Me apressei em sentar ao seu lado no sofá, Charlotty cobriu suas pernas com a manta esverdeada que decorava as costas do sofá, e deixou que o filme continuasse de onde parou. Meus olhos corriam da tela para a fêmea que se encolhia como se o mundo estivesse desabando sobre suas costas, meu coração apertou. Era doloroso saber que ela estava sangrando, e com dor, sensível ao ponto de tentar se transformar em algo invisível. As fêmeas eram muito fortes, principalmente as humanas, tão frágeis em sua constituição e ao mesmo tempo resistindo a tantas dores que seria impossível lista-las. Sem saber o que fazer, e percebendo que ela já estava aquecida o suficiente, eu respirei profundamente os sinais que ela me enviava, decidi que, se ela estava passando por isso mesmo sob a fragilidade, eu poderia passar com ela de alguma forma.
— Já volto. — Lotty se quer olhou para mim antes de assentir devagar, me erguendo, segui para a cozinha e comecei a preparar chocolate quente. Não era algo digno do Trey, mas torcia para que ficasse ao menos... Comestível. O que por si já era uma grande façanha para um macho que mal conseguia manter os olhos focados em suas próprias mãos.
O costume de ver Charlotty sempre revidando e me tentando, jogando seu jogos cruéis com meu limite duvidoso, exigindo que o controle seja parcial. Nunca tinha perdido o controle até ela aparecer, a mulher de pele escura como o delicioso e perfumado líquido em minhas mãos era, sem sombra de dúvidas, minha perdição e salvação. Talvez, essa fosse a receita perfeita para o amor, e se me perguntasse como se sobre isso, pediria que me colocassem naquelas máquinas do coração, e que percebesse como aquele órgão enlouquecia dentro do meu peito com o desejo de amá-la. Agora, o instinto protetor estava gritando dentro de mim, vibrando cada parte do meu ser para voltar àquele sofá, e era exatamente isso o que estava fazendo. Adicionei marshmallows sobre o líquido aquecido, mesmo que do lado de fora da casa esteja quente, acredito que ela irá saborear, afinal não é apenas questão de se aquecer ou não, é o suave prazer do sabor, segundo Trey.
— Sei que não está frio, mas acho que pode querer um pouco... — estendi a xícara amarela em sua direção, seus olhos castanhos se arregalaram ao ver e logo um sorriso surgiu em seus lábios carnudos.
— Ah, Light. É exatamente o que eu precisava agora. — pegando a xícara, ela começou a bebericar enquanto suspirava, chocolate fazia bem para ela, precisava lembrar de manter sua dispensa abastecida, afinal não quero ver Charlotty ficar chateada ou triste com a falta disso. — Você é tão bom pra mim...
E então, começou a chorar. Pisquei algumas vezes para tentar absorver a mudança da mulher de quem eu tinha me afastado para dar espaço ao seu trabalho, para que estava encontrando agora. Partes pequenas de uma mesma pessoa maravilhosa. Sentei ao seu lado no sofá e lhe estendi os braços, o silêncio pairou entre nós por alguns segundos, deixei que o Furacão Lotty decidisse o que fazer, espaço e escolha era tudo o que eu poderia oferecer para ela nesse momento, mas, se ela realmente quiser, posso muito bem oferecer carinho e conforto também. Nossos olhares se encontraram por uma fração de minutos quase eterna, e eu quase, quase desisti de esperar. Como se resistir fosse impossível - e para mim de fato era -, ela se inclinou em minha direção e deixou que meus braços se fechassem em torno dela. Seu calor se fundiu ao meu, os dedos calejados desciam e subiam por sua pele macia... Os machos estavam certos, nada se comparava com a suavidade da pele de nossas companheiras, era como estar tocando o paraíso prometido. Sem querer, me peguei ronronando com a sensação, e ela parou de chorar.
— Você pode desabafar, Minha Lotty, estou aqui para você, sempre irei estar. — sussurrei em seu ouvido, ela se aninhou mais a mim e eu sorri sutilmente com o movimento.
— Obrigada... Eu precisava... Eu... Ah Light, tive uma notícia tão triste hoje, tentei me manter ocupada da melhor forma possível, mas odeio ser impotente diante de algo. As pessoas me procuram porque sabem que posso ajudá-las, mas como farei isso se sinto minhas mãos atadas?... Eu... Eu só queria ser mais forte do que isso. — sabia que era uma insegurança mentirosa, Charlotty era brilhante, poderosa e inestimável, como ela podia pensar assim sobre si mesmo? Era a mulher mais forte que conheci, ao menos não era a minha irmã.
— Não, minha fêmea, você é mais forte do que pensa, mas forte do que muitos jamais serão. Se tem uma coisa que minha irmã Ella me ensinou, é que podemos achar que estamos de mãos atadas em um momento de dor e angústia, mas sempre há uma saída. Sempre. — beijando o topo de sua testa, a apertei mais firmemente contra mim, permitindo que o meu próprio corpo desse a ela o que precisa. — Descanse um pouco, irei levá-la para a cama. Venha.
— Espere o que está... — rapidamente ergui seu corpo contra o meu, meu animal eriçado que estava segurando nos braços seu completo universo e divindade. — Me ponha no chão Light, você não consegue... Você..
— Está me chamando de fraco? — meu rosto se moldou em uma expressão dolorosa. Eu sou forte o suficiente para carregar minha fêmea, porque ela acha que não?
— Não, eu apenas... Não quero que se machuque. — sua voz perdeu um pouco da força quando nossos olhares se chocaram um contra o outro, a intensidade brilhando atravéz deles. Sim minha Lotty, você é minha, e eu sou um macho forte o suficiente para lhe carregar se for necessário.
— Estou bem, Minha Fêmea, agora me deixe mostrar que sou um bom macho, forte e digno de você. Me deixe mostrar o quanto te amo e te respeito. Quero cuidar de você, Lotty.
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Light - Novas Espécies [L10]
FanfictionGentil, centrado e doce. Light é o desenho de macho perfeito, evita encrencas e sempre que percebe a hora de parar não fica insistindo em uma porta que não abre. É um espécie que está o tempo inteiro buscando conhecimento para se sentir útil, não se...