XI

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Cinco dias se passam voando. Cinco noites em que não durmo direito. Cinco dias de trabalho árduo para reestabelecer a estrutura da escola. Cinco dias de coma de Xavier.

- Pare de viver somente na contagem dos dias, Wandinha.

Olho para tio Chico, que estava sentado sobre sua mesa, o livro dos Ghringör estava em nossa frente. Mãozinha faz alguns sinais, mas não o compreendo.

- Wandinha, pela trigésima vez, você não tem culpa. – Tio Chico traduzia os sinais de Mãozinha.

- Acabou Tio. – Olho para ele sobre o ombro. – Gregório talvez encontre Sarah, talvez a sacrifique, ganhando assim mais um ano para poder fazer as coisas livremente. Consequentemente, ele poderá ter mais filhos para servir de sacrifício, podendo viver até eternamente.

- Bom, isso é verdade. – Tio Chico pronuncia seriamente. - Mas não se vocês fizerem algo. 

O encaro. Enid estava sentada entre a porta e a mesa, cabisbaixa.

- Vocês duas tem três opções. – Ele se levanta e abre o livro, posicionando-o a nossa frente. A foto da família Ghringör a nossa frente. – Mas terão que escolher com cautela.

Encaro Enid, ela levanta a cabeça em minha direção, demorando um pouco para afirmar sua resposta. Afirmo para Tio Chico.

- Primeiro, vocês podem esquecer da existência deles, e viver suas vidas normalmente, até que algo ou outra geração volte a causar problemas por conta dos Ghringör. – Ele vira algumas páginas do livro. – O que eu sei, que essa é uma última escolha. Segundo, vocês podem procurar essa tal Pandora, já que Sarah comentou que talvez estivesse na escola, entregando-a para os irmãos e finalizando com isso de uma vez.

- Seria uma boa opção, já que os irmãos e Gregório estão talvez bem longe daqui, temos tempo para achar. – Enid diz, voltando a ficar mais ansiosa.

- Ainda não acabei. – Tio Chico termina de virar o livro. Ele aponta para uma foto, um santuário. – Wandinha, sei que nesses últimos dias vocês já tentaram achar eles pelas redondezas e pela cidade, mas sem nenhum sinal, correto? – Afirmo. – Então, terceira e última opção, vocês vão além, além da procura que já fizeram. Vão e os encontrem, antes do sacrifício de Sarah. Ela ainda tem tempo.

- Está decidido. – Enid sorri. – Vamos em busca deles.

- Essa noite é lua cheia, está ciente disso, não está, Enid?

- Estou.

- Ótimo, sei que não consegue se transformar muito bem ainda, e isso não será necessário, apenas precisamos do seu olfato.

Enid confirmava que seu olfato ficava mais forte em momentos de lua cheia.

- Não. – Digo em tom alto e claro.

- Como?

- Stefan está certo. Não dou valor para as pessoas que me defendem, e parece que sempre estou precisando que alguém me proteja. Irei em busca deles sozinha. Tenho a visão, ela irá me ajudar. – Digo confiante. – Enid, Mãozinha e Eugênio poderão procurar Pandora pela escola.

- Não deixaremos você ir sozinha, Wandinha. – Enid se para em minha frente. – Você estará em perigo se-

- Já lutei contra Gregório uma vez, conheço os movimentos deles, caso algo venha a acontecer. E outra, alguém precisa tomar conta de Eliza, ela provavelmente ficará em nossa cola.

Ficamos um tempo em silêncio. Observo direito o santuário da foto, nunca o havia visto por essas redondezas.

- Acredita que isso fique por aqui? – Aponto para a foto.

Vitus Shaitt - WandinhaOnde histórias criam vida. Descubra agora