9.1 Sorteia Uma Fã

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Quando a porta abriu, haviam 3 colegas de trabalho do outro lado dela, aguardando um carrinho.

Não poderia haver, possivelmente, um momento mais inoportuno pra isso.

Ambas portavam coques bagunçados no alto da cabeça, o cabelo completamente impraticável. A boca de Diana devia estar vermelha igual a do auxiliar do Randall de Monstros S/A depois de passar pela máquina sugadora de gritos. Bochechas coradas, sorrisos amarelos, possivelmente uma mordida no antebraço de Anaí, que, óbvio, já estava toda suada.

Os olhos de Debora, Vitti e Nati se voltaram para a morena, e sua aura exalava um bom humor que só quem deu mais que Jesus aos pobres poderia ter. Caras de surpresa surgiram junto com parabenizações, e, ao passo que Diana sempre ficava um pouco nervosa perto do monumento que é Nati Dalmolin, Anaí ficou um pouco mais quando a viu apontar a câmera do celular.

Enquanto a morena era afagada pelos colegas, Diana recorreu a um checklist mental: O medo de ter um pentelho no seu dente era muito real, e será que ela tinha limpado o rosto o suficiente? Começou a rezar pra que o lenço umedecido tivesse mitigado o lance do cheiro por hoje, mesmo que não tivesse mais como fugir do perfume que Anaí usava entranhado nela. Tinha se esforçado bastante pra não marcar a pele dela também... Nenhum desses era o maior dos seus problemas.

O indissimulável mesmo era aquele shortinho em Anaí... Como se as coxas dela já não chamassem atenção feito dois letreiros de led sempre. Qualquer pessoa saberia que aquele não era o seu tamanho. Qualquer seguidor teria visto Diana ensaiando com ele 2 dias antes.

Por sorte a blusa de malha escondia ele quase todo, e quem sabe a baixa iluminação do local disfarçaria o resto. Nenhum dos colegas parecia visivelmente constrangido também, não teria como provar o que tinha acabado de rolar... E elas eram duas exibidas, pra ser falar a verdade. Se não fossem, não teria outro jeito a não ser denunciar Nati até sua conta cair.

Agora, o que sua mente destacou com marca-texto foi quando Rafa Vitti, se percebendo o último da fila pra cumprimentar Anaí, virou-se direto pra ela, tombou a cabeça, e disse, com um olhar curioso e um sorriso quase tão contente quanto daria a aniversariante "Oi, Diana, tudo bem?"

— A Tatá parece que tem sensor, né? Caraca.

Quatro pés de chinelo caminhavam juntos pelo asfalto molhado do Projac, dando a volta no complexo de estúdios. A chuva cessara, o chão emanava calor.

— A Tatá?

— É, quando não é ela, é o marido.

— Como assim? O Rafael te falou alguma coisa?

— Mas você só pode ser sonsa, Anaí. Ele num falou nada, mas nem precisou... Tô até agora ouvindo das lambidas avulsas do prêmio Multishow.

— Ah, era palhaçada da Tatá, mulher. Não tinha nada acontecendo.

— Mas agora tem! Pode escrever, essa mulher tá sentindo o cheiro.

— Pelo menos não era a... — Os olhares se encontraram, e foi como se um dossiê completo passasse de uma mente para a outra em segundos.

— É. Ainda bem, mesmo... — Diana a interrompeu, falando por cima de sua boca de caçapa antes que desse nome aos bois. Um grupo de atores de Fuzuê passava bem do lado. Com um dedo, riscou seu braço — Aí depois reclama que eu não te chamei pro After da Lud. Ela não ia junto?

— Hã, pronto... Não é nem desse after que eu tô falando, pra começo de conversa, e você está deliberadamente evadindo as minhas pautas—

— Aí, ó. Tá vendo? Outra resposta escorregadia de Anaí Lorenzo.

De Repente Fico - GIRL ! DIMAURYOnde histórias criam vida. Descubra agora