La Perla

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ITACHI UCHIHA POV ON

Na tarde seguinte, enquanto cruzávamos a avenida, eu encarava a janela, imaginando se meu dia poderia piorar. Eu odeio ficar parado no trânsito. O escritório ficava a apenas dois quarteirões e eu estava seriamente considerando sair do carro e andar a pé. Já passava das quatro da tarde e tínhamos percorrido apenas três quarteirões nos últimos vinte minutos. Perfeito. Fechando os olhos, encostei a cabeça no banco e relembrei a reunião que acabara de ter.

Nada em particular deu errado, muito pelo contrário. Os clientes ficaram entusiasmados com nossa proposta e tudo ocorreu sem maiores complicações. Mas acontece que eu não conseguia escapar do meu mau humor. Sasuke ficou me lembrando a cada quinze minutos que eu estava me comportando como um adolescente temperamental e, quando chegou o momento de assinar os contratos, eu queria dar uma surra nele. A toda hora ele ficava me perguntando qual era o meu problema e, francamente, não posso culpá-lo. Até mesmo eu tinha de admitir que vinha sendo um cretino nos últimos dois dias. E, vindo de mim, admitir isso é uma grande coisa. E, claro, Sasuke tinha de dizer, no final da reunião, que meu problema era falta de sexo. Se ele soubesse...

Fazia apenas um dia. Apenas um dia desde o incidente no elevador que me deixara duro como pedra e com um desejo de tocar cada centímetro da pele dela. Se você visse o jeito como eu estava agindo, realmente iria pensar que fazia meses que eu não transava. Mas não, um dia sem tocá-la já era suficiente para me transformar em um lunático.

O carro parou novamente e eu pensei que iria gritar. O motorista baixou o vidro que separava a cabine e o banco de trás e sorriu pedindo desculpas.

– Desculpe, sr. Uchiha. Sei que o senhor deve estar indo à loucura aí atrás. Faltam apenas dois quarteirões, será que não prefere ir andando? – olhando pela janela escurecida, notei que paramos bem em frente a uma loja da La Perla. – Posso estacionar bem ali...

Saí do carro antes que ele pudesse terminar de falar.

De pé na calçada esperando para atravessar a rua, percebi de repente que não fazia ideia de porque eu entraria naquela loja. O que pensava que iria fazer? Iria comprar alguma coisa ou estava apenas me torturando?

Entrei na loja. O assoalho era feito de madeira cor de mel, o teto estava preenchido por luminárias redondas agrupadas ao longo do grande saguão. A iluminação fraca banhava todo o interior com um brilho suave, iluminando as mesas e prateleiras cheias de lingeries caras. Algo naquelas delicadas rendas e sedas despertava um desejo muito familiar em mim.

Passando os dedos por uma mesa que ficava perto da porta, percebi que já tinha chamado a atenção da equipe de vendas. Uma loira alta se aproximou.

– Bem-vindo à La Perla – ela disse, olhando-me de cima a baixo como uma leoa admirando um filé suculento. Lembrei que uma mulher nesse ramo saberia quanto meu terno custara e saberia que minhas abotoaduras eram feitas de diamante puro. Seus olhos praticamente se transformaram em cifrões. – Posso ajudar a encontrar alguma coisa? Talvez um presente para a esposa? Ou namorada? – ela acrescentou, deixando escapar um flerte insinuado na voz.

– Não, obrigado – respondi, de repente me sentindo ridículo por estar ali. – Estou apenas olhando.

– Bom, se mudar de ideia é só me chamar – ela disse, piscando o olho antes de se virar e voltar para trás do balcão. Observei enquanto ela se afastava e me arrependi imediatamente por não ter nem tentado conseguir seu telefone. Merda. Eu não era um total cafajeste, mas uma linda mulher numa loja de lingerie tinha acabado de flertar comigo e nem me ocorreu flertar de volta. Deus. O que havia de errado comigo?

Eu estava prestes a ir embora quando algo chamou minha atenção. Passei os dedos por uma cinta-liga de renda preta pendurada numa prateleira. Nunca tinha percebido que as mulheres realmente usam essas coisas, até começar a trabalhar com ela. Lembrei de uma reunião em nosso primeiro mês trabalhando juntos. Ela cruzou as pernas debaixo da mesa e sua saia levantou um pouco, revelando a delicada alça que prendia a meia. Foi a primeira vez que percebi seu gosto por lingerie, mas não foi a primeira vez que precisei passar o almoço trancado na minha sala, batendo uma e pensando nela.

Cretino Irresistível - Imagine Itachi UchihaOnde histórias criam vida. Descubra agora