Capítulo 12

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Poucos dias tinham se passado desde a visita a casa de Ella, eu estava de alguma forma me acostumando com tudo isso. Saber que não estava sozinho... Poucas pessoas tinham essa sorte que eu possuía, naquele momento eu soube que era o macho mais feliz do mundo, eu tinha uma família muito além dos meus irmãos Espécies. Precisei dar um tempo a Charlotty por inúmeros motivos, um deles era que, segundo Justice ela tinha recebido uma ligação estranha e não queria ser incomodada. As chamadas interceptadas foram preocupantes e, mesmo que eu tivesse a melhor das intenções era necessário supervisionar algumas construções junto a Lucca. Na maioria das vezes eu suspeitava que só estavam tentando me manter ocupado para não causar problemas.

Não era um macho que impunha minhas vontades, Lotty tinha toda a sua liberdade e eu gostava de preservar isso, estava sim muito aflito sobre o conteúdo das informações que voavam pelo lugar mas tinha que acreditar que, Justice jamais deixaria que algo de ruim acontecesse com minha fêmea e me manteria longe. Todas as vezes que eu passava por perto de sua casa, por onde era o caminho mais longo para o meu trabalho e eu não me importava nem um pouco com isso, fazia questão de olhar cada detalhe, os machos que faziam sua guarda sempre ficavam afastados o suficiente para não demonstrar interesse e talvez, apenas talvez uma breve explosão no dormitório masculino tivesse ocasionado isso.

Charlotty era o assunto do momento, os machos não acasalados estavam eufóricos e desejavam se aproximar dela, eu me lembro perfeitamente de ter dado dois avisos em um espaço de tempo relativamente curto. No entanto na terceira insinuação a minha fêmea acabei jogando um macho sobre a ilha da área comum, quebrando com facilidade o mármore branco que a recobria e todo o revestimento de madeira pesada. O cano da pia que ficava ali estourou e o local começou a ficar um caos. Por ser relativamente calmo minha atitude os deixou surpresos, em nenhum momento modifiquei meu semblante ou alterei o tom de voz mas aquilo tinha dado um bom recado.

Esse dia em especial eu estava com três botões de rosas amarelas nas mãos, Rory tinha dito a Gross que eram as favoritas de Lotty e eu queria ao menos lhe dar esse presente, mostrar que me importo de alguma forma. Segundo Justice ela estaria menos atarefada hoje, mesmo eu imaginando que ela não largaria suas obrigações por um segundo de descanso. Ela aparentava ser uma pessoa muito centrada e objetiva. O caminho para casa dela eu tentei não pensar em como queria aquela fêmea sob mim, no melhor sentido dessa frase. Lucca tinha ensinado muitos duplos sentidos de algumas frases que humanos gostavam de usar. Por algumas vezes eu ficava irritado, quase não era capaz de compreender a utilidade de tantos significados para uma só coisa.

  
Quem estava a frente da casa de Charlotty era Snow o macho acenou para mim da pequena mureta que cercava a varanda da casa, retribui o aceno e me aproximei com passos largos. Assim que subi na varanda ele me cumprimentou com um aperto de mão e se afastou, dizendo que iria comer alguma coisa no refeitório. O observei partir enquanto tomava coragem para bater na porta, esperava que ela não estivesse atarefada demais, nem dormindo, eu odiaria atrapalhar o seu sono dessa forma. Por fim, dei o último passo restante e ergui a mão para bater quando a porta se abriu de repente.

  — Snow eu... Light? – pisquei algumas vezes enquanto encarava a bela fêmea, ela estava com um short curto que deixava suas coxas grossas a mostra, e sobre ele uma grande camisa vermelha que fazia seus seios parecerem maiores. — Eu não sabia que você estava aí.

  — Acabei de chegar. Bom, eu trouxe essas flores para você, espero que goste. – lhe dei o meu melhor sorriso e estendi as rosas a frente para que ela visse. O sorriso que recbi em resposta fez meu coração disparar de imediato.

  — Elas são lindas, Light. Obrigada, eu amo rosas amarelas. – Charlotte parecia diferente, ela estava mais doce? Estreitei os olhos em sua direção e me inclinei um pouco mais para o seu cheiro, foi quando me dei conta do período que ela estava passando. Charlotte sangrava. – Você quer entrar?

Eu deveria dizer que não, deixá-la em paz, mas não consegui. Assenti e ela me levou para dentro. Sobre o grande sofá tinha uma coberta e travesseiros, a televisão estava com um filme em pausa, Um Homem de Sorte, e sobre a bancada da ilha estava um prato com chocolate derretido, marshmallows e um pacote de batatas fritas. Os outros machos deveriam saber o que fazer em momentos como esse, mas eu não fazia ideia. Enquanto olhava ao redor ela colocava as flores em um pequeno vaso com água e o levava para cima.

  — Eu já volto. Só vou por no quarto. – assenti, enquanto ela subia eu me tranquei no banheiro de baixo e disquei o numero de Lucca.

  — Light, como você está? – perguntou ele animado, passei a mão pelos cabelos negros rebeldes e me encostei no Box do banheiro

  — Bem, mas Charlotte está sangrando e eu não sei o que fazer. – minha voz estava quase em um tom de Pânico, não queria fazer algo errado, precisava conquista-la, um erro agora poderia a afastar.

  — Sangrando? Ela se machucou? Leve-a para o hospital, Light! Trisha vai saber cuidar dela. – ela não estava machucada, como eles chamado isso mesmo? ...

  — Não, ela não está machucada. É aqueles dias de fêmea. – ele Suspirou do outro lado da linha. – Alguém precisa concerta-la. Ela está sendo gentil, Charlotte não é gentil!

  — Deus. Olha, se acalma. As mulheres ficam assim, tem horas que estão mais agressivas, outras que estão mais sensíveis. Acredite isso muda rapidamente em questão de minutos. – Murmurou. – Fique aí com ela, o que ela pedir pra fazer, faça. Não questione, não comente... E se ela tentar te jogar um prato na cabeça... Bom, corra.

  — Porque ela tentaria jogar um prato na minha cabeça? – confusão tomou minha mente naquele momento, mas achava que poderia fazer isso.

  — Por quê não? – era um bom ponto. – Bom, boa sorte. Eu vou terminar minhas coisas aqui. Até mais.

  — Até. – desliguei o celular e sai do banheiro encontrando Charlotte pondo a comida sobre a mesa de centro a frente do sofá. – Quer que eu te faça companhia?

  — Não se importa em ver chorar por causa de um filme estupido? – com um grande sorriso nos lábios eu neguei em um movimento sutil de cabeça.

  — Nem um pouco. –

Light - Novas Espécies [L10]Onde histórias criam vida. Descubra agora