Capítulo 3

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Aiko

O homem ao meu lado está completamente ensanguentado, o cheiro de ferrugem está começando a me deixar enjoada e ele nem parece sentir o líquido viscoso secando aos poucos em seu torso.

Acabamos de entrar no carro e aparentemente ele está dirigindo para a sua casa, que logo mais será a minha.

Me incomoda um pouco saber que ele acabara de matar uma pessoa dentro daquele galpão o qual ele saiu e agora está ao meu lado dirigindo tranquilamente. Mas infelizmente eu nasci e cresci nesse meio, o que posso fazer, se não me acostumar?

- Então, querida Aiko. - meu nome sendo pronunciado em sua boca me faz estremecer.

- Sim?

- Quantos anos tem?

- Tenho vinte anos senhor.

- Eu não sou seu senhor, sou seu noivo e futuro esposo, mas talvez eu goste dessa palavra entre quatro paredes.

Ele fala com naturalidade e eu não entendo na hora então apenas assinto, mas quando o silêncio vem eu reflito e sinto o rubor atingir minhas bochechas com violência.

Ele percebe e gargalha, sua risada maldosa preenche todo o carro e me faz ter arrepios. Céus, que homem assustador!

- E você? Qual sua idade?

- Tenho vinte e oito, querida.

Mais um silêncio.

- Os cachorros te assustaram tanto assim? Eles nem ao menos latiram pra você.

- Eles são da raça Kangal, são os mais letais do mundo, óbvio que eu me assustei. Até babaram, se eu não tivesse gritado teria virado ração.

- Eles não comem humanos, só mastigam e cospem. - ele fala simples.

Arregalo os olhos. Esse cara é louco?

- Você é virgem?

Acabo engasgando e começo a tossir loucamente.

- Q-que tipo de pergunta que é essa?

- Você é minha noiva mão? Casais tem esse tipo de diálogo.

Sim,mas trocamos apenas algumas palavras! Penso, mas resolvo ficar calada.

Realmente nunca tive muitos namoricos de adolescência. Meu pai, mesmo ciumento, me deixava ter alguns paqueras pois sabia que era uma fase que todo adolescente iria passar, e o Chefe da Bratva não estava nem aí pra minha pureza e castidade, mas pelo visto, o futuro Pakhan sim.

Acabo pensando demais nos meus beijinhos de escola (o que foi o mais perto de contato que eu tive com um homem até hoje) e me pego sorrindo das minhas paixonites de adolescente.

Isso parece irritar meu noivo,pois ele me olha agora pronto pra matar qualquer um e meu Deus, tomara que esse alguém não seja eu.

- Então minha noivinha de santa só tem a cara. - ele fala quase rosnando, credo.

- N-não é nada disso, eu nunca...

- Você sabe o que te aguarda por não ter se guardado para o seu noivo, não é? E o filho da puta que te comeu também.

- Eu não fiz nada, você nem me deixa falar!

Ele me analisa rapidamente antes de voltar o olhar para a estrada.

- Não fez? - ele parece aliviado.

- Não, minha experiência com garotos foi no máximo uns beijinhos. - o silêncio reina no carro e eu me vejo perguntando algo que vou me arrepender. - Aquilo que meu irmão falou mais cedo, da sua fama... o que ele quis dizer com isso?

Ele abre a boca para falar algumas vezes mas fecha novamente.

- Achei que tinham te preparado para mim. Te adiantado como seria sua vida com o Pakhan da Bratva.

Eu fico calada,não sei o que falar exatamente. Ele parece não querer acrescentar mais nada,pois continuamos o resto do caminho em um silêncio ensurdecedor. Eu não vou tentar perguntar mais nada pra esse homem, ele é louco!

. . . . . . . . . . . .

Chegamos em um apartamento moderno, no centro da cidade.

Quando estamos fora do carro, papai vem até mim fazendo um exame completo em meu corpo, e só quando ele tem certeza que não falta nenhum pedaço em mim, ele se vira para o meu noivo.

- Vocês vão morar aqui? Tem certeza?

- Essa é meu apartamento de solteiro. Quando casarmos, iremos morar na minha própria mansão.

Meu pai parece concordar e meus irmãos chegam com as suas e as minhas malas.

Entramos na casa e Dmitri indica onde será o meu quarto, que curiosamente é em frente ao dele, e mostra o dos meus irmãos que vão dormir juntos, como sempre. Mas esse,fica na parte debaixo do apartamento, enquanto o meu fica no primeiro andar.

- Não acha que o nosso quarto está muito longe da nossa irmã?

- A casa é minha e vocês ainda querem ter moral pra escolher?

Kaito avança em Dmitri mas meu pai entra na frente fazendo ele parar.

Ele dá um passo pra trás e Dmitri ri debochado.

- Isso mesmo velho, segura o brutamontes se não é capaz de eu quebrar ele em duas partes.

Meu pai olha pra Dmitri com desprezo.

- Como se você fosse capaz.

Enquanto isso, meu futuro sogro está rindo da situação enquanto pega uma garrafa de Whisky em uma estante.

A Princesa YakuzaOnde histórias criam vida. Descubra agora