Capítulo 16

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Ri Yue estava preparando o jantar quando ouviu um grito. Ele correu para a sala e viu que todos estavam bem. Ele olhou ao redor e parecia que não havia nada fora do normal.

“Vocês ouviram isso?” Ele abriu a janela e olhou para fora.

“O que há de errado?” Mee não entendeu o que seu filho estava fazendo.

“Eu ouvi um grito.” Ele colocou a mão sobre o peito tentando controlar a respiração.

“Está tudo bem.” Shan Duo o puxou para se sentar.

"Você está certo, eu devo ter ouvido errado.” Ele sorriu enquanto olhava para a porta.

O que eles não sabiam é que Chao Hai havia chegado à villa com seu exército e entre eles muitos mercenários. Chao Hai descobriu onde Ri Yue estava graças às pinturas, alguns meses atrás alguns comerciantes da vila foram à capital e viram as pinturas. A recompensa era muito tentadora e eles relataram tudo. Antes do final do dia eles foram mortos pelos soldados de Chao Hai. Ninguém poderia saber disso e rapidamente as pinturas foram recolhidas.

A villa foi cercada e apenas as poucas casas que ficavam mais distantes conseguiram ouvir algo, mas a matança começou por eles. As Pessoas se deram conta do que estava acontecendo depois que as casas começaram a pegar fogo e esse foi o sinal para a invasão completa.

As poucas crianças que foram capturadas ficaram sob a mira dos soldados e não puderam fugir. Enquanto a villa estava em completo caos, Ri Yue ajudou Mee e Jian a se esconderem, ele não poderia ficar e esperar pelo pior, então saiu com Shan Duo para encontrar uma rota segura para fugirem.

Todas as casas foram invadidas e revistadas, nem mesmo Mee e Jian conseguiram se esconder e também foram capturados. Uma grande fogueira foi acesa e os sobreviventes foram colocados de joelhos ao redor.

No fim da colina havia uma pequena estrada de terra utilizada para subir a montanha, essa seria a rota de fuga perfeita e então eles voltaram. A casa estava queimando de dentro para fora e Ri Yue correu nessa direção, mas Shan Duo o segurou.

“Eles não estão na casa." Shan Duo segurou o rosto dele perto do seu e sorriu para confortá-lo.

Do alto da colina vários homens a cavalo desceram e os cercaram enquanto riam. Esses homens se vestiam com peles de animais e seus rostos estavam pintados de vermelho, seus olhos ardiam com o prazer da morte.

“Saiam da frente.” Chao Hai os empurrou.

Seus olhos caíram naquelas duas pessoas abraçadas e ele os encarou sem reação. Parecia que nada daquilo importava, mas seu rosto ficou retorcido aos poucos e os mercenários ao redor piscaram achando que até mesmo esse homem consegue ser mais assustador que seu próprio líder.

“Amarrem eles e tragam para a fogueira." Chao Hai rapidamente começou a galopar para longe deles.

Shan Duo e Ri Yue foram separados com relutância, mas apenas um deles sofreu fisicamente ao ponto de ficar desacordado. Esses mercenários receberam uma pintura de Ri Yue e sabiam que não poderiam tocar nessa pessoa, porém eles foram tentados por sua beleza que nesse momento se encontrava em desespero.

A fogueira estava sendo alimentada com as lenhas que os aldeões coletaram durante todo o verão e parecia um monstro de fogo. Alto o suficiente para quase tocar o céu.

Shan Duo foi jogado inconsciente no chão e Ri Yue colocado ao lado de Chao Hai. Ele estava chorando tanto ao ponto de seus olhos doerem, mas ele não se importou. A pessoa que ele ama estava em um estado lamentável e ele não conseguia correr para ele. Havia cordas ao seu redor e suas mãos foram amarradas juntas, deixando apenas uma ponta ao qual Chao Hai enrolou na mão.

“Esse homem se chama Ri Yue, meu amor, meu destino. Ele foi escondido nesta villa por vocês e agora também irão sentir um pouco da angústia que me foi causado.” Chao Hai acenou com a cabeça e uma senhora idosa foi atirada ao fogo.

Seus gritos despertaram Shan Duo e ele viu aquela pobre mulher perder a vida. Ele levantou com dificuldade e seus olhos logo caíram em Ri Yue que estava com seus cabelos soltos e desgrenhados.

“Ri Yue.” Ele gritou, mas recebeu um golpe na cabeça e caiu no chão outra vez.

Shan Duo lutou para não perder a consciência e abriu os olhos vendo seu Ri Yue tentando correr para ele. Chao Hai ficou irritado e puxou a corda trazendo Ri Yue para seus braços. Ele olhou para aqueles olhos enevoados com lágrimas e mordeu os lábios dele. 

“Você grita por ele, pede por ele e quer que eu o deixe ir como quiser. Meu amor, você me atribui tanta mágoa com o seu desamor por mim.” Chao Hai o jogou no chão e pegou uma criança no colo.

Aquela pequena criança chorava enquanto pedia pela mãe, mas sua voz se foi em meio às chamas. Ri Yue parou de chorar e com a boca manchada de sangue gritou, gritou o mais alto que seus pulmões puderam aguentar. Seu rosto retorcido de dor entregava para aqueles homens o mal que estava sendo feito, mas Chao Hai não se compadeceu.

“Matem todos, mas aquele homem é meu.” Chao Hai apontou para Shan Duo.

Ri Yue se levantou em desespero e tentou correr para perto de sua família, mas Mee não estava respondendo seu chamado e Jian também não. Shan Duo era o único que ainda conseguia olhar para ele, parecia que os outros estavam mortos, mas por que? O que essas pessoas fizeram de tão ruim para merecerem a morte?

“É tudo minha culpa, eu fiz isso.” Ri Yue olhou para aqueles corpos e em seus olhos, aos poucos, parecia não haver mais nada. 

Ri Yue viu Chao Hai levantar Shan Duo do chão e atravessá-lo com sua espada. Aqueles olhos preocupados estavam neles e aos poucos se fecharam. Tudo ao seu redor estava morto.

“É minha culpa." Ri Yue olhou para o céu e desejou que seus pais estivessem com ele agora.

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