17. Luanda

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Senti uma fisgada em meu seio e abri os olhos, pisquei algumas vezes para me acostumar com a claridade, olhei para baixo e lá estava Fear sugando meu seio direito enquanto dormia e com a outra mão espalmada em meio outro seio.Essa é a segunda vez que ele mama em mim e a segunda vez que sinto um grande alívio por não estar sentindo dores.

Ao mesmo tempo me sinto culpada. Estou desenvolvendo uma espécie de relacionamento com Fear que sei que não é benéfico para ele. Eu sou toda cheia de cicatrizes na alma, cheia de inseguranças e além de tudo sou humana. 

Amamentar Fear é prazeroso para mim, e me dá uma certa esperança de ser amada algum dia, pois eu achava que não existiria nenhum homem no mundo que não fosse sentir nojo de mim por eu ser lactante. Mas Fear não é um humano comum, ele é um Nova Espécie.

Eu sofri muito com o Lucas, as coisas que ele dizia sobre meu corpo não saem da minha cabeça. É difícil olhar no espelho e não focar no que está errado no meu corpo, as estrias, as varizes, as celulites, o excesso de gordura, as marcas de assadura entre minhas coxas e na minha intimidade. O excesso de peso traz várias marcas para o corpo, que talvez uma mulher magra não teria ou se tem é em menor grau. Foram tantos anos me sentindo feia e indesejada que é difícil para mim imaginar um homem me vendo como uma mulher atraente, bonita e me amando. Eu imagino que o que Fear sente por mim, não é amor ou desejo, talvez ele sinta segurança e afeto. Porque eu realmente amo ele e faria de tudo para protegê-lo. Eu quero ajudá-lo a se inserir na sociedade NI para que ele faça parte ativamente da sociedade forte que os Nova Espécies, com a liderança de Justice, estão construindo.

Ele ficar isolado naquela caverna sem o mínimo de conforto para ele, longe de todos de sua espécie não fará bem para ele a longo prazo. Ele já está livre há mais de 6 anos e acredito que está na hora de ele começar a confiar nos seus semelhantes. Talvez ele só precise de ajuda para isso e eu vou ajudá-lo.

Enquanto penso sobre tudo, eu acaricio os pelos do seu rosto e cabelos. Ele é um espécie lindo demais. Os seus fios acobreados tem um brilho e maciez que dá vontade de estar sempre tocando. Minha mãos coçam para tocá-lo sempre que ele está por perto. Ele é todo forte e musculoso, embora ele tenha emagrecido um pouco é nítido que ele é todo trincado. Os músculos abdominais de Fear são bem marcados e firmes. Esse é o corpo masculino mais lindo que já vi em toda minha vida, isso é fato.

Eu olho em volta e dou um suspiro, é um alívio estar na minha cama, a caverna do Fear é grande e espaçosa mas não tem nada confortável para deitar ou se apoiar. Não sei como ele consegue viver por tanto tempo dessa maneira. Sem uma cama, um chuveiro, um vaso sanitário e itens básicos de higiene. Será que eu consigo convencê-lo a deixar que construam uma casa para ele melhor do que a caverna?

Mas acho que a prioridade é convencer Fear a encontrar uma companheira para ele. Uma Nova Espécie bonita, que entenda ele e o ame. Sei que os outros espécies têm medo dele, mas é porque não conhecem o quão bom Fear é. Olhando para ele dormindo tranquilamente enquanto mama me dá um sentimento imenso de ternura e afeto e só aumenta a minha convicção de que ele precisa ser amado e cuidado. Ter uma companheira que faça ele feliz.

Eu nunca poderia fazê-lo feliz, com o tempo ele iria me detestar por causa do meu corpo. Foi isso que aconteceu com o Lucas, no início ele me tratava bem, era carinhoso, a gente tinha até uma relação de amizade gostosa, riamos juntos, mas depois de algumas semanas ele começou a reparar no meu corpo, no jeito que eu ando, começou a me comparar com outras mulheres a mandar fotos de mulheres malhadas para mim dizendo que era para me incentivar a me cuidar.

 Foram 11 anos ouvindo todos os dias que eu não era boa o suficiente, que eu não o satisfazia, que eu era péssima parceira de cama. E isso só me fez ficar cada vez mais retraída sexualmente. Eu nunca tomava iniciativa, morria de vergonha de ficar nua na frente do meu marido, colocar uma lingerie para agradá-lo era um jogo arriscado porque era certeza de receber críticas sobre meu peso, meu corpo. Eu me considero péssima de cama, não sei nem o que faria se algum dia algum homem quisesse ficar comigo, na verdade eu acho que fugira de pavor só de imaginar em ser rejeitada novamente como fui no passado. Já aceitei que ficarei sozinha, sem parceiro. Mas não quer dizer que eu não possa ser uma boa amiga. E pra isso uma das primeiras coisas que preciso fazer é parar de amamentar Fear. 

Eu me sinto bem com ele sugando meus seios e tirando todo o leite sem me fazer sentir dor, além de poder ficar horas sem sentir desconforto nos seios por ele esvaziá-los completamente. Mas não posso pensar só em mim, no meu bem estar, tenho que pensar na felicidade de Fear como meu amigo. E é isso que irei fazer. 

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