Capítulo 17

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A grande fogueira apenas aumentava de tamanho enquanto corpos eram jogados nela. O fogo ao redor consumia tudo, era como se houvesse um rosto nele que estava se alimentando dessas vidas ceifadas. Ri Yue achou que também era apenas um corpo morto, ele estava morto por dentro e caminhou até a fogueira.

Aquele fogo preencheu os seus olhos e ele não conseguia ver mais nada além desta luz, tão quente e cheio de vida. Talvez essa fosse a porta para ver as pessoas que tanto ama e anseia. Com olhos fechados ele se aproximou e apenas sentiu o calor que o abraçava como um bom amigo.

Ri Yue não abriu os olhos e sentiu seus braços ficarem livres e então os ergueu para o alto. A sensação de estar aquecido o lembrou do abraço de sua mãe e ele olhou aliviado. Talvez essa fosse a melhor coisa que aconteceu em sua vida em anos.

“Mamãe, papai, estou chegando.” Ri Yue começou a rir com um misto de felicidade e alívio.

Chao Hai o viu em meio ao fogo e suas roupas queimaram completamente sem deixar vestígios. Seu coração se encheu de desespero e ele correu tentando achar um meio de alcançar Ri Yue, mas o fogo apenas queimou parte de suas mãos. 

“Ri Yue, saia rapidamente, você vai se ferir.” Chao Hai correu em volta da fogueira tentando achar uma abertura, mas o jogo não o permitia entrar.

Ri Yue ouviu a voz de Chao Hai e abriu os olhos apenas para ver que não estava morto e nem ferido. Ele não conseguiu chegar aos céus e agora via um demônio o rondando no inferno? Seu corpo não estava queimando e suas vestes se foram. Os corpos daquelas pessoas mortas e de sua família também estavam lá, mas e ele? Por que ainda estava ali?

“Me dê sua mão, por favor.” Chao Hai estendeu a mão para ele e seus olhos nervosos estavam cobertos por lágrimas, ele não estava raciocinando direito nesse momento.

Ri Yue começou a chorar e soluçar, ele só queria partir como todos os outros, mas até mesmo a morte o rejeita. Ele não vai sair dali, enquanto o fogo queimar ele irá permanecer na esperança de também queimar até não restar nada.

O sol estava nascendo e as chamas também começaram a se distinguir, deixando apenas alguns ossos, fuligem e Ri Yue. Ele estava com a cabeça baixa, parecendo não ver mais nada em seus olhos.

“Vamos para casa.” Chao Hai o cobriu com uma capa e o puxou para fora daquele imenso círculo escuro.

****

Os portões da cidade foram abertos ao som de palmas e gritos de felicidade, as pessoas pareciam muito felizes com o retorno do príncipe Chao. Chao Hai acenava para as pessoas com um grande sorriso, ele estava satisfeito com o que havia feito, mas a pessoa ao seu lado não conseguia entender o que estava acontecendo.
“Eu quero minha mãe.” Ri Yue sussurrou para si mesmo.

“O que disse?” Chao Hai o encarou com um sorriso gentil.

Ri Yue continuou balbuciando coisas que Chao Hai não entendia e ele o deixou quieto para voltar a olhar a multidão que acompanhavam a carruagem. Tudo isso devido à mentira que havia contado ao imperador de que iria suprimir forças rebeldes que estavam mantendo Ri Yue como refém. 

Ao entrar na sala do trono duas figuras estavam ao lado chorando como se tivesse visto a última salvação. Aqueles eram os pais falsos de Ri Yue.

“Meu precioso filho, você voltou para sua mãe.” Feng Yao o abraçou com força.

“Filho, é uma benção que esteja de volta.” Qi Yu respirou fundo como se quisesse conter as lágrimas.

Ri Yue olhou para essas duas pessoas e depois para o sorriso de Chao Hai. Estava mais do que claro o que estava acontecendo, mas ele não tinha forças nenhuma para dizer algo. Seus olhos ficaram turvos e suas pálpebras pesadas, suas pernas cederam e ele foi amparado por braços fortes. Como foi forte o seu desejo de que esses braços quentes fossem de Shan Duo, seu único amor. Onde ele estaria agora se não estivesse morto? Ele iria procurá-lo?

A cama era tão macia, o lençol que passava pelo seu corpo não arranhava e também era macio. Ele estava em casa? Não, era pior que o inferno.

"Finalmente acordado." Chao Hai sorriu com excitação.

Ri Yue olhou para esse homem e em seu coração havia tanta raiva, mas o que ele poderia fazer? Não existe mais nada em sua vida, ele até mesmo não podia morrer. O quão cruel precisa ser sua vida para que tenham misericórdia? Quem sabe.

"Tenho algo para você." Chao Hai saiu do quarto rapidamente.

A porta se abriu e um choro estridente ocupou o silêncio do quarto. Ri Yue levantou os olhos e viu um pequeno bebê chorando enquanto balançava os braços. Ele estava com medo.

"Esse é o meu presente para você." Chao Hai colocou o bebê nos graças dele.

Ri Yue olhou para ele, seu pequeno corpo parou de tremer e agora seus olhos olham para ele enquanto parava de chorar. Que lindos olhos esse pequeno possui.

"Você é lindo." Ri Yue não conseguia conter as lágrimas.

Um momento atrás ele estava pensando em como as coisas eram para ele. Tão injusto e cruel, mas agora ele tem esse pequeno bebê. Seu nome? Qual é o seu nome?

"Vou chamá-lo de Ri Duo." Ri Yue sorriu para o pequeno.

Chao Hai não se opôs ao nome, ele nem mesmo sabia que era em homenagem ao amor de Ri Yue. Ele também achou que era um bom nome.

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