10. Luanda

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Ainda não consegui dormir desde que trouxe Fear para o meu apartamento, eu deitei no sofá para tentar descansar um pouco, porém a minha preocupação com o grande macho não me permite relaxar o suficiente. Velei o sono dele durante toda a madrugada.  

Levantei do sofá e fui ver como ele estava novamente. Continua com febre intensa, calafrios e parece estar tendo pesadelos que o assombram. As expressões em seu rosto são de dor e sofrimento. Molhei um pano em agua fria e passei em seu rosto e torso para tentar amenizar um pouco a febre.

Apesar de seu estado de saúde, ele é um belo espécime. Eu nunca vi um corpo tão belo em toda minha vida. Há músculos por todo o corpo dele e são cobertos por uma linda camada espessa de pelos de cor cobre. Ele é belo de um jeito único.

Tão logo ele se recupere estará acasalado com uma bela fêmea tão alta quanto ele, musculosa e trincada. E eu ficarei muito feliz por Fear. Este macho merece encontrar a felicidade e a paz que ele precisa. Eu nuca esquecerei o olhar de medo, dúvida e receio que ele me lançou no lago, tudo o que eu puder fazer para ajudá-lo eu farei. A conexão que senti com ele foi  algo muito profundo. Não é nada sexual ou algo parecido, eu o vejo como um ser indefeso que precisa de mim. No futuro, ao invés de ver naqueles belos olhos negros dor e medo eu desejo ver felicidade e completude. Se ele aceitar eu serei sua amiga. 

Coloquei o pano de volta na bacia e joguei a água que usei fora. Eu decido fazer um café para me manter desperta e comer alguma coisa.  Enquanto bebo meu café e como um cuzcuz com manteiga ouço o telefone tocar e atendo:

Luanda: Alô

Dr. Mil: Olá Luanda, aqui é o Dr. Mil, eu preciso que você me diga como estão as coisas por aí com Fear. 

Luanda:  Olá doutor, ele não está nada bem. A temperatura dele está muito alta, ele está suando com bastante intensidade, tendo calafrios e acredito que também esteja sofrendo com pesadelos. Eu consegui trocar as bolsas de soro conforme iam acabando para ele continuar sendo hidratado. Ele evacuou e urinou algumas vezes também, eu tive que limpar o melhor que pude com lenços umedecidos. Não consegui trocar a roupa de cama, pois ele é muito pesado.

Mil: Luanda você é muito corajosa, o risco que você está correndo é muito alto. Eu entendo que queira ajudar mas você deve saber que corre risco de vida ao cuidar de Fear. - O Doutor Mil não entende, mas eu sinto que devo cuidar de Fear, ele precisa de mim, ele confiou em mim durante seu momento de vulnerabilidade e eu não deixarei de cumprir com minha promessa de cuidar dele. Se algo acontecer comigo é porque tinha que acontecer, eu não conseguiria ficar em paz sabendo que quebrei uma promessa a alguém que me pediu socorro com aqueles lindos olhos negros.

Luanda: Eu entendo sua preocupação doutor, mas já falei com Justice e assinei os papeis de auto responsabilidade. Eu assumo este risco. Ele precisa de mim. - ouço Mil suspirar na linha e hesitar um pouco antes de começar a falar.

Mil: Luanda, eu recebi os resultados das amostras de sangue que colhi de Fear. Estou bastante preocupado com ele, o antibiótico que apliquei nele mais cedo foi formulado para combater um amplo acervo de bactérias, porém não faz efeito sobre a bactéria que ele está infectado. Eu pedi a Justice que solicitasse do Hospital Federal doses de Lamadim, este antibiótico ataca bactérias carnívoras. - Eu arfei de surpresa ao ouvir o Dr. Mil dizer isso.

Luanda: Bactérias carnívoras? Mas o que isso quer dizer? Ele vai ficar bem não vai? Justice já conseguiu este antibiótico?

Mil: Sim, nós temos parceria com o governo e eles forneceram para nós a medicação para combater esta bactéria. Ela chegará dentro de 20 minutos à Reserva. Eu liguei para avisar que estarei aí logo que ela chegue aqui.

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