Valentina
O nervosismo era inevitável ao encarar o condomínio luxuoso, já fazia algum tempo que não entrava ali, antes eles permitiam que as pessoas caminhassem num determinado percurso, até mesmo autoescolas usavam o espaço para aulas, mas conforme o condomínio se expandia eles fecharam esse acesso e os caminhantes mudaram o trajeto para a obra do rodoanel onde um viaduto passava logo acima do lugar, as casas não eram padronizadas, ao menos não de maneira arquitetônica, mas havia uma que se destacava ainda mais, uma que conhecia muito bem.
Costumava parar para observá-la por que ficava bem no final do percurso de 1,5km, numa esquina do cruzamento que levava a uma curva que circundava uma área preservada com uma nascente, ela ficava logo depois de uma saída a esquerda que levava a segunda portaria do condomínio onde as casas eram mais suntuosas, mas ela se destacava porque era uma estrutura diferente das outras, uma casa de dois andares, tijolos aparentes, uma janela do teto ao chão nas paredes frontal e lateral, ela ia desde o térreo até o segundo andar, era possível ver a cozinha e o quarto de cima, ela me cativou desde o início, o quintal imenso, a luz natural, todo o verde ao redor, amava aquele lugar, quantas e quantas vezes sonhara com aquela casa enquanto corria, agora estava prestes a finalmente entrar nela, assobiei impressionada.
- É. O homem tem dinheiro.
- Pode acreditar, a casa dele é enorme e apesar do metro quadrado não ser o mais caro da cidade, não está entre os mais baratos.
- Meu Deus. - Murmurei em pânico, aquilo era muito opressor e achei que o lugar seria desvalorizado por estar localizado próximo a um bairro de baixa renda, o bairro onde eu vivia. - Certo, irei desligar Mel, não consigo dirigir e falar com você ao mesmo tempo.
- Sério?
- É, sério. - Grunhi e ela sorriu.
- Tudo bem. Desculpe por furar com você, logo que terminar irei levar os aparelhos aí, mantenha-me informada sobre qualquer problema, estou com o celular o tempo todo. Depois poderíamos sair para beber, o que acha?
- Perfeito, até mais e deseje-me sorte.
- Tchau, você faz a sua sorte gata. Beijo!
Vesti o terninho que reservava para entrevistas de emprego ainda dentro do carro, como Mel sugeriu, optei por usar preto e branco, meu visual tradicional era jeans e camiseta, mas acho que um dono de hotel de luxo não ficaria contente com essa vestimenta, apesar de não saber o que um Bodybuilder pensaria, mas como não sabia com qual dos dois lidaria fiz um esforço e peguei uma saia lápis da Mel que já estava há meses lá em casa, ela diz que isso é mais elegante e feminino.
A minha definição de elegância consistia em camisa branca, blazer e uma calça social, mas eu era apenas uma visitante no mundo dos ricos e poderosos, Marcos sempre dizia que deveria me vestir melhor, principalmente quando nos casássemos, era ridículo que ainda levasse isso a sério, mas engoli a raiva que aquilo despertava em mim, nisso ele estava certo, então optei por seguir o conselho, embora já tenha começado a me arrepender, não havia calculado o excesso de peso que ganhei no último mês e a maldita roupa fazia as minhas coxas roçarem uma na outra e vez por outra em tinha que abaixar a peça, pois subia com o mínimo movimento, após ser liberada na segunda portaria, estacionei porcamente na rua em frente à casa, saí do carro segurando a maldita saia.
- Deveria ter ao menos passado vaselina nas coxas, vou ficar toda assada. - Resmunguei e fechei a porta.
Tranquei o carro e me encaminhei para o portão de madeira escura no meio de um muro verde repleto de flores que eu não soube identificar, tentei não me deslumbrar, mas aquela casa era completamente encantadora.
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Apenas meu
RomanceValentina Gutierrez é uma enfermeira recém formada, com um futuro promissor e uma vida bem estruturada, mas seu mundo vira de cabeça para baixo quando descobre a traição de seu noivo e ela é demitida do emprego. Jogada sem para quedas no árduo campo...