Coriolanus chegou ao prédio e subiu ao apartamento, pelo elevador que agora estava funcionando. No corredor, haviam várias caixas espalhadas, retalhos de madeira e sacos cheios de entulhos e coisas velhas. Ele andou em direção a porta, quando surgiu a figura de Tigris com os cabelos presos em um coque alto, uma roupa suja, mas não velha e desgastada, carregando mais uma sacola com itens que seriam jogados fora. Quando ela viu Coriolanus, deixou o saco cair no chão, espalhando o conteúdo por todo o chão.
- Coryo, - disse, puxando o nome dele do fundo do seu pulmão. - é você?
- Tigris! - Coriolanus apressou o passo em sua direção, abrindo os braços para envolve-la em um forte abraço.
- Você... eu sinto muito por Sejanus. Como você está? Onde está Lucy Gray? - Ela tocava desesperadamente em Coriolanus para ter certeza de que ele era real.
Coryo deu uma risadinha. - Calma, Tigris, vamos entrar. Tenho muito para te contar. - Ele ajudou ela a recolher os itens no chão, colocaram na sacola novamente e juntaram à pilha de descarte.
Entrando no apartamento, Coriolanus não acreditou no que viu. O piso, o teto, as paredes... tudo estava novo, reformado. O apartamento cheio de móveis bonitos e de boa qualidade, a cozinha com uma linda fruteira revelando uma variedade de frutas, um lindo arranjo de rosas decorando a mesa de centro na sala. Até o vitral da imagem do seu pai estava em evidência, parecia ter sido limpo como jamais havia sido, e a luz do sol refletindo-o deixava ainda mais bonito. Ele se lembrava da época em que seus pais estavam vivos, de uma casa decorada, alegre, sofisticada. O seu lar.
- Foi a família Plinth. - disse Tigris. - Desde a morte de Sejanus, eles pagaram todas as dívidas do apartamento e mandaram com que reformassem tudo. Eu tenho até um atelier! - Disse empolgada. - Não sei como retribuir a gentileza deles. A sra. Plinth ainda está muito sensível, então eu a faço companhia quase diariamente. Também fazemos um almoço todo domingo e os convidamos. Eles vão ficar felizes em te reencontrar, Coryo. Você é o mais próximo de um filho para eles agora.
Essas palavras soavam como música nos ouvidos de Coriolanus. Como um filho. Espero que na herança me considerem como um filho também.
- E onde está Lady-Vó? - Perguntou Coriolanus.
- No terraço. Eles compraram várias melhorias para o jardim de rosas, e ela está supervisionando o trabalho dos montadores. - Tigris riu. - Na verdade, está mais para criticando o trabalho deles.
Coriolanus sorriu. - É a cara dela fazer isso.
- Venha conhecer seu quarto reformado! - Ela puxou a mochila dele para ajudá-lo com o peso, e ele cedeu, pois seu ombro já estava cansado. A caixa de itens do Sejanus estava bem pesada.
Coryo acompanhou Tigris pela casa, e conforme ia andando, ficava maravilhado. Já fazia tanto tempo que não via o apartamento reformado, que acabou esquecendo de como era. Seu quarto estava um deslumbre. Os mofos e rachaduras da parede foram limpos e cobertos com tinta branco-gelo. Sua cama estava arrumada, com roupas de cama novas. Sua escrivaninha, o local onde mais passava seu tempo, tinha sido reformada também. A madeira estava lustrosa, envernizada. É como se eles tivessem arrumado o quarto para recebê-lo, sem mesmo saber se um dia retornaria.
- Nós não mudamos um móvel de lugar. Deixamos do seu jeitinho. - Disse Tigris, orgulhosa. - Não sabíamos se um dia retornaria, mas se retornasse, estaríamos prontas para te receber.
- Obrigado, Tigris. Está tudo lindo. Senti muitas saudades de ver o apartamento assim, bem cuidado. Fico muito feliz de revê-lo dessa forma. - Ele sorriu.
- Snow cai como a neve, não é? - Ela declarou. - com os Plinth por cima de tudo. - Ela riu.
Coriolanus não gostou do comentário, e deu uma risada sem graça por educação. Mas infelizmente era verdade, no final das contas, eram pessoas de Distrito que os colocou nessa posição novamente. Ele devia tudo a eles.
- Bom. Vou te deixar em paz. Tome um banho e relaxe! Seu dia deve ter sido exaustivo. Depois quero saber de tudo que aconteceu! - Ela deu um sorriso e saiu do quarto, fechando a porta atrás dela.
Coriolanus rodou pelo quarto, com seus dedos deslizando sobre as superfícies de madeira enceradas. Deu uma risada, e desfez sua mochila. A primeira coisa que faria no dia seguinte, seria visitar os Plinth. Primeiro, para agradecer o que fizeram no apartamento; segundo, para esfregar na cara do sr. Plinth a amizade verdadeira que tinha com seu filho, na tentativa de aumentar a simpatia por Coryo; e terceiro, pedir ajuda para resgatar Lucy Gray. Ele precisaria de um meio de comunicação com a base do 12, e se alguém poderia ajudá-lo com isso, seria ele. Afinal, dra. Gaul aprovou a vinda de Lucy e um membro da família, mas não demonstrou esforço nenhum para ajudá-lo a trazê-los para a Capital. Juntou uma muda de roupa confortável que encontrou na sua gaveta e foi para o banho, e continuou planejando seu dia de amanhã.
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Snow Cai Como a Neve / A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes
Fiksi PenggemarE se Coriolanus Snow nunca tivesse comentado sobre os três assassinatos com Lucy Gray? ... Muito se fala do que aconteceu com a Lucy Gray após o desfecho da história original... mas e se ela não tivesse aquele desfecho? Nessa história, desenvolverei...