Capitulo 6

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Matteo

Ela não iria me dizer nada ofensivo, mas enquanto voltávamos para casa percebi que estava furiosa, os nós dos dedos da mão que segurava as extremidades da saia rasgada estavam brancos, ela mordia as bochechas com tanta força que um bico hostil se formou nos lábios carnudos e bem desenhados.

Parte de mim queria que ela gritasse comigo, me xingasse e me batesse, isso pelo menos quebraria o silêncio opressor que evidenciava que éramos apenas dois desconhecidos no meio de uma situação constrangedora, mais uma vez, e depois de tanto esforço para encontrá-la e tê-la perto de mim isso era um pouco frustrante, mas ela não sabia de nada e se soubesse ela me daria uma surra com certeza e o pior é que pelo que vi mais cedo Léo a ajudaria, ele adquiriu um instantâneo senso de proteção em relação a ela e como eles se conheceram hoje isso é muito mais do que surpreendente.

Abri o portão e ela adentrou cabisbaixa, quando o portão se fechou soltei a guia de Léo e fui imediatamente buscar a sacola de remédios que por sorte comprei ontem na farmácia, graças a um pequeno acidente na montagem da minha impressora, apesar de ser contra o uso de remédios para tratar qualquer simples machucado tive de ir atrás de um analgésico, graças a sugestão de uma funcionária solícita da farmácia, havia band-aid e antisséptico, mas não conseguia encontrar a bendita sacola em lugar nenhum da casa, lembrei que havia deixado a sacola no banheiro e fui até lá.

- Está procurando a sacola da farmácia? - Anui surpreso por ela ter me seguido até o banheiro. - Está na segunda gaveta.

Abri a gaveta e lá estava sacola do mesmo jeito que a deixei, uma fisgada de frustração me atingiu e fiquei confuso, também fiquei um pouco aliviado, mas ainda estava frustrado por ela não bisbilhotar, gostaria de despertar algo nela nem que fosse um pouco de curiosidade, mas depois de lidar com alguém tão babaca quanto seu noivo não me surpreendia que nem mesmo um cara como eu chamasse sua atenção.

Valentina seria desafiadora e desde o começo sabia disso.

Acenei para que ela se sentasse na privada, ela o fez com cerimônia, dividida entre segurar a saia e fechar as pernas o máximo possível, o que era bem difícil já que ela tinha coxas grossas, me ajoelhei no tapete felpudo e peguei uma bola de algodão e a empapei com antisséptico, mas ela me deteve erguendo a mão.

- É melhor lavar com sabão neutro primeiro, depois use o antisséptico.

A observei com curiosidade, imediatamente imagens de seu currículo invadiram minha mente e me lembrei que ela também tinha um curso de técnica de enfermagem, ela era simplesmente uma enciclopédia, como os antigos eruditos, ela desviou o olhar para a pia e percebi que estava encarando a pobre a garota, suspirei resignado e olhei ao redor avaliando a melhor forma de lavar seus joelhos, a melhor opção seria o chuveiro, mas com certeza ela recusaria, ela estava quase pulando pela janela para ir embora, felizmente a pia da minha suíte era dupla e avaliei todas as opções.

- Com licença. - Murmurei antes que mudasse de ideia, me levantei e enfiei as mãos em suas axilas ela ficou dura feito pedra, mas era a forma menos comprometedora de erguê-la.

- Você tá maluco! Que merda está fazendo!?

- Você disse que precisamos lavar o ferimento. - Justifiquei e sua expressão se amainou.

- Ao menos poderia ter me avisado antes de me erguer como se eu fosse uma criança de cinco anos.

- Desculpe. - Ela ficou tensa de repente e me afastei um pouco tentando passar um pouco de segurança. - Valentina, eu...

- Por que disse aquilo? - Seus olhos se ergueram para mim pela primeira vez desde que encontramos com seu ex. - Você não viu a quantidade de gente filmando?

Apenas meuOnde histórias criam vida. Descubra agora