Já era tarde e o som da mata ecoava por toda pequena cidade. Castiel era o anjo responsável por cuidar de Kelly Kline durante sua gestação e quando a mulher deu seus primeiros sinais de trabalho de parto, o anjo se encarregou de esconder a mulher o máximo possível. Levou-a até o que parecia um celeiro e a acompanhou até seu último segundo de vida, no momento que uma explosão de luz branca iluminou todo o cômodo pequeno se espalhando pelas frestas de madeira. No mesmo instante, Castiel viu que do lado oposto que estavam, também havia uma luz semelhante. Um pouco menos intensa, mas Castiel sabia o que poderia ser.
Depois da concepção de Jack, algo que poderia ser chamado de 'epidemia' se alastrou entre os anjos, fazendo-os se corromperem e com isso, alguns nephilins além de Kline haviam sido gerados. Filhos de dois anjos não precisavam serem carregados por nove meses, era imediato, e assim algumas explosões aconteciam frequentemente. Apesar da curiosidade, Castiel manteve-se focado em cuidar do único que importava: Jack Kline.
O anjo havia criado uma sequência de normas e regras a serem seguidas para evitar um possível apocalipse. Com a ausência dos Winchesters e de qualquer outro caçador, precisavam se manter vivos da maneira mais discreta possível, por isso quando Castiel viu a luz mais distante, ignorou e permaneceu preocupado com Jack. Mas o garoto de cabelos castanhos, olhos claros e olhar amedrontado também parecia estar curioso com a tal luz distante, pois não tirava os olhos da direção de onde aquilo havia surgido, embora já não estivese mais lá.
- Jack? – Castiel abaixou-se e se aproximou do garoto que estava nu e estendeu seu sobretudo por cima de seu corpo.
O garoto não disse nada, mas deu um sorriso amigável ao se levantar e fechar todos os botões da roupa.
- Parece um vestido... – Kline esticou os braços e viu que aparecia apenas as pontas dos seus dedos para fora da manga do sobretudo beje. – De velha... Mas ainda assim, um vestido.
Castiel deu um sorriso e dobrou as mangas da roupa para que o garoto se sentisse confortável. Ele não fazia ideia de como ser algo parecido com pai, mas ainda assim , seu esforço fazia tal ato ser intuitivo. Levou o garoto até o pequeno chalé ao lado do celeiro. Ali seria a casa dos dois, pelo tempo que fosse necessário para se protegerem. Existiam Nephilins por toda parte, e não pareciam confiáveis. Eles eram puros demais para descerem ao inferno, mas também eram pecadores suficientes para não subirem aos céus. Isso gerava confusões por onde esses serem passavam e a missão principal de Castiel era proteger Kline da maldade desses seres.
- Nossa... – Jack olhou ao redor para observar o cômodo. A estética dos anos 80 predominava no local. Jack estava encantado, descobria o tato quando tocava nos objetos e descobriu o brilho no olhar quando viu uma câmera polaroid em cima da estante.
- Pode ficar para você, se quiser... – Castiel sorriu enquanto abria uma caixa de cereal para o garoto. Despejou um pouco de leite em uma tigela e o entregou. – Acho que precisa de filme, mas é bom para guardar memórias.
Jack comia caminhando pela casa, segurando uma tigela bege e mastigando desesperadamente observado coisas que para pessoas comuns não seriam nada interessante. O garoto olhou para o sobretudo que vestia, desabotoou e soltou em seu corpo. Quando Castiel virou em direção ao garoto, tapou os olhos e correu até o quarto para buscar uma calça e uma blusa para dá-lo.
- Regra número um: não pode tirar a roupa quando bem entender.
- Por que? – Jack tombou a cabeça.
O anjo pensou em inúmeras maneiras de explicá-lo o quanto isso era errado, mas seria em vão. Jack ainda não entenderia, então Castiel sorriu e entregou uma blusa com estampa do scooby e uma calça bege.
- Só não faz de novo...
- Tudo bem... – Jack sorriu gentil enquanto vestia-se desajeitado.
Castiel avisou ao garoto de que precisava sair. Prometeu não demorar e pediu a Jack para que não saísse de casa em hipótese alguma. Assim o garoto fez. Em poucas horas depois de seu nascimento, Kline estava em completo tédio, encolhido no canto do cômodo esperando seu "pai adotivo" voltar. Mas nem sempre é necessário buscarmos confusão. Muita das vezes, ela vêm até nós.
De onde vinha a outra luz:
Uma luz mais intensa chamou a atenção da Nephilim. Ao contrário de Jack, os outros não tinham um tutor responsável e por isso acabavam se perdendo, se tornando seres maldosos. Muitos não tinham nome, e o ser de feição feminina, cabelos longos e ruivos com pele pálida era um deles.
O nephilm olhava em direção ao local de onde a luz surgiu há pouco. Sem ter noção do que era uma palavra, sem ter consciência da própria voz, a ruiva foi capaz de caminhar até o chalé onde Kline estava apenas por ter se guiado pela luz. Nephilins eram inteligentes e se adaptavam facilmente à realidade.
A ruiva bateu na porta algumas vezes, e sentiu-se ignorada. Quando estava prestes a virar-se para partir, Kline abriu sutilmente a porta, colocando seu rosto para fora.
- Papai disse que eu não deveria a porta para ninguém... – Jack olhou para a ruiva que estava nua e tombou a cabeça. O garoto encostou a porta rapidamente e puxou o sobretudo que havia vestido há pouco tempo, entregando à garota quando abriu a porta. – E disse que não é legal ficar sem roupa.
A ruiva vestiu o sobretudo e seus dedos também não apareciam por completpo pela manga da roupa. A nephilim olhava cada detalhe da vestimenta, olhava para Jack, e não expressava nenhuma emoção além de desconfiança, mas um pequeno sorriso se fez em seu rosto quando Jack saiu por completo do cômodo e parou-se em sua frente. Os dois se olhavam curiosos, Kline passava a mão pelo cabelo da ruiva e e a garota o encarava no fundo de seus olhos.
- Acho que meu pai vai me matar quando chegar e me ver aqui fora... – Kline sorriu. – Mas tudo bem, você não parece querer me fazer mal.
A garota olhou para Jack e tocou na ponta do seu nariz dizendo:
- Eu acho que quando a gente quer fazer mal à alguém, o que menos queremos é parecer que fazemos isso... – A ruiva sorriu e tocou no ombro do garoto. – Mas não se preocupe. Eu não quero te fazer mal. Eu tô tão perdida quanto você.
Jack sorriu amigável e prosseguiu observando cada traço da garota. Jack estava encantado. A garota era bela, seu rosto meigo e gentil faziam com que Kline se encantasse a cada segundo. Tudo era novo, era como um primeiro dia de escola, porém no caso dos dois, a escola era a vida e era o primeiro dia deles também. A inocência pairava por ali e mesmo em silêncio, os dois se sentiam em paz.
- Você quer doce? - Jack abriu a porta passando por ela sem deixar que a garota desconhecida respondesse.
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Filhos da luz | Volume um - CONCLUÍDA- Aguardando revisão
FanfictionHouve um dia em que uma mulher se deitou com o diabo. Kelly kline daria à luz a um Nephilim. Enquanto Lúcifer estava trancado no inferno, algumas coisas saíram do controle fazendo a terra entrar em colapso e parte dos anjos se corromperem. No dia do...