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Meus passos eram apressados. A cada passo, meus olhos vagavam ao meu redor, tendo a certeza de que ninguém havia me visto. 

- Wandinha! – Ouço o berro de Enid me chamando de longe. Fiz sinal com a cabeça para que Mãozinha fizesse o que foi combinado, fazendo-o se retirar discretamente. – Bom dia!

- Que animação toda é essa logo cedo?

- Hoje começa a Copa Poe desse ano! Espero que não tenha se esquecido que ano passado ganhamos. – Enid estava animada, mais do que o normal. – Você irá participar conosco, não vai? Não pode nos deixar na mão.

- Já ganhamos uma vez, não há necessidade de mostrar novamente quem são os campeões. – Tive que levantar um pouco do meu ego.

- Eu sei! Mas seria legal manter a taça conosco, não é? E eu soube que Sarah participará de outro time. – Enid levantou as sobrancelhas, como se esperasse que eu ficasse irritada.

- O QUE? – Levantei meu tom de voz sem perceber. – E por que ela faria isso?

- Para ver você perder, talvez? – Enid estava se divertindo com tudo isso. – E querendo ou não, é ela quem decide em qual grupo ficar, não é?

Olhei para Enid seriamente. Tio Chico havia dito para me tornar amiga dela, mas se ela ficar sempre indo contra mim, o que eu poderei fazer?

- Vai falar com ela? – Enid me olhava de canto, sorrindo.

Olhei em volta, pensativa. Muitos outros alunos estavam montando seus barcos, assim como no ano passado. Não era de se imaginar que usaríamos o mesmo modelo de arte para nosso barco. Eu teria que me vestir novamente de gato, e isso não me agradava nem um pouco.

- E por que eu falaria com ela?

- Porque não parece que você gostou muito que ela está em outro time. – Enid riu. – Sabe Wandinha, acho que no fundo você gosta dela. Seriam boas amigas. – Enid se retirou após falar isso. Não há como ser amiga de alguém que parece estar armando para cima de mim.

Mãozinha não conseguirá nos ajudar nessa Copa Poe como da última vez. Tenho outros planos para ele.

- Addams? – Ouço uma voz vinda por de trás.

- O que você quer? – Questiono diante Bianca.

- Sabe que agora estaremos bem mais preparados do que a última vez. – Seu tom de voz era esnobe. – Nada irá nos deter dessa vez. Não pense que só porque nos aproximamos um pouco, que irei pegar leve com você.

Não digo nada, apenas me retiro, seguindo passos apressados para o quarto.

Adentro o quarto, procurando por Mãozinha.

- Mãozinha! Mãozinha!!

- Ele não está.

Viro em direção ao canto do quarto, de onde a voz vem. Ignoro-a, continuando a busca por ele. Olhei pela cama, pelo armário.

- Eu já falei, ele não está.

- E por que eu deveria acreditar em você?

Ela se levanta da cama, caminhando em minha direção.

- Por que se não, ele já teria aparecido no momento em que você adentrou aquela porta gritando como se o mundo estivesse acabando. – Ela fica próxima a mim, me encarando da mesma maneira de sempre, com esses olhos que me incomodavam de todas as formas.

Quebro a encarada, olhando em volta. Para onde Mãozinha poderia ter ido? Nosso plano não era esse.

O quarto ficou em silêncio por um tempo. Sem palavras, sem sons. Apenas uma pausa silenciosa, onde o tempo parecia hesitar. Hesito uma vez, duas vezes, mas finalmente pergunto, jogando apressadamente as palavras no ar, como se elas saíssem com pressa de minha boca.

Vitus Shaitt - WandinhaOnde histórias criam vida. Descubra agora