Você não está doente (11)

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- isso, agora se abram em roda, por favor - Asahi pediu, ao seu lado estava Nishinoya e do outro Ukai, Nishinoya segurava a mão de Asahi e de Kageyama, enquanto o moreno segurava a mão de Hinata que segurava a mão de Yachi que segurava a de Shimizu, os outros vinham aos poucos.

Tinham decidido se reunirem para conversarem sobre o que estavam achando do acampamento, sobre os seus medos, sonhos, expectativas, sobre o que ocorria em casa e o motivo de estarem ali.

- prontinho, podem se sentar - o mais velho informou já sentando na areia, alguns tinham lenços abaixo de si para não se sujarem, outros já falaram "foda-se" e se jogaram na areia úmida - quando vocês quiserem.

- é para falar qualquer coisa, certo? - Keiji questionou com uma mão levantada na altura de sua cabeça.

- basicamente - sorriu - é qualquer coisa sobre si mesmo, quem quer ser o primeiro? - e o silêncio se estabeleceu, cada um pensando seriamente se aquilo tinha sido mesmo uma boa ideia.

- okay - Kenma suspirou se apoiando em Kuroo para poder se levantar.

- gatinho? - os seus olhos brilharam ao ver o garoto tomar coragem.

- olá, eu sou kenma kozume, eu tenho vinte anos e estou aqui por ser um garoto trans, a minha mãe acha que é uma doença e que a cura é muito difícil, bem, eu me odeio. E muito, mas, eu já me odiei mais do que atualmente, agora eu até que me aceito, eu estou fazendo tratamento com o Kuroo - apontou para o moreno ao seu lado que o encarava todo bobo - a parte que eu mais odiava, eram os meus seios, é como se eles não devessem estar ali, e realmente eles não deveriam, e eu odiava isso, mas agora eu estou mais para um "nossa, homem com tetas" - fez graça retirando um risinho dos outros - não é algo que eu surte tanto mais, antes tudo o que eu mais queria era passar a faca ali e arrancar fora, agora eu estou aprendendo a conviver com isso, a conviver comigo, obrigado - se curvou em respeito antes de se sentar novamente.

- que amorzinho - Kuroo pulou nele o abraçando e o enchendo de beijinhos no rosto.

- muito obrigado kenma, quem mais?

- eu posso? - Yachi questionou baixinho.

- por favor - a garota se colocou de pé com a cabeça meio baixa segurando a barra de sua blusa.

- oi gente, eu sou Yachi Hitoka, acho que sou uma das mais novas daqui já que tenho dezesse, bem.. a Shimizu é quem está me ajudando com o meu problema já que eu não consigo falar com nenhum dos psicólogos, o motivo disso é algo até meio besta, mas é que..eu tenho medo. Eu sei que não estão aqui para me machucar nem nada disso, mas, é como se a minha mente não concordasse totalmente com isso, eu falo tudo o que aconteceu para a Shimizu e ela repassa para Tsukishima, eu fui abusada até um tempo atrás e ainda não consegui superar isto, eu sei que a culpa não foi minha, mas eu ainda sinto nojo, e muito, eu tenho muito nojo de mim - sorriu tentando segurar as lágrimas nos olhos - mas eu vou superar, eu já até mesmo consegui conversar com um garoto hoje - olhou para Shoyo que estava ao seu lado segurando o choro, Nishinoya, kageyama e Shimizu não poderiam estar mais orgulhosos - e eu estou melhor, muito melhor mesmo, obrigada - e tornou a se sentar sendo abraçada pela morena.

- muito obrigado Yachi - Ukai os agradeciam pela coragem que estavam tendo para contarem.

- hellou - se colocou em pé com um grande sorriso no rosto enchugando o restante de suas lágrimas pelo desabafo anterior ao seu - eu sou Oikawa Tooru, tenho dezenove anos e eu sou obcecado pela minha aparência, é como se a todo momento eu tivesse uma arma e uma câmera apontados para mim para que eu não pare de sorrir, eu faço isso porque eu não quero que ninguém se preocupe - o seu sorriso sumia aos poucos até que tudo o que o sobrasse fosse a face seria qual não tinham visto até o momento - eu não fui em nenhum dos psicólogos ainda por medo, por simples medo de me julgarem, eu sei que não estão aqui para isto, mas a minha mente não aceita isso, a minha âncora aqui está sendo o Iwa-chan, já que eu já o conhecia e me sinto mais a vontade perto dele. Eu tenho a merda de uma disforia alimentar, e eu não consigo controlar isso, tem dias que só de eu sentir o cheiro de comida eu sinto vontade de vomitar, mas vejam pelo lado bom, desde que eu cheguei aqui, eu não passei mais de dois dias sem comer, até porque, agora eu tenho uma sombra que fica vinte e quatro horas atrás de mim enfiando comidas pequenas na minha boca, então eu acho que eu estou melhor, bem melhor do que lá fora, obrigado - e voltou a se sentar

You are not sickOnde histórias criam vida. Descubra agora