3. Mania de Rapariga

327 21 91
                                    

Foi meio impossível não estranhar. A última mensagem que Diana tinha lhe enviado era de Abril.

Tá bem, tou esperando.

Aconteceu alguma coisa?

Antes de Anaí pensar em enviar mais um "?", tamanho seu desespero, deixa eu contextualizar vocês em dois pontos importantes do rolo dessas duas pra esse capítulo:

Um: A mensagem de Diana não era um simples ponto sem nó. Por motivos que Anaí não entendia bem, a comunicação entre as duas se dava sempre como faziam os antigos incas: no local e hora marcada, olho no olho, ás vezes pele na pele, ás vezes até a respiração batendo no rosto... Enfim. Diana nunca respondia mensagens, a não ser ao vivo, e sabia que essa mensagem geraria certa... antecipação.

Dois: Enquanto a sementinha de caos brotava na mente de Anaí, Diana ainda tentava arrumar seus pensamentos sobre a externa que tinham gravado 2 dias atrás. Uma cena cheia de pontos importantes tanto para a novela, quanto pro enredo por trás da câmeras. E, se ela mesma tinha dificuldade de ordenar os acontecimentos por não ter tido tempo para parar e pensar nisso até agora, imagino vocês, que não estavam lá. Então me permitam ambientá-los no roteiro da Cena do Lago:

Kelly tinha convidado Raíssa para tomar banho no lago, e, para sua surpresa, ela foi mesmo. Aquele foi um dia cheio de surpresas pra Kelly, na verdade.

Desde o início da novela, Raíssa achava estranhíssimo Kelly se sentir tão a vontade em tirar a blusa sempre que estavam a sós ("uai, a gente é mulher", Kel dizia. "Você não é minha amiga não?"). Ao passo que a lavadeira dos La Selva quase furava alguém, tirando a peixeira da bainha de couro na coxa, quando entrava em algum quartinho e encontrava Kelly de seios á mostra com qualquer outra das meninas do Naitandei, mesmo que todas estivessem assim. "É mania de rapariga", falava Kelly, tocando o braço de Raíssa, abaixando a arma branca e lhe enviando arrepios. "Não tem nada demais", mas seus olhos brilhantes e sorriso malicioso diziam outra coisa.

Na fatídica cena do lago, foi Raíssa quem fez questão de lembrar ela de "tirá esse corpete... Se não vai moiá".

"Hum, mas não era você que falava que mulher não pode ficar assim, de pomo de fora?" Kelly entrava na água o mais devagar possível, fazendo charminho enrolando as pontas dos cabelos.

"Mas ocê já fica assim memo com as suas rapariga..." Já envolvendo seus braços em torno da cintura da ruiva, puxando-a pra perto e desamarrando o biquíni por trás.

"Você vai ficar de melão de fora também, Rai-de-sol?"

"Ocê querendo eu fico, tá calor..." Raíssa se apressou em tirar o vestidinho já molhado e jogou em algum lugar da margem, pressionando os seios de Kelly embaixo dos seus com um apertãozinho mais quente. "E ocê tá madurinha hoje."

Mas, antes que esse flashback se transforme numa oneshot Kellíssa da Cena do Lago, entra Diana no camarim, toda esbaforida, e o olhar da morena vai até um buquê de margaridas e um embrulho grande e misterioso que Diana descarregou nos seus braços imediatamente, depois até a saia de Kelly (merda, parecia um imã) já se franzindo no quadril, que a ruiva tratou de abaixar rebolando.

— Pra mim?

— Tira o olho, esses são pra mim. Mas tem um monte de coisa pra você. Vem — Diana puxou Anaí pelo cotovelo, a maior ainda um pouco tensa.

Mas o clima não estava tenso, não. A ruiva tinha um leve sorriso nos olhos, como se estivesse animada para algo. E ela esperava que sua expressão despreocupada, contrastando com as mensagens, iria confundí-la. Era isso que ela queria. A maior se segurou no lugar meio dura, rindo sem graça pois que não estavam sozinhas no camarim.

De Repente Fico - GIRL ! DIMAURYOnde histórias criam vida. Descubra agora