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O coelho de pelos ruivos foi bem recebido pelos funcionários.

Todas as crianças estavam animadas porque Otts foi permitido, mesmo com o lembrete constante de Billy que o coelho pertencia a ele. Lottie não deixou de se entusiasmar também pelo seu novo amigo, ou pelo o que os outros chamavam, Tom.

Lottie estava quase sempre acariciando o novo membro do Orfanato e quando não estava, procurava Tom para conversar sobre seus livros entediantes. Mas quando permaneceram em silêncio, a menina começou uma série de questionamentos.

- Tom - o garoto soltou um murmúrio. - o que você mais valoriza na vida?

O garoto pensou na resposta.

- O poder e o conhecimento são importantes para mim, mas também valorizo a lealdade.

Agora foi a vez da garota soltar um murmurinho.

- Por que poder?

Tom cruzou as pernas ainda sentado.

- Por que não quero continuar sendo um ninguém. - ele disse olhando o céu azul, fechando os olhos pela forte claridade.

- Ao menos você tem um sobrenome. - Lottie respirou fundo e fechou suas mãos sobre o colo movendo suas pernas em agitação.

Ambos ficaram em silêncio.

- Você já se perguntou o que acontece quando alguém perde tudo o que ama? - Charlotte continuou o assunto.

- Eu já. E descobri que é quando somos mais vulneráveis.

Mais um murmúrio.

- Você já sentiu uma raiva tão intensa que parecia consumir tudo ao seu redor? - ela complementou.

- Você faz perguntas demais. - Tom disse hostil.

- Ok, ok, última pergunta. - Lottie pensou se seria uma boa ideia começar o assunto - Você realmente fez uma cobra te obedecer?

Tom pareceu surpreso.

- Como você... - Tom foi cortado.

- Ah, eu vi você aqui fora a alguns dias, você gosta mesmo de animais né?

Um silêncio surgiu.

- Eu sei de tudo - Charlotte disse prolongando a palavra e engrossando a voz para parecer com a de Tom, rindo em seguida, quebrando o clima de tensão.

- Não seja idiota - ele disse dando um pequeno empurrão no braço da menina.

E assim a tarde passava, ambos na companhia um do outro. Na semana seguinte as coisas já não eram mais as mesmas.

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Tom não parecia estar mais disposto a ter sua amizade. Ele a evitava na hora das refeições, sumia na parte da tarde e entrava mais cedo pra dormir no quarto de número 27.

Em um desses dias, Charlotte se aproximou e curiosamente Tom não se afastou.

- Ei, Tom. Podemos conversar? - sem receber uma resposta continuou - Existe algo que esteja te incomodando? Você parece distante e reservado e...

- Não é da sua conta, Charlotte. Não se intrometa na minha vida. - Tom disse, cortando sua fala.

- Desculpe se parece que estou me intrometendo, mas somos amigos certo? Eu só queria entender o que está acontecendo.

- Amigos? Eu não tenho amigos. E não preciso da sua compreensão, entenda isso.

- Mas Tom...

Mais uma vez a garota foi interrompida.

- Eu te disse que o que mais valorizo é a lealdade e você espalhou para todos que eu falo com cobras e agora me tratam como se eu fosse de outro mundo - ele se levantou do banco e se aproximou de Lottie, que parecia petrificada - Você está errada e todos verão isso. - disse passando por Charlotte e se afastando.

A garota permaneceu ali parada abaixo do sol, chateada, pensando que nada faria ele mudar de ideia.

E nada poderia preparar Charlotte para os segredos sombrios que aguardavam além dos portões proibidos.

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𝐂𝐨𝐫𝐚çõ𝐞𝐬 𝐂𝐨𝐫𝐫𝐨𝐦𝐩𝐢𝐝𝐨𝐬 - A História Não ContadaOnde histórias criam vida. Descubra agora