Fear

7. Fear

Acordei com dor nas costas, dormi de mal jeito em cima de uma pedra hoje.  Me estiquei e alonguei meu tronco. Rugi e me sacudi para despertar. Saí de dentro da minha caverna e respirei fundo o ar fresco da manhã. Fechei os olhos para me concentrar melhor nos barulhos da floresta e apreciar o canto dos pássaros, o barulho do rio que corta a Reserva e os sons dos animais caminhando entre as árvores. 

Pulei na grama e comecei uma corrida para me exercitar. Aproveitei para ir demarcando meu território e conferindo se estava tudo bem. As nuvens estão bem densas e o ar está gelado. Provavelmente irá chover por vários dias seguidos. Embora eu goste de ficar ao ar livre, não curto ficar encharcado o tempo todo e como meus pelos secam naturalmente, quando não há sol para eu me secar rápido eu fico com cheiro mais forte porque os pelos do meu corpo demoram mais para secar e isso me incomoda um pouco.

Subi em uma grande árvore e catei algumas nozes. Eu ofereci aos esquilos que me seguiam. Fiquei observando meus amigos comendo por um tempo. Eles acostumaram comigo facilitando a vida deles para pegar as nozes no alto das árvores. Eu gosto muito deles, são o mais próximo que eu tenho como amigos, eles não sentem medo de mim e não me desprezam.

Ao chegar próximo ao rio vi um cervo, me preparei para atacá-lo. Eu estou comendo peixe a vários dias e gosto de variar um pouco as vezes. A carne deste servo irá me alimentar por uns 3 dias. O que irá me dar a oportunidade de curtir os dias de chuva intensa na minha caverna com comida à vontade.

Fiquei observando o animal por alguns minutos o mais imóvel possível para que ele não sentisse minha presença. Percebi que ele estava cambaleando um pouco, como se estivesse tonto. Provavelmente ele deve estar ferido. Me aproximo rapidamente do bicho e o ataco, acabo tirando a vida dele o mais rápido possível para que ele não sofresse muito. Detesto causar dor desnecessária em outro ser vivo. Eu já senti muita dor e não gosto nem um pouco de causar dor.

Eu pego minha faca e limpo ele no rio mesmo, levando toda a carne dele para minha caverna. Comi um terço do bicho, a carne estava macia e fresca mas senti algo diferente que não sei explicar no gosto. Após me alimentar deitei novamente para dormir e descansar da refeição.

Acordei sentindo meu corpo em chamas. Meu estomago e minha cabeça doem. Eu me sento e percebo que está escuro lá fora e chovendo bastante, eu dormi muito mais do que de costume. Sinto meu estômago revirar e vomito. O cheiro da carne do cervo entranhou pela caverna. Esse animal devia estar doente e não ferido como imaginei. Eu nunca me senti assim antes. Sinto calafrios e náuseas fortes. Maldito Valiant de tanto vir falar besteiras para mim eu fiquei doente.

Mas não irei sair daqui, não permitirei que me espetem e me acorrentem novamente. Eu vou ficar bem. Vou voltar a dormir e descansar e quando acordar vou estar melhor.

Sinto a presença de alguém na minha caverna, abro os olhos mas está escuro e a chuva está, caindo bem forte, forço meus olhos a abrirem novamente e percebo que há várias pessoas na minha caverna eu rugi e me ergue pronto para lutar e matar. Eu vejo Rene, Alna e Fred  sorrindo diabolicamente com suas armas de choque prontas para serem usadas em mim, a doutora que me deu medicação quando cheguei em Homeland e vários novas espécies vindo em minha direção com seringas e correntes. De repente me senti fraco e sem forças para rosnar ou lutar, eles se aproximam mais de mim sorrindo.

Rene- Chegou a hora de você sentir um pouco de dor 315, você já descansou bastante e aproveitou bem sua liberdade, hã.... - Ele gargalhou freneticamente com seu olhar cruel cravado em mim. Eu senti medo e meu corpo se arrepiou por inteiro. Rugi o mais alto e ferozmente que consegui.

Acordei ofegante, suando e tremendo dentro de minha caverna. Foi um pesadelo. Eu acabo vomitando mais uma vez e sinto que evacuei e urinei enquanto dormia. Preciso de um banho. Fiz força para levantar e com dificuldade e cambaleando cheguei ao rio. Consegui me lavar. A dor de cabeça está insuportável.