pelo menos fingindo que estava.

Fingir, era tudo que eu deveria fazer naquele momento, fingir que finalmente havia cedido a Marcus, pois apesar de ser um monstro imortal, ainda era um homem e homens tinham características muito semelhantes que poderiam ser manipuladas. Ele estava acostumado a manipular e controlar, pois era um maldito psicopata, no entanto eu estava na vantagem simplesmente por ser uma mulher.

Tudo teria que ser feito aos poucos, não poderia do nada me jogar nos braços dele, pois desconfiaria, por isso lentamente fui me mostrando menos arredia. Quando ele me tocava e eu parecia ceder, no fim terminava com a cara no vaso, vomitando todos os meus órgãos.

Para minha desgraça, Marcus gostava de fazer aquilo na presença de JunMyeon para provocá-lo, talvez esperando que o filho surtasse, mas Jun entendeu o plano apenas por olhar em meus olhos e se manteve ainda mais frio. Toda aquela merda estava me destruindo por dentro e só queria sair daquele lugar infernal, voltar a minha vida pacata de antes.

Precisamos conversar — movi os lábios falando em português, mas sem emitir qualquer som.

JunMyeon pareceu me entender, pois ali somente nós dois falávamos português, então ele assentiu discretamente, dando as costas e desaparecendo da minha visão.

Vampiros ainda tinham o hábito de ter o sono durante o dia, uma ótima oportunidade, pois apesar de licans serem criaturas da noite, era durante o dia que vivíamos nossas vidas. Aquela era uma oportunidade perfeita, pois JunMyeon passou a se abster da noite para trabalhar durante o dia quando estava no Brasil.

Príncipe das Trevas_ Série: Novas Espécies Livro 2 Onde histórias criam vida. Descubra agora