You are not sick

você não está doente (21)

- o quê? - Nishinoya estava totalmente em choque com tudo o que o ruivo falava para si até aquele momento.

- é exatamente isso - os seus olhos estavam cheios de lágrimas - eu sei que eu não estou te fazendo bem, que você está adoecendo comigo ao seu lado, que está se afastando, e eu estou feliz por você estar longe porquê assim eu não posso te contaminar, eu só queria deixar claro, eu não estou bravo, eu estou feliz, você está melhor, muito melhor do que quando estava comigo - sorria sentido para o melhor amigo - eu realmente amo você, e é justamente por isso que eu não posso mais continuar te prendendo, o Asahi está fazendo bem para você, e eu quero que você fique bem, mesmo que eu não possa acompanhar isso de perto..

- Shou.. - ele se levantou da cama de Asahi onde estava se aproximando do maior, tentou segurar a sua mão mas ele o afastou.

- não torne isso mais difícil do que já é. Eu te quero bem, mesmo que seja longe de mim, e é justamente por amar você que eu quero que você pare, eu quero que viva, que viva sem que eu esteja te empedindo, eu não quero te manter parado Nishi.. me desculpa - não conseguiu conter mais as lágrimas cobrindo a boca para não soluçar alto - eu te quero bem, porque eu te amo. - se curvou e em seguida saiu do quarto deixando o outro ainda confuso encarando a porta fechada.

- ei, SHOYO! - gritou quando finalmente processou o que estava acontecendo, ele planejava simplesmente o ignorar? Parar de falar consigo? Como assim? Estavam juntos a tanto tempo, a tantos anos, como assim ele simplesmente queria acabar com tudo de uma hora para a outra? O seguiu correndo pelo andar de cima até parar na porta do quarto que dividiam - ei, abre essa porta - bateu nela, os seus socos eram meio abafados por causa das luvas - abre!

- não, eu preciso de um tempo. - ouviu a voz chorosa do melhor amigo, sabia que ele estaria encolhido, com a cabeça no meio dos joelhos e com as mãos nos ouvidos no cantinho mais escuro do quarto, provavelmente ao lado da cama.

- porra.. - se estressou com as luvas que não o deixavam fazer barulho, também se estressou com o melhor amigo que resolveu ir embora sem o explicar o motivo, se estressou com a casa por ser muito grande e com Asahi por não estar ali. Arrancou uma das luvas de sua mão para poder bater com ela aberta na porta, o quê de tão ruim poderia acontecer além de um grande ardor em sua palma? - abre logo Shou, vamos conversar, eu não quero você longe.

- eu preciso ficar longe..

- e você ao menos planeja me explicar o motivo? - escutou apenas o silêncio e o fungar baixinho do garoto, a última vez que aquilo aconteceu, que o deixou ficar sozinho naquela situação.. teve que correr com ele para o hospital.. teve que arrombar uma porta de metal.. teve que passar a noite em uma cadeira da sala de emergência.. teve que o ver sangrar até quase morrer..

Não repetiria o mesmo erro novamente.

Nunca mais.

- eu vou arrombar essa porta se você não abrir, eu te dou cinco segundos - apoiou a sua mão na madeira fria junto a sua testa - cinco.. quatro.. - torcia para que ele respondesse alguma coisa - três.. - ele não disse nada - dois.. Shou, por favor - o seu coração estava acelerado e a sua mente a milhão, com todo o desespero que tinha em seu peito socou a madeira, pensou que machucaria a sua mão, pensou que se arrependeria, mas não.

Tudo o que sentiu foi um vento forte em seu braço e viu a porta voar longe sendo partida em dois, viu o ruivo que realmente estava no cantinho, apenas via os seus olhos brilhando pelas lágrimas e levemente ainda mais abertos e assustados, porra, o que estava acontecendo?

Olhou para as suas próprias mãos, elas tremiam de nervosismo, a sua mente estava em branco de puro medo, medo de si mesmo, medo por não saber o que estava acontecendo. Encarou novamente o ruivo que abriu os braços em sua direção, ele estava claramente assustado, mas não o abandonaria naquela situação, não quando o via tão perdido e apavorado em sua frente.