Já se passaram semanas desde o incidente com Nate na escola e o confronto explosivo de Âmbar com Fezco. Nate, acusado de agredir Maddy, foi suspenso temporariamente até que o caso fosse resolvido.
Segundo as ordens de Cal, Âmbar não iria frequentar as aulas também, para mostrar apoio ao irmão, para ser honesta a garota ficou aliviada com a escolha, porque assim estaria evitando a pressão e o estigma associados ao sobrenome que compartilhava com seu problemático irmão.
Âmbar estava na companhia de Rue, chapadas as duas riam sem parar, enquanto experimentam algo que Âmbar mal consegue identificar.
— Cacete, Rue, eu não tô sentindo nada, eu tô falando sério. Me bate. — Âmbar diz, gargalhando, e Rue, seguindo a sugestão, dá um tapa no rosto dela, resultando em uma explosão de risadas. — Eu não tô sentindo nada, é tão legal.
— Eu tô ouvindo um "uauaua" na minha cabeça. — diz Rue, provocando mais risos. — Vai! — Ela pede a Âmbar que a bata também.
Âmbar responde ao pedido, batendo em Rue e desencadeando mais risadas.
— Vai, agora pra valer. — Âmbar desafia.
Rue fecha o punho e desfere um soco em Âmbar, que acaba batendo o rosto em uma cômoda.
— Eu não tô sentindo nada, Rue. — diz Âmbar entre risos, criando um momento de descontração peculiar.
(...)
Ao retornar para casa, Âmbar buscava ficar mais consciente do que se desenrolava ao seu redor. Ao subir as escadas, a garota se depara com a porta de Nate entreaberta. Se aproximando da porta ela observa o irmão deitado na cama, perdido em seus pensamentos enquanto fita o teto.
Lembranças da infância inundam a mente de Âmbar, evocando tempos em que os irmãos eram inseparáveis, compartilhando um vínculo tão forte que pareciam ser um só. Da noite para o dia, algo mudou de repente, transformando Nate em uma criança reservada. Âmbar não entendia a razão por trás dessa mudança abrupta de seu irmão com ela, pensava que ele não deveria agir assim com Âmbar, já que quem era culpado disso era Cal, não ela.
Apesar da relação alterada, havia momentos em que Nate assumia o papel protetor de irmão mais velho. Um episódio em particular ficava nítido na memória de Âmbar: quando um garoto mais velho ameaçou Âmbar por causa de conflitos com a irmã mais nova dele. Nate, ao ver sua irmã chegar em casa chorando naquele dia, resolveu a situação de maneira drástica, confrontando o garoto e quebrando-lhe o pulso no processo.
Eram raros os momentos em que Nate mostrava bom humor e compartilhava conversas com a irmã mais nova. Âmbar aproveitava cada um desses raros instantes, sentindo saudade da conexão que costumavam ter, e esses breves momentos serviam como lembretes do que um dia já foram.— Nate. — Âmbar chama, fazendo o garoto desviar a atenção para ela. — Você está bem? Não te vi saindo muito de casa desde que foi suspenso.
— Estou. — ele responde brevemente. Âmbar estava prestes a voltar para seu quarto, decepcionada pela recepção fria do irmão, quando ele acrescenta. — Acho que acabei nunca te pedindo desculpas pelo dia em que falei que você estava se envolvendo com o Fezco por drogas. Foi mal por isso.
Âmbar, surpresa pela inesperada confissão, pensa: "Ficar isolado em casa realmente está mexendo com o Nate. Já faz pelo menos 4 anos que não o vejo se desculpar por algo."
— Tá de boa, Nate. Eu também estava errada em ficar tanto tempo fora de casa naquele dia. — Âmbar diz, decidindo se sentar na cama do irmão mais velho.
— Mas você tá realmente tendo algo com o ruivo? — Nate pergunta, desviando o olhar para o teto.
— Eu nem falo mais com o Fezco. — ela responde, deitando-se na cama. — Mas por que a pergunta? Tá com ciúmes, maninho? — ela brinca.
— Vai se ferrar, Âmbar. — Nate diz, jogando um travesseiro na cara da irmã mais nova, provocando risos em ambos.
— Nate. — Âmbar diz, tentando criar coragem para perguntar algo.
— Uhm? — Nate responde, aguardando a pergunta.
— Você realmente fez aquilo com a Maddy? — Ela pergunta, e um silêncio paira no quarto.
— Mais ou menos. — ele responde, fazendo Âmbar sentir um aperto no peito. No fundo, ela ainda tinha esperanças de que Nate não tivesse feito aquilo, mas o que esperar? É o Nate.
— Que droga, Nate. Olha, sei que nossos pais são terríveis demais para terem uma conversa dessas contigo, mas não importa a situação, nem mesmo se a Maddy fizesse algo horrível, você não tem o direito de agredi-la. Sei que ela ainda é apaixonada por você, então é melhor encontrar uma forma incrível de pedir perdão para ela, seu idiota. — Âmbar fala, lançando um travesseiro na direção de Nate.
— Eu vou dormir agora, boa noite, Nate. — ela diz, se levantando da cama.
— Boa noite. — ele responde, pensativo. — Você não pode contar isso para ninguém, eu tô falando sério.
— Eu sei. — Âmbar diz, fechando a porta do quarto.
Âmbar vai para seu quarto, refletindo sobre o que acabou de ocorrer. Estava contente por ter tido uma conversa com o irmão sem quase partir para a briga, mas também desapontada ao saber que ele realmente tinha feito aquilo com Maddy. A garota passou a noite imaginando como ela e Nate seriam se nunca tivessem visto aqueles vídeos no escritório de seu pai. O quanto uma boa criação poderia tê-los transformado em pessoas totalmente diferentes. Diante desses pensamentos, Âmbar acabou pegando no sono.
*
O capítulo contém inspirações em cenas do filme Thirteen
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DREAM STATE, Fezco
FanfictionEm meio a crescentes conflitos familiares, Ambar Jacobs se vê afundando cada vez mais nas drogas. Enfrentando adversidades, encontra consolo e proximidade inesperados em Fezco, que, por acaso, é o fornecedor de drogas local.