Capítulo 1

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Depois de enviar os arquivos para Rory, eu precisei mudar de cidade novamente. Wellington era um bom lugar para morar, na verdade eu sempre amei a Nova Zelândia, minha terra natal. Mas depois de andar fuçando onde não devia peguei o primeiro vôo para a Califórnia, EUA. Eu iria ver se Rory estava bem, não queria que o bastardo do Carlos colocasse a mão na menina de cabelos cor de rosa. Foram algumas horas de avião até descer no aeroporto internacional de Los Angeles, minha primeira parada para encontrar meu informante colombiano. Mais uma hora de carro até a pariferia de Hollywood e por fim estava na sua porta, batendo como se fosse a polícia. Tive que me afastar da delegacia depois de agredir dois suspeitos no interrogatório, odiava que me fizessem de idiota, e eles estavam brincando com minha cara. Por esse motivo juntei o útil ao agradável e comecei a trabalhar para mim, minha vida, minhas regras. Os cinco anos que passei na polícia me vieram muito bem a calhar, tinha diversos informantes sobre qualquer coisa que rondasse o país e fora dele.

— Charlotte! Você está viva e tão linda quanto eu me lembrava. – sorri lateralmente para o homem com cinco centímetros a mais do que eu, Frey me deu espaço para entrar, o fiz.

Sua casa era maior do que parecia porque tudo de interessante e sofisticado ficava abaixo do chão. Por cima era só um lugar de malandro, se qualquer policial olhasse julgaria ser um ponto de fumo, mas não. Frey não trabalhava com drogas, apenas armas e informações privilegiadas. Cada traficante tinha seu ponto de comércio e eles faziam listas do que cada um podia ou não vender, assim evitavam as guerras de gangues do lugar. O chefe que monitorava as quatro gangues, incluindo a de Frey, Se chamava Doryan De Luca, um italiano com dinheiro e influencia suficiente para sumir com metade de uma cidade sem deixar rastros. Assustador para os traficantes, ninguém ousava se quer falar seu nome nas ruas, quem dirá contraria-lo. A ideia das casas subterrâneas foi totalmente dele, ele que construiu e deu a cada gangue a sua.

Descemos as escadas em direção a sua casa, o primeiro ambiente era uma sala ampla com cinco mesas de bilhar repletas de armas pesadas, nas paredes brancas tinham cartuchos, pentes e armas de pequeno porte, bem iluminadas por luzes de LED. A passarela entre sua fonte de lucro dava para uma sala de jantar sofisticada, tinha uma iluminação amarelada, rústica, a mesa de vidro escuro espelhava as luzes do lustre de cristal sobre ela. E por fim uma sala de cinema onde ele assistia seus jogos, constituída de um sofá integrado a parede e ao chão, que ia até a metade da sala como uma enorme cama vinho, algumas mesas nas laterais contendo algumas latas de cerveja vazia e a grande tela. Desviando para a esquerda era o seu santuário, um escritório onde ele guardava sua coleção antiga de armas militares de quase todos os países que já visitou. Frey correu pela sala e deslizou exageradamente devagar em sua cadeira de couro por trás da mesa de carvalho branco, acendeu um charuto e se reclinou apontando uma das poltronas marrons em sua frente para que eu pudesse me sentar, o fiz.

— O que a trás até mim? – retirei meu casaco colocando-o sobre as castas da poltrona, cruzei as pernas e esperei até me sentir a vontade.

— Eu te pedi um favor e fiz um favor para você. Estamos quites. – lhe entreguei o envelope com as informações que prometi em troca da sujeira de Carlos.

— Você é incrível. Eu casaria com você, se eu fosse hétero, é claro. Pode chorar por isso, querida, é a dura realidade para você. – sorri da sua piada tenra.

— É, eu sou terrivelmente azarada. Bom, conseguir isso para você me custou mais do que eu imaginava. Tive que sair da Nova Zelândia por um tempo. – ele assentiu, provavelmente já sabia que isso iria acontecer.

— Na verdade as coisas aqui não andaram muito bem também. Descobriram que eu estava fuçando os podres de Carlos. Não sei como descobriram sobre a advogada que trabalha para os espécies... Eles foram atrás dela. – o sangue subiu a minha cabeça com aquilo.

— Como assim eles foram atrás dela, Frey?! Porque não me falou isso antes? – rapidamente estava de pé, e se eles tivessem machucado Rory?! Malditos!

— Eu tentei, mas seu celular recusava minhas ligações. Minhas fontes me disseram que foi uma confusão no tribunal, mas que um foi morto e os outros dois presos. Quanto a advogada, eu não sei de nada. Não tenho informações dentro de Homeland, e Doryan nos proibiu de meter o nariz por ali. – respirei fundo tentando me acalmar.

— Eu preciso de um carro. – resmunguei. Já começava a arquitetar um plano para fuder com a vida de qualquer um que tenha a machucado.

— Não sou eu quem fornece essas coisas, mas tenho alguns na garagem da antiga tinturaria. Pegue o que quiser, será meu presente de desculpas por não ter conseguido proteger sua amiga. Você foi bem clara quanto a isso. – ele se levantou e estendeu a mão para que eu seguisse até a porta.

Hoje mesmo eu ponho Homeland a baixo se algo aconteceu com Rory, e eles não foram capazes de protegê-la. Ela não deveria ter saído, esse era o acordo com Jessie, manter ela em segurança.

Light - Novas Espécies [L10]Onde histórias criam vida. Descubra agora