Capítulo 18

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Ri Yue passou os dias cuidando do pequeno Duo e se recusou a sair. O imperador e a imperatriz achavam que ele estava apenas traumatizado. Chao Hai disse que ele havia passado por muitas coisas enquanto esteve com os rebeldes. Quem não acreditaria nele?

Concubina Bao o visitava algumas vezes, ela dizia gostar da criança e querer ajudar a cuidar dele também. Ri Yue não confiava nela, ele não confiava em mais ninguém, nessa vida ele só poderia confiar no dia em que finalmente morreria.

"Ele recebeu o seu nome? Isso não é certo, esse bebê é filho do príncipe Chao. Você não sabia disso?" A concubina Bao fingiu uma estranha surpresa.

"Eu não sabia, ele disse que é um presente." Ri Yue olhou para o pequeno Duo.

"Não se preocupe, ninguém vai saber disso." A concubina Bao colocou o lenço em cima da boca para esconder seu sorriso.

Na sala do trono, o imperador Chao estava se perguntando o que havia acontecido com a concubina Dan. Seu corpo foi enterrado imediatamente, nem mesmo sua família pode vê-la. Bem, isso é um assunto de seu filho que ultimamente parecia ter tomado juízo de seus atos e agora age como um bom príncipe.

Pobre imperador, ele não imagina o que seu único filho estava planejando para ele. O seu fim agora está na mão dessa criança que viu crescer. Talvez ele tenha pena da imperatriz, sua boa e gentil mãe.

Chao Hai tentou fazer com que Ri Yue o servisse a noite, mas sempre era rejeitado e em seus ataques de raiva, ele batia em Ri Yue com tudo que via pela frente. Uma noite, ele bateu tão forte nas pernas dele que foi preciso chamar um médico para ter certeza que não havia quebrado algum osso. Ri Yue não conseguiu andar por dias.

Então um ano se passou, e as coisas continuaram as mesmas. Ri Yue apanhava todos os dias e um dos castigos que Chao Hai achou para ele, era levar Ri Duo para longe e dizer que havia o jogado no fogo.

Ri Yue não aguentava de medo e gritava como louco. Ele tentou tirar a própria vida muitas vezes até que acabou acorrentado na cama, com nada ao seu redor. Chao Hai o via todos os dias e contava todas as suas aventuras sexuais com as prostitutas e dizia que elas eram melhores do que ele.

Dois anos se passaram, Ri Yue havia parado de falar, ele não pedia nada, não implorava por nada. Passava a maior parte do tempo olhando para o nada. Quanto a Ri Duo, a concubina Bao estava feliz em criá-lo, ela passou a dizer que o filho era dele. Todos sabiam que não, mas ninguém ousou dizer nada sobre isso.

Chao Hai estava contente em voltar para o quarto à noite e observá-lo, mas com o tempo isso não era mais o suficiente. O tédio tomou conta dele e às vezes ele trazia alguns de seus soldados para brincar com Ri Yue a noite. Ele não resistia, era o suficiente que não fosse Chao Hai. Ele nunca o teria de boa vontade. O preço era alto, mas não importava.

Ri Yue ficou confinado naquele quarto por cinco anos. Ele olhou ao redor e viu Mee o observando.

"Mãe, como você está hoje?" Ri Yue a viu se aproximar da cama com um sorriso.

"Eu estou bem, e você?"

"Estou cansado como sempre. Tem algo a me dizer?"

"Uma história, eu vou contar para você." Mee se levantou e ficou de pé em frente a cama.

Todos os dias ele tinha delírios com a sua família o visitando. Seus pais, Shan Duo, Jian, Mee e até mesmo aquela criança que havia sido jogada no fogo. Mas seus corpos estavam do jeito que haviam morrido, demorou muito tempo para que Ri Yue conseguisse olhar para eles sem sentir medo e remorso. O remorso e a culpa ainda existem, mas o medo se foi a muito tempo.

Ri Yue levantou da cama e sentiu vontade de dançar. Então ele viu aquele mesmo bordel, com as mesmas acompanhantes e os homens que o assistiam dançar. Ele sorriu como havia sido ensinado e dançou o mais graciosamente possível.

O tempo em que ele acompanhava os homens e os serviam por dinheiro, parecia ser tão distante como se fosse o passado de outra pessoa. Por que estava se sentindo feliz com isso? Talvez estar em um bordel seja melhor que esse quarto frio.

"Espero que minha dança os agrade." Ele não se importou com a corrente em seu tornozelo.

Ele iria se agarrar o quanto fosse nessa ilusão. A música estava animada e até mesmo a corrente sacudiu com o ritmo, ele se esqueceu dela.

Os servos ouviram o barulho da corrente, mas não se importavam. Com o tempo, vendo como o príncipe parecia não favorecê-lo mais, eles também o maltrataram lhe dando comida estragada e poucos banhos. Suas roupas não eram quentes no inverno e as lamparinas não eram acesas a noite.

Porém os devaneios das ilusões o deixavam feliz por um tempo. Pelo menos assim ele não estaria sozinho, apesar de não conseguir mais saber o que é real ou ilusório. Ele não se importava de qualquer maneira.

Ele olhou para um ponto no quarto e viu Shan Duo vestido de noivo. Aquela veste vermelha brilhante ofuscaram seus olhos, é tão lindo. Ri Yue correu para ele, mas acabou atingido uma viga de madeira e caiu no chão com um estrondo.

Dessa vez os servos entraram e viram o sangue saindo da cabeça de Ri Yue. Uma parte não se importou e outra parte achava que seria melhor chamar alguém, mas eles apenas fizeram isso no dia seguinte.

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