De Repente Fico - GIRL ! DIMAURY

6. Chuva de Prata

— Ooooiiii.... — O sorriso cômico clássico de início de stories foi interrompido por um puta trovão, que fez Diana arregalar os olhos e olhar pro lado. Foi alguns passos pra trás acidentalmente até esbarrar nas coxas de Anaí, que se apoiava atrás dela no balcão. Ela decidiu que era um bom lugar pra recostar. Quem viu o story pôde notar os lábios da maior se remexendo, prendendo um sorriso. — Esse foi com Deus, né? Esse já era...

— É, foi, foi — Os olhos de Diana definitivamente ficavam mais pra cima do que pra onde Anaí olhava. A mais alta apertou os lábios e sorriu novamente, voltando a se fitar na tela do celular pelo tempo que conseguiu evitar olhar a ruiva.

— Vamo de novo. Oooooiiii... —

O story cortou seco. Diana postou rapidamente, iniciando outro com a naturalidade de quem não estava ajeitando a bunda no topo da coxa da colega de trabalho.

— Aparecemoooos... Estamos em situação de Arca de Noé aqui no set e viemos só pra... — A coxa de Anaí se contraiu atrás dela. — Quer falar, Anaí? — Fez questão de desviar o olhar da câmera para o rosto atrás dela, sondando os olhos rapidamente pela boca.

— Eu falo — Voz mais grave que o habitual, antes de normalizar. A morena apontou o dedo com o braço que cercava Diana no balcão, fazendo os cachos caírem de seus ombros. — Ó, gente! A gente tava gravando, aí resolveu cair um dilúvio aqui no Rio de Janeiro, a produção daqui a pouco vai trazer botes pra levar a gente pra casa...

— Aham, molhou tudo aqui. Uma loucura.

— Tudo molhado né, Diana, você se molhou?

— Cala boca! A gente apareceu só pra avisar...

— Pra avisar... Deixa eu falar, pô. Ixcrota — Julinha a repreendeu, tocando seu braço com um muxoxo.

— Hã, fala. — A ruiva diminuía um sorriso para a câmera.

— Pra avisar que domingo agora a gente vai estar na Parada LGBTQIA+ de Madureira, á partir das 10 da manhã... A Diana vai estar lá toda linda e enfeitada e eu também, pra prestigiar esse movimento lindo e tão importante...

— Eeeeee na semana que vem... — Diana a interrompeu novamente. A ideia era terminar o story logo, começar a beber o quanto antes.

— Semana que vem a gente vai estar em São Paulo, juntas de novo, infelizmente porque ela me persegue por toda parte, gravando várias coisas pra vocês, tem ensaio, tem participação, tem vinheta... Pronto, tá bom?

— Tá, tá ótimo. É isso aí que ela disse! Amanhã a gente se vê em Madureira. É só olhar pra cima pra achar que a gente vai estar no... No alto, tá? No... No trio elétrico. Mmmah

Ela fez um barulho esquisito de boca aberta antes de concluir e postar o story, desencostando calmamente do colo de Anaí, que alisou a própria coxa. Podia jurar que estava quente.

Era só pra ser uma social improvisada na casa do Rainer, que Anaí nem ia, por sinal. Esse era o plano pra hoje. As gravações deveriam terminar no mais tardar ás 20, 21h, o pessoal se empolgou de última hora durante a tarde e marcou. Ninguém contava com o tempo virando pouco antes.

No Rio de Janeiro, quando chove, alaga. Faltou luz por quase 1h e meia, a chuva ilhou todo mundo na cidade cenográfica e, mesmo se a energia normalizasse, o som do vendaval nas telhas tornaria a gravação impraticável. As bebidas — compradas na hora do almoço ou angariadas dos presentes acumulados no quartinho — já estavam lá, e putz, era sexta á noite... Anaí não teve escolha. O elenco pediu para a mais charmosa, a mais querida do set dar uma palavrinha com os superiores junto com os diretores da vez, para liberar a pequena confraternização. Cumprimentar a todos da rodinha tem suas vantagens.