Pego entre o diabo e o profundo mar azul [PT-BR]

O pai, o filho e o desejo desperdiçado

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TW: Esse capítulo contém uma cena de estupro no final, prossiga com isso em mente.

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"Pare com isso!" Tetsurou tinha Kenma prensado no mastro enquanto o garoto tentava desesperadamente alcançar a arma em seu quadril. "Você precisa se acalmar e pensar. Nada vai funcionar se não pensarmos!"

"Atire em si mesmo--" Kenma engasgou em soluços, "Será mais rápido, eu estou te implorando! Eles estão nos alcançando, é tarde demais! Por favor..." Ele soluçou, mas viu a fúria nos olhos de Kuroo e sabia que não havia esperança para tal plano.

"Eu não vou morrer como um covarde, Kenma. Eu vou te proteger e isso será muito mais difícil com uma bala na minha cabeça." Ele afrouxou sua pegada no garoto e trouxe as mãos ao rosto de Kenma para tentar enxugar algumas de suas lágrimas. "Se eu morrer, quero morrer com dignidade... Mas eu não vou morrer." Ele deu um sorriso de lado, como ele poderia sorrir em um momento como este?

A cabeça de Kenma estava girando, tudo estava fora de ordem. "E se você morrer?"

"Impossível, querido. Eu prometi te manter seguro. Até você voltar para minha cama, roubando cobertores e murmurando durante o sono, eu não irei a lugar algum."

Talvez fosse a insanidade se estabelecendo, ou talvez o completo desespero se traduzindo em algo estranhamente niilista.

Kenma relaxou os ombros tensos e engoliu, finalmente concordando apesar de sua completa incredulidade. Ele podia ver todos os outros se apressando, se preparando com armas e posições que seriam insignificantes em breve. Disparar canhões só irritaria um navio muito mais poderoso que dificilmente sofreria danos. Meios inúteis de agitar ainda mais o inimigo.

Finalmente, ele diminuiu suas lágrimas. Kenma não as sentia escorrendo por suas bochechas sem parar, talvez ele já tivesse chorado tanto que estava sem lágrimas. Ele fungou e olhou para o navio que se aproximava em uma velocidade muito alarmante. Era inevitável, a única questão era o que aconteceria quando fossem pegos.

"Eu vou..." Kenma murmurou, apontando para os aposentos do capitão, "Eu preciso pegar algumas coisas."

Tetsurou encarou, sem ter certeza se deveria acompanhá-lo ou deixar Kenma se virar sozinho por alguns minutos.

É meu dever como capitão ficar aqui e manter os homens prontos para qualquer coisa e preparados para seguir meu comando.

Mas Kenma.

A menos que vencessem esta batalha, era muito provável que perdesse Kenma ou morresse tentando salvá-lo. Não importa o quão corajoso ele parecesse na frente do garoto, ele estava limitado em opções.

"Vá," Atsumu colocou a mão no ombro de Tetsurou, "Não demore muito, apenas cuide do que precisa."

Kuroo não perdeu tempo voltando para os aposentos do capitão para chegar até Kenma. Ele ouviu o som de tilintar e badalar, que o guiou até onde Kenma se escondia em seu quarto, mexendo na caixa de joias que o pirata havia colecionado ao longo dos anos, colocando qualquer coisa que servisse nele.

"O que--"

O garoto não levantou os olhos. "Eu gostaria de parecer um pirata", ele anunciou friamente. "Eu já estou fodido. Estou todo de preto, tenho uma orelha furada." Ele vasculhou itens que não eram dele, mas não achou que isso importasse mais, "Quero que ele me veja e saiba que não sou como ele, e nunca realmente fui."

Havia um brilho no peito de Kuroo, como se estivesse vendo Kenma crescer em tempo real. Ele estava se tornando sua própria pessoa; não um capitão, não um marinheiro, nem mesmo um pirata. Apenas Kenma. Perfeito Kenma. Terrível, teimoso, irritante, bonito, falho Kenma. A única pessoa que Kuroo queria ver agora. "Kenma..." Kuroo sorriu, "Quanto tempo você acha que temos até nos alcançarem?"